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Mulheres no mundo do vinho: Pioneirismo e conquistas

RAQUEL POLETO FONSECA. O mundo do vinho, historicamente dominado por homens, tem visto, ao longo das últimas décadas, uma crescente e notável participação feminina.
Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin, a Grande Dame do Champagne

O mundo do vinho, historicamente dominado por homens, tem visto, ao longo das últimas décadas, uma crescente e notável participação feminina. Mulheres têm assumido papéis fundamentais como enólogas, sommelieres, empresárias e produtoras, trazendo novas perspectivas e contribuindo para a diversificação e a excelência dessa indústria. Suas histórias são marcadas por pioneirismo, superação e, acima de tudo, paixão pelo vinho.

Uma das pioneiras mais celebradas é Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin, a “Grande Dame do Champagne”. No século XIX, ela revolucionou a produção de champanhe e transformou a Veuve Clicquot em uma das marcas mais icônicas do mundo. Viúva aos 27 anos, Barbe-Nicole assumiu os negócios da família em uma época em que as mulheres raramente tinham voz no mundo dos negócios. Ela não apenas salvou a empresa da falência, mas também inovou ao desenvolver técnicas de remuage (processo de clarificação do champanhe) que são usadas até hoje. Sua determinação e visão empresarial abriram caminho para muitas outras mulheres.

No cenário contemporâneo, nomes como Jancis Robinson, uma das mais respeitadas críticas de vinho do mundo, destacam-se. Britânica e autora de diversos livros de referência, Jancis é conhecida por seu paladar apurado e sua capacidade de comunicar o universo do vinho de forma acessível e envolvente. Ela foi a primeira pessoa fora da indústria do vinho a se tornar Master of Wine, em 1984, e desde então tem sido uma voz influente, defendendo a diversidade e a qualidade dos vinhos ao redor do globo.

Jancis Robinson

Na enologia, Helen Turley, uma das mais influentes vinicultoras da Califórnia, é reconhecida por seu trabalho em vinícolas como Marcassin e Bryant Family Vineyard. Seus vinhos são aclamados pela complexidade e elegância, refletindo seu profundo conhecimento e sensibilidade. Helen é conhecida por seu estilo meticuloso e pela busca incansável pela perfeição, o que a levou a ser chamada de “a enóloga que colocou a Califórnia no mapa dos vinhos de classe mundial”.

Helen Turley

No Brasil, a enologia tem se tornado cada vez mais diversa. Das cerca de 1.500 a 2.000 enólogas e enólogos ativos no país, estima-se que as mulheres representem entre 30% e 40% desse total. Um crescimento significativo, considerando que a primeira enóloga brasileira, Maria Isabel Guerra, se formou na década de 1970, em um cenário quase exclusivamente masculino. Maria Isabel trabalhou em diversas vinícolas do Rio Grande do Sul, contribuindo para o desenvolvimento da viticultura brasileira. Hoje, mulheres estão despontando nas vinícolas, em certificações mundiais, desenvolvendo suas pesquisas científicas, elevando e contribuindo significativamente para o cenário vitivinícola do Brasil.

No campo da sommellerie, Andréa Faustini, uma das principais sommelières do Brasil, tem sido uma embaixadora incansável da cultura do vinho. Com uma carreira sólida e premiada, ela inspira novas gerações de profissionais a explorarem e valorizarem a diversidade dos vinhos. Andréa é conhecida por seu trabalho em eventos e pela criação de experiências enogastronômicas que unem vinhos e gastronomia de forma harmoniosa.

Em 2023, o título de Master of Wine (MW), um dos mais prestigiados e difíceis de se obter no mundo do vinho, foi conquistado por 13 novos profissionais, e desses, 7 são mulheres. Entre elas, destacam-se Rebecca Gibb, do Reino Unido, e Carla Capalbo, da Itália. Rebecca é uma jornalista e escritora especializada em vinhos, conhecida por seus livros e artigos que exploram a história e a cultura do vinho. Carla, por sua vez, é uma especialista em vinhos italianos e autora de diversos guias e livros sobre o tema. Ambas são exemplos de mulheres que têm contribuído significativamente para a educação e a divulgação do vinho.

Na minha cidade, Cachoeiro de Itapemirim, ES, não posso deixar de mencionar minha querida amiga e pioneira no universo do vinho, Ines Bonno. Empreendedora e sommelière, há anos ela desbrava esse mercado em uma cidade pequena, de clima naturalmente quente, enfrentando desafios e, ao mesmo tempo, fomentando a cultura do vinho com paixão e dedicação.

Raquel Poleto Fonseca ao lado de Ines Bonno

Foi com ela que participei da minha primeira degustação guiada: Dark Night – Vinhos da Romênia, inspirados no Conde Drácula, uma experiência única, com direito a dress code preto. Lembro-me de como fiquei fascinada pela história, pelas harmonizações e, naquele momento, decidi que mergulharia de vez nesse universo. Desde então, resolvi seguir o caminho dos taninos.

Também foi por indicação dela que me inscrevi no curso onde me formei sommelière. Hoje, seguimos atuando para promover cultura, experiências e trazer para nossa “Capital Secreta do Mundo” novidades e tendências do cenário enológico global. Cada uma em sua trajetória, mas sempre juntas, abrindo garrafas, enchendo taças e espalhando conhecimento sobre esse universo apaixonante.

Neste mês de março, em que se evidencia a força da mulher, meu brinde vai para a presença feminina, de taça na mão, de posse nos vinhedos, abrindo seus saca-rolhas, fazendo seus vinhos e construindo uma parte da história do vinho no mundo.

Saúde!

Raquel Poleto Fonseca, natural de Cachoeiro de Itapemirim, é escritora, contadora e sommelière de vinhos pelo Instituto Federal de São Paulo, com certificações especializadas pela Embrapa Uva e Vinho, Instituto Federal do Rio Grande do Sul e Enagro. É curadora de confrarias e do projeto Livros e Vinhos, unindo sua paixão por palavras e vinhos para criar experiências que conectam pessoas

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