Originada nas filosofias do oriente, a meditação é uma prática muito antiga e conhecida por diversos povos e culturas ao redor do mundo. Entretanto, apenas na década de 60 observou-se um maior interesse pela ciência entre a população ocidental. A partir de então, a meditação deixou de ser uma prática puramente religiosa e pôde ser reconhecida mundialmente pelos seus benefícios psicológicos e físicos.
Através das pesquisas, os cientistas observaram que a pessoa que medita regularmente treina a capacidade de prestar atenção e possibilita mantê-la por mais tempo sem se dispersar. Além disso, desenvolve a habilidade de captar sutis manifestações no ambiente e consequentemente adquirir uma relação de maior empatia, pois permite apurar a capacidade de captar as mensagens e necessidades das outras pessoas.
Mudanças cerebrais podem ser vistas em exames de neuroimagem, como o aumento da neuroplasticidade, da densidade de substância cinzenta e da atividade nas áreas atencionais, que permitem a melhora do bem-estar, da capacidade de adaptação e da forma de lidar com emoções e memória. Em razão desses e outros benefícios psicológicos é possível amenizar problemas contemporâneos como estresse, ansiedade, depressão e demências.
E não exclusivamente mentais. Os benefícios da meditação possuem grandes contribuições para a saúde física e redução de doenças crônicas cardiovasculares, metabólicas, gastrointestinais, reprodutivas, infecciosas e reumáticas, tais como diabetes tipo 2, úlcera, colite, abortos espontâneos, herpes labial e lúpus.
O fato da saúde psicológica colaborar tanto com a saúde física está associado ao fato da primeira estar intimamente ligada ao nosso funcionamento orgânico. Programas em Harvard e na Universidade de Massachussetts, por exemplo, comprovam o sucesso da meditação em centenas de hipertensos e pessoas que também sofrem com a fibromialgia e câncer podem obter mudanças positivas sem a necessidade de um programa longo de treinamento e custos elevados.
Na área da saúde em geral, principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS), há sobrecarga de paciente com doenças crônicas que necessitam de tratamentos longos, consultas recorrentes e medicamentos caros. Entretanto, apesar dos esforços para tratá-las, o tratamento convencional costuma gerar muitas dificuldades e insatisfações, visto que, na maioria das vezes, as medidas são paliativas e não atingem a causa principal. Isso nos mostra a importância de buscar práticas que fortaleçam a saúde e não apenas atue na remediação do problema e a meditação apresenta-se como uma opção de significativa eficácia para melhoraria da saúde.
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