Primeiro café biodinâmico do país nasce em Pacotuba pelas mãos da família Giori

Com raízes fincadas há mais de 140 anos no cultivo do café, a família Giori, de Cachoeiro de Itapemirim, assina um capítulo inédito na história da agricultura brasileira: é a primeira produtora de café robusta orgânico e biodinâmico do país – e uma das pioneiras do mundo.

O trabalho, conduzido por irmãos que decidiram honrar a trajetória iniciada por seus antepassados em 1885, une tradição, inovação e um profundo respeito pela natureza.

Na Fazenda Barra do Mutum, em Pacotuba, distrito de Cachoeiro, a dedicação à terra vai além da produção: é um compromisso com o planeta e com as próximas gerações.

Luíza do Carmo Giori e Sebastião Giori, ao lado dos outros irmãos, transformaram a paixão herdada em um empreendimento de excelência, que preserva valores familiares e mira o futuro com responsabilidade.

“Essa fazenda pertencia aos nossos pais, e foi aqui que decidimos tocar um projeto 100% certificado, sustentável e orgânico”, conta Carmem.

O irmão Sebastião também fala do compromisso com a sustentabilidade. “Cultivamos café com qualidade, consciência e amor. Desde 1997, acreditamos que é possível produzir de forma responsável, gerando impacto positivo para a natureza e para as pessoas”, completa.

Essa visão rendeu frutos: a Fazenda Giori conquistou reconhecimento nacional e internacional, com destaque entre as finalistas do Prêmio Fazenda Sustentável, da revista Globo Rural, e premiações consecutivas no BioBrazil Awards, a maior feira da América Latina voltada à alimentação sustentável.

Em 2023, levaram o primeiro lugar na categoria Bebidas com o café especial. Em 2024, subiram novamente ao pódio, conquistando o segundo lugar com um chá inovador feito a partir da casca do café combinada com especiarias – uma criação que mostra o compromisso da família com o aproveitamento integral da produção e com a inovação.

Agricultura viva: sem veneno, com alma

Fabrício Campos, gerente da Fazenda Giori, conta que desde 2012 a fazenda aboliu o uso de agrotóxicos.

Esse processo de conversão levou à certificação nacional em 2019, e posteriormente às certificações europeia, norte-americana e, por fim, à certificação biodinâmica, considerada a mais exigente do mundo.

Mas, afinal, o que é o café biodinâmico?

Mais do que orgânico, o cultivo biodinâmico parte da ideia de que a lavoura é um organismo vivo e deve ser cuidada em harmonia com os ciclos da natureza.

Essa abordagem leva em conta o calendário lunar e planetário para orientar o plantio, a poda e a colheita, além de usar preparados naturais que fortalecem o solo e as plantas, sem produtos químicos.

É uma agricultura que une ciência e espiritualidade, buscando equilíbrio entre terra, planta, ser humano e cosmos. Por isso, o café biodinâmico carrega, além da pureza dos grãos, uma filosofia de respeito profundo à vida.

“Esse cuidado reflete-se não só na qualidade do nosso produto, mas também no carinho com que cada grão é tratado por nós”, explica.

Homeopatia

A família cuida da lavoura como quem cuida de um ser vivo. E cuida mesmo. Um dos diferenciais da Fazenda Giori é o uso da homeopatia agrícola – técnica que promove o equilíbrio das plantas por meio de soluções naturais altamente diluídas.

“Aplicamos os preparados para desestressar as plantas, estimular o sistema radicular e preservar sua vitalidade. Os grãos ficam mais doces e saudáveis”, explica Carmem, com brilho nos olhos.

E a produtora vai além: “A gente coloca amor em cada etapa do cultivo. Trabalhar com homeopatia é uma forma de devolver à terra tudo o que ela nos dá”, ressalta.

Do campo à xícara: uma história de amor familiar

Com torrefação própria e atuação no Brasil e no exterior, a Fazenda Giori tem hoje como principais mercados os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de países como Chile e Suíça.

O café produzido com esmero chega às mesas de famílias que, assim como a dos Giori, valorizam a origem e o cuidado em cada etapa.

“Nós produzimos com amor para outras famílias. Queremos que o café da nossa terra continue a contar histórias, a conectar pessoas e a inspirar novas formas de viver e cultivar”, conclui Carmem.

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