ARTIGO: Paulo Henrique Thiengo, engenheiro agrônomo, pesquisador de ferrovias e preocupado pelo futuro de Cachoeiro e região. E-mail: [email protected]
Temos casos recentes que passaram sem qualquer problema na Câmara. A renumeração das casas, por exemplo: Qual a vantagem de dar um número a cada cinco metros corridos de rua? Quantas correspondências deixaram de ser entregues? Quantos amigos e/ou oportunidades perdemos porque a carta envida, para o endereço de costume voltou porque o ‘número não mais existia’?
Qual a vantagem da perda de todos os cadastros das lojas e empresas da cidade? Da mesma forma, da Justiça e até do cemitério público! Como a família será avisada que o uso da sepultura precisa ser renovado?
E, como no meu caso, em que passei do 17 para o 31 e recebo as correspondências do 31 antigo? Quantas pessoas estão, até hoje, recebendo correspondências de terceiros? Quantas não estarão sendo abertas ou, simplesmente, jogadas no lixo? Como os vereadores deixaram uma coisa destas passar?
Outro exemplo gritante foi a mudança no transporte coletivo. À época, a Agersa fez a mudança na modalidade (de não integrado para integrado) na do sistema (de diagonal para radial). Uma coisa nada tem a ver com a outra. E os vereadores não viram isto.
As linhas de ônibus podem ser dispostas segundo três sistemas básicos: diagonal, que era o usado, onde o coletivo sai do bairro A, passa pelo centro e chega até o bairro B. Era o sistema correto para Cachoeiro, pois nossa cidade possui basicamente dois eixos de fluxo de pessoas e veículos, que se cruzam no centro, formando um “X”.
Na mudança para o radial, estas linhas foram cortadas ao meio, exigindo, agora, dois veículos, dois motoristas e dois cobradores para cobrir o mesmo percurso de antes.
Não sem razão a empresa precisou ser socorrida pela municipalidade. O radial só é vantajoso em cidades distribuídas uniformemente, para todas as direções. Não é o caso de Cachoeiro. Pelo tamanho e topografia, nossa cidade já demanda por um sistema troncal, onde ônibus maiores fazem a ligação entre terminais e, outros, o transporte dos bairros até estes.
Com um terminal no pátio da estação, a linha vermelha exclusiva ou preferencial para ônibus, poderíamos ter outro na região do Aeroporto, por exemplo. Assim, não haveria a necessidade de ônibus de todos estes bairros virem para o centro. Bastariam ir até o terminal e, de lá, um direto até o centro, com intervalos curtos entre eles. Simples e eficiente.
O problema é que, com a linha vermelha feita a toque de caixa, fizeram os muros onde ficava mais fácil, com menor escavação, normalmente deixando-se apenas o suficiente para duas pistas.
Se consultada a planta da ferrovia, chamada de LP (landpropriety), com o Dnit, em Campos, acredito que 30% da área escriturada em nome da RFFSA foi deixada para trás, estimulando os proprietários a ‘chegarem’ suas casas para frente, em muitos casos sem mesmo deixarem calçadas!
Por conta disto, aliás, precisaram ‘roubar’ parte da faixa de rolamento para os pedestres terem onde andar.
