Ela andou sozinha por toda a vida. Cercada de seus amigos, coisas e tarefas, mas aquela ideia
sempre existia no fundo de sua mente: de que estava só.
Ela sempre esteve só. Nas ideias, nas histórias, nos amores e nas crenças.
A bruxa anda sozinha nos contos.
Mas então, um dia, ela o viu de longe, perdido em meio à floresta escura, e o buscou, e o amou
como sempre, como nunca.
Seu coração bateu, sua magia brilhou mais forte. A bruxa estava viva de novo, não mais triste,
não mais só.
Até seu coração se partir. Até ela mesma se tornar estilhaços no chão frio.
Até sua luz quase se apagar, e ela se ver sozinha outra vez.
O amor da bruxa se fora, sua contraparte, sua alma gêmea.
Como ela continuaria andando?
O tempo passou, a bruxa aprendeu a gostar da solidão. Era mais fácil. Um pouco vazio, um
pouco triste. Mas seguro o suficiente para seu coração ficar colado e feliz.
Seguro o suficiente para ela se curar e fortalecer.
Para ela aprender e voltar a brilhar.