Dia 8 de janeiro de 2023. O mundo observa estarrecido os atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes, em Brasília, apresentados com riqueza de detalhes nas TVs, rádios e nos sites de notícia.
Enquanto isso, em diversos grupos de Whatsapp os integrantes parecem viver num mundo paralelo. Mensagens e notícias que chegam para eles mostram uma outra realidade, justificando os atos e lançando dúvidas no ar.
Mensagens e notícias como estas levaram uma multidão de pessoas insatisfeitas com o resultado das eleições a acreditar que a posse de Lula, que contou com a presença de chefes de estado de várias nações, foi uma fraude.
Muitas dessas pessoas também creram, anteriormente, que Lula havia morrido e havia um sósia em seu lugar. Muitos creram ainda que as Forças Armadas iriam tomar Brasília e entregar o poder ao Bolsonaro, que foi derrotado nas urnas.
Às vésperas do dia fatídico, mensagens nestes grupos de Whatsapp convidavam o povo a ir a Brasília, tomar o poder. Animados com a possibilidade de fazer história, milhares de patriotas saíram de várias partes do país e seguiram para a sede do governo federal.
Enquanto seguiam nos ônibus, um filme colorido e bonito passava na mente da grande maioria destas pessoas, com imagens do Palácio do Planalto, do STF e do Congresso Nacional nas mãos do povo e as Forças Armadas se juntando à multidão.
Seriam heróis!!
Não, longe disso.
O que aconteceu algumas horas depois foi bem diferente. Uma nação chocada com a destruição deixada por aqueles que queriam ‘salvar’ o país; e cidadãos comuns, como eu e muitos dos que leem esse artigo, se transformando em vândalos, criminosos, terroristas.
Enquanto isso, nos grupos de Whatsapp, os integrantes – alguns deles quase foram a Brasília no domingo, dia 8 – continuam a receber uma enxurrada de mensagens justificando o ato, apontando possíveis pessoas infiltradas, criticando imprensa, autoridades e todos que, de alguma forma, forem contrários ao que eles querem ouvir e ver.
Aos poucos, essas mesmas mensagens vão preparando o povo comum, muitos sem nenhuma ficha criminal, para um próximo ato em nome da pátria, da liberdade, da família e dos valores cristãos.
Estamos presenciando um momento preocupante. Pessoas de bem sendo usadas e se transformando em criminosos. Depois de presas, vão dividir celas com assaltantes e assassinos.
E pensar que até pouco tempo atrás víamos atos terroristas como algo distante de nós. Pessoas em nome de Alá lançando carros bombas contra multidões e órgãos públicos. Outros, insatisfeitos com um governo ou contra um jornal, atirando e matando inocentes.
A pergunta que fica no ar é: Qual a possibilidade de atos terroristas com mortes de inocentes aconteçam no Brasil em nome de Deus ou de qualquer outra causa maior?