O Projeto Mova-se abriu inscrições gratuitas para o programa Família + Feliz, que acolhe e orienta mães atípicas – aquelas que cuidam de filhos com deficiência, transtornos ou doenças raras. As vagas são limitadas, e as inscrições podem ser feitas até o dia 30 de dezembro pelo perfil @movaseprojeto no Instagram.
O programa, idealizado pela educadora parental Mônica Pitanga, também mãe atípica, busca oferecer apoio emocional, ferramentas práticas e fortalecer laços familiares. Com encontros mensais no auditório da Unimed Sul Capixaba, no bairro Gilberto Machado, o programa se destaca pela metodologia interativa e pelo impacto positivo relatado por participantes desde o início, em 2023.
“Esse projeto nasceu para transformar vidas. Muitas mães carregam sozinhas o peso de cuidar de seus filhos e enfrentam desafios como preconceito, falta de recursos e isolamento. No grupo, elas encontram acolhimento, conhecimento e, principalmente, uma rede de apoio”, explica Mônica.
A dinâmica das reuniões inclui aulas práticas sobre temas como disciplina positiva, inteligência emocional e autocuidado, sempre em um ambiente acolhedor e empático. O programa atende prioritariamente mães de baixa renda e continua buscando colaboradores para ampliar sua atuação.
Conheça melhor o projeto lendo a entrevista abaixo com Mônica Pitanga.
DIA A DIA – O que motivou você a criar o programa Família + Feliz?
MÔNICA – Foi após participar de uma reunião sobre doenças raras na Câmara dos Vereadores a convite do vereador Paulinho Careca. Ao ouvir os relatos das mães sobre a falta de recursos, abandono e dificuldades diárias, fiquei profundamente tocada e até chorei no dia. Senti que precisava fazer algo e ofereci ajuda voluntária. O programa começou em 2023 e tem sido uma experiência transformadora.
Quais os principais desafios enfrentados pelas mães atípicas?
O julgamento e o capacitismo são grandes barreiras. Além disso, elas enfrentam dificuldades para matricular os filhos em escolas regulares e quando conseguem encontram dificuldade de fazer a inclusão acontecer de fato. Há ainda o acesso limitado a terapias pelo SUS. Os planos de saúde estão sempre querendo cortar os direitos. Alguns maridos vão embora, abandonam e as mães ficam sozinhas. Muitas vezes, elas ficam emocionalmente e financeiramente sobrecarregadas, com pouca ou nenhuma rede de apoio. A própria família muitas vezes abandona, os amigos somem. Então é uma vida muito solitária.
Como é a dinâmica destas reuniões?
As reuniões acontecem uma vez por mês durante duas horas. Sempre trago conteúdo, informação com muitas dinâmicas práticas. Criamos um ambiente acolhedor onde elas podem compartilhar experiências, aprender novas ferramentas de educação e se fortalecer emocionalmente. Por meio de reflexões, dinâmicas e práticas, o programa as ajuda a construir uma relação mais saudável e respeitosa com seus filhos, além de promover paz e conexão no lar.
Quais temas ou atividades são abordados?
Os temas abordados são disciplina positiva para criança com deficiência, comunicação não violenta, os estilos parentais. É uma educação mais respeitosa que coloca limites de uma forma mais gentil. Que acolhe as emoções que enxerga as necessidades tanto dos filhos quanto das próprias mães. É autocuidado, autocompaixão, é inteligência emocional, encorajamento.
Você tem algum relato marcante de transformação no programa?
Sim, muitos. Uma mãe nos contou que agora consegue lidar com os julgamentos em público sem se abalar. Ela aprendeu no grupo que o principal é o bem-estar da filha. Então ela não se incomoda mais, pois entendeu que precisa olhar para a filha, para as necessidades dela, acolher as emoções e ajudar a filha a se regular.
Outra mãe relatou que, após uma dinâmica, chegou em casa, chamou o filho de 23 anos para um diálogo, pediu perdão pela ausência por ter que dar mais atenção a outra filha que tem deficiência. Ela conseguiu se reconectar com esse filho e resgatando o vínculo entre eles.
De que maneira você observa que o programa fortalece as famílias e melhora o relacionamento entre mãe e filho?
A maioria dessas mães vem de lares com educação autoritária e punitiva, onde gritos, castigos e violência eram comuns. Muitas não tiveram a chance de refletir sobre o modelo de educação que desejam para seus filhos, repetindo padrões automaticamente. O programa oferece um espaço para repensar a infância, compreender os impactos de uma educação respeitosa e decidir conscientemente como criar seus filhos.
Isso melhora o diálogo, fortalece a conexão e cria um ambiente mais saudável, tanto para as mães quanto para toda a família. Os irmãos, muitas vezes negligenciados devido ao foco no filho com deficiência, também são beneficiados, permitindo maior equilíbrio no cuidado.
Os depoimentos das participantes mostram como essas mudanças impactam positivamente a dinâmica familiar, promovendo mais paz e harmonia no lar. É uma transformação significativa que faz toda a diferença na vida das famílias.
Uma resposta
Meu Deus que benção alguém oferecendo ajuda.