Já reparou que, quando o nariz está congestionado, até o prato mais temperado parece sem graça? Vamos fazer um teste rápido: pegue uma folhinha de tempero fresco, tape o nariz e mastigue. O que sente? Bem, imagino que quase nada. Agora solte o nariz e respire fundo — de repente, o sabor explode, dominando tudo! Não é incrível como o olfato afeta o nosso paladar?
O Nariz
Saborear é muito mais do que sentir gosto – envolve o nariz fazendo sua parte, captando aromas no ar. No caso do vinho, é o momento em que as moléculas saltam da taça para o seu olfato. “Mas como isso acontece? ” – você pode perguntar. É aí que entra a prática de girar a taça. Sim, parece um pouco esnobe, mas funciona! Se o vinho oferece algo a mais do que o álcool, são as camadas de aromas que evoluem com o oxigênio. Girar a taça é tipo o equivalente etílico de dar aquele “tchan” no visual antes de sair — ele fica mais interessante!
Na prática é simples: sirva uma pequena quantidade de vinho, segure sempre pela haste e base da taça e faça pequenos movimentos circulares (umas quatro voltinhas, nada de liquidificar o vinho). Aproxime a taça do nariz, inspire profundamente e aproveite a onda aromática. Pode parecer estranho no começo, mas com a prática você se acostuma e vai perceber que o cheiro de cada gole muda com o tempo.
A Boca
Agora, voltando à experiência inicial com o tempero: tapar o nariz bloqueia o caminho dos aromas, o que limita o sabor. Quando falamos de sabor na boca, é hora das papilas gustativas entrarem em ação. Elas estão espalhadas na língua, entretanto são capazes de identificar apenas os cinco gostos básicos: acidez, doçura, amargor, sal e o umami (aquele saborzinho delícia de glutamato monossódico nos salgadinhos). Hoje sabemos que toda a língua sente esses gostos, e que aquele “mapa da língua” com áreas específicas para cada sabor é coisa do passado.
No vinho, também temos três sensações extras: o tanino, aquele que lembra a “cica” de banana verde na boca, típico dos vinhos tintos; o álcool, que deixa uma sensação “quente” depois de engolir; e as borbulhas dos espumantes, que podem variar de um formigamento agradável até uma pequena “explosão” na boca, como Dom Perignon disse ao provar espumantes: “Estou bebendo estrelas! ”
Para experimentar bem, comece com um gole sem pretensão, só para “assentar” o vinho na boca. No segundo, passe o líquido devagar, com um leve bochechar, sinta o tanino e o corpo. E, no terceiro, verifique se os aromas se confirmam na boca. Cada gole é uma descoberta.
O Prazer de Degustar
O bacana é que todos nós temos sensibilidades muito diferentes (e preferências bem diferentes do que conseguimos saborear facilmente). É por isso que não há definições absolutas na degustação de vinhos. Ninguém pode dizer que está certo ou errado em sua opinião sobre um vinho. O que encontramos são experiências compartilhadas, características semelhantes entre uvas. Porém o mais importante é respeitar nossa individualidade e a ocasião em que se bebe esse vinho.
Agora é com você! Escolha o seu vinho preferido, utilize as técnicas olfativas e gustativas, chame os amigos e compartilhe a experiência deliciosa que é descobrir o máximo que cada garrafa pode oferecer.
Saúde!