Quem tem animal de estimação em casa sabe o quanto eles são capazes de transformar vidas. Na residência de Jair Hupp, 72 anos, o cachorrinho Bili se tornou o xodó do aposentado a ponto de dividir a cama com ele.
Companheiros de todas as horas, os dois sofreram com a distância quando Jair foi acometido há mais de 40 dias por um acidente vascular cerebral (AVC) e internado no Hospital Estadual Central, em Vitória.
Durante esse período, o paciente, que é de Guarapari, passou por altos e baixos em sua recuperação. Ele vem sendo tratado com um protocolo de cuidados paliativos – quando a pessoa tem uma doença que ameaça a vida, visando o bem-estar através da prevenção e alívio do sofrimento imposto pela doença.
Após o AVC, o idoso ficou com os movimentos e a fala comprometidos, mas entende bem o que acontece ao seu redor.
Durante uma reunião com a família de Jair, surgiu um pedido inusitado e inédito no projeto “O que importa para você?”: a chance do paciente receber a visita de Bili.
Quando ouviu da equipe de Psicologia do hospital que poderia receber a visita de seu melhor amigo, Jair começou a chorar.
História de amor
O filho do paciente, Leonardo Hupp, de 38 anos, contou que ganhou o cachorro, mas que foi com seu Jair que a relação com Bili ficou mais forte no dia a dia.
“Eu ganhei o Bili, mas ele acabou ‘adotando’ meu pai. Em casa eles não se desgrudam. Papai saía para andar de bicicleta e Bili o acompanhava apoiado em seu ombro. À noite, eles dormiam na mesma cama, abraçados”, conta Leonardo.
O esperado reencontro aconteceu na última quinta-feira (7), no hospital, com a família reunida para acompanhar esse momento especial e único.
Humanização
O Hospital Estadual Central desenvolve desde 2016 a campanha “O que importa para você?”, que consiste em uma ferramenta de humanização baseada em conversas mais significativas entre profissionais de saúde e pacientes.
O objetivo desses encontros é criar um elo de compaixão e empatia, no intuito de aprimorar o cuidado de saúde e assistência social, levando em conta o que realmente importa para o paciente.