Lidar com a violência das ruas é uma rotina com a qual Waldir Carvalho da Trindade, segundo sargento da Força Tática da Polícia Militar, convive há 30 anos, em Linhares. Mas foi o diagnóstico de um câncer de próstata em estágio inicial que se tornou o seu maior desafio nos últimos meses.
O policial conta que ao realizar o teste de PSA, durante bateria de exames rotineiros da corporação, acabou descobrindo que estava com a próstata aumentada.
Foi então que uma biópsia revelou um nódulo de menos de um centímetro. Waldir, que tem 53 anos, foi encaminhado de Linhares para fazer o tratamento no Instituto de Radioterapia Vitória (IRV), na Serra.
Ele passou por 33 sessões de radioterapia entre outubro e dezembro deste ano e, com a mesma coragem com que enfrenta o crime, afirma que em nenhum momento se deixou esmorecer.
“Quando você recebe uma notícia dessas é um impacto muito grande. Caramba, isso acontece com os outros e agora comigo. Coloquei na cabeça que tanta gente passa por isso e vence a doença, por que eu também não posso? Não posso abaixar a cabeça. Graças a Deus descobri de um ano para o outro. Imagina se eu estivesse há quatro, cinco anos sem ir ao médico! Já teria se alastrado”, afirma Waldir.
O radio-oncologista Persio Freitas afirma que ter uma atitude positiva é importante e que o fato de Waldir ter descoberto a doença em estágio inicial foi fundamental.
“Fazer os exames periódicos é muito importante para os homens acima de 45 anos. As chances de cura com a radioterapia são grandes quando o câncer de próstata é descoberto logo no início”, afirma o especialista.
O policial afirma que desde então aconselha parentes e amigos a estarem atentos aos exames de rotina da próstata.
“Tenho falado com amigos, parentes, alertado demais. Eu digo a eles que é importante fazer os exames todos os anos, para não deixar de ir. Se não cuidar no início, vai passar por coisas piores. Tem que fazer exame de toque, de PSA, para cuidar da saúde. É o conselho que sempre dou a eles”, destaca.
Ao ver em sua rotina de policial crianças e adolescentes envolvidos no crime, principalmente no tráfico de drogas, Waldir afirma ter esperança de que alguns desses menores tenham recuperação e passem a dar mais valor à vida.
“Quando se está do lado de cá, na beira de um precipício, pelo menos a gente está correndo atrás de uma cura por valorizar a vida. E eles, que se deixam levar para o mundo do crime, muitas vezes acabam perdendo a vida mais rápido do que a gente. Não param pra pensar que a vida vai tão rápido. Eu acredito que ainda há recuperação para alguns, porque ela depende do próprio ser humano. Mas é preciso querer”, afirma.