“Raízes Populares” e “Territórios Sagrados”. Esses são dois projetos que se propõem a fortalecer a preservação da cultura popular e a valorização de povos tradicionais em Cachoeiro de Itapemirim. O recorte social é dedicado aos povos de terreiro em atividade no munícipio, abraçando seus saberes, seus sabores e suas memórias.
As iniciativas são das cachoeirenses Sarah Dalvi, Thatiane Cardoso e Natássya Carvalho, cujas propostas foram protocoladas no Edital Funcultura / SECULT 2020, em fevereiro/2021 e com resultado de contemplação em julho deste ano.
O projeto Raízes Populares apresenta uma perspectiva multidisciplinar, que aborda as experiências vividas pelos terreiros e comunidades tradicionais de matriz africana na perpetuação de conhecimentos ancestrais.
Trata-se da catalogação de plantas utilizadas para fins medicinais e em rituais religiosos: as sementes, raízes e folhagens sagradas para quem o cultivo e a aquisição estão relacionados à manutenção do axé (poder, força) e comunicação com as divindades.
“Esse é um trabalho que ajudará a propagar as sabedorias e conhecimentos que enriquecem a nossa cultura popular, refletindo na desconstrução da intolerância religiosa.”, ressalta Sarah.
Em paralelo, Territórios Sagrados mergulha nas águas que movem as tradições de matrizes africanas em solo cachoeirense.
Através de pesquisa, mapeamento, levantamento de dados e registro dos povos de terreiro em atividade cultural e religiosa em Cachoeiro, o projeto está gerando um banco de informações em uma plataforma que será disponibilizada para o acesso público.
Thatiane diz que cooperar com a construção, implementação e o desenvolvimento de ações para o reconhecimento dos povos de terreiro promove o empoderamento cultural de grupos que se encontram em uma realidade de ostracismo social. “Tudo em função do racismo e do preconceito com manifestações culturais distintas da cultura romano judaica.”
O trio espera que o contato com os dados gerados, as imagens e as informações compartilhas durante o mapeamento de terreiros e a catalogação de plantas possibilitem aproximar a população das raízes afro da cultura brasileira, perpetradas entre gerações pelos povos de terreiro no município.