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Qual o melhor filme de Natal?

OLIVIA BATISTA DE AVELAR Qual o melhor filme de Natal? Sempre achei o Natal melancólico. Provavelmente, essa coluna refletirá essa sensação. Quando eu era criança, ouvíamos um disco de hinos natalinos solenes e tristes, durante a tarde do dia 24 de dezembro. Os adultos mantendo expressões respeitosas

Qual o melhor filme de Natal? Sempre achei o Natal melancólico. Provavelmente, essa coluna refletirá essa sensação. Quando eu era criança, ouvíamos um disco de hinos natalinos solenes e tristes, durante a tarde do dia 24 de dezembro. Os adultos mantendo expressões respeitosas, em vigília para a chegada do menino Jesus. Natais de presépio e novena, do violento Herodes ordenando a execução de todos os meninos da vila de Belém para evitar perder o trono para o recém-nascido “Rei dos Judeus”.

Eu me perguntava, todos os anos, se conseguiria ver a estrela guia pela janela. Queria saber quantos animais estavam ao redor da manjedoura.

Concentrava-me para imaginar o que seria o terceiro presente dos reis magos: o ouro era valioso, o incenso perfumava, mas a mirra eu não sabia o que era. Quando a noite chegava, esperava ansiosa pelos cartões de natal que receberia das amigas da rua. Deixava os que eu tinha escrito sempre a postos, para retribuir a gentileza com votos ensaiados e perguntas sobre o que suas mães tinham preparado para a ceia. Natais do século 20: pequenos, singelos, irrepetíveis.

Quando eu acordava, nas manhãs de 25 de dezembro, abria os presentes que eu já sabia quais eram: cadernetas telefônicas, Pega Varetas, Mola Maluca, massinha de modelar. Em frente à televisão, assistia à programação de todos os anos com muito entusiasmo. A versão da Disney para o clássico de Charles Dickens chamado “Um Conto de Natal” eu sabia de cor. Tio Patinhas era Ebenezer Scrooge, o velho rico e avarento que, na noite de Natal, recebia a visita de três fantasmas – do passado, do presente e do futuro – que mostravam a ele sua trajetória de vida e no que ela se transformaria, caso ele não se deixasse tocar pelas pessoas e não começasse a se preocupar com o que verdadeiramente importa. Ainda assisto, ocasionalmente, a diferentes e novas versões dessa história. Todas me comovem e me fazem pensar. A beleza de um conto, escrito por um gênio da literatura inglesa, que nunca deixará de ser relevante.

Com os anos, muitos foram os filmes de Natal que me marcaram. Simplesmente Amor, de 2003, foi um deles. Histórias modernas e urbanas com dilemas atuais sobre como essa data – agora festiva e comercial – impacta as emoções, decisões, arrependimentos e esperanças de pessoas comuns. Perdi a conta de quantas vezes assisti a esse filme. Nunca mais foi tão especial quanto a primeira, no cinema. Quando crescemos, fica cada vez mais difícil encontrar o encantamento que a repetição provoca na infância.

Recordo-me de alguns outros, todos pouco especiais. Não porque não sejam bons filmes, mas porque os Natais da vida adulta são cheios de compromissos e responsabilidades e sobra pouco espaço para ignorar as pessoas e as conversas e me concentrar na tela da televisão. Perde-se a liberdade da infância, mas chegam outras alegrias que são, na verdade, apenas diferentes, quando aprendemos a apreciá-las. Aprendi a preparar meu prato preferido da ceia. Adquiri o hábito de ler contos e crônicas na véspera de Natal, enquanto aguardo a família chegar da igreja. Criamos novas tradições, como relembrar os natais de antigamente e falar sobre parentes que já faleceram.

Não abro mais presentes. Decidi não mais dá-los e nem recebê-los. Se algo ainda se mantém inalterado é o hábito que tenho de dormir cedo, mesmo na noite de Natal. Não pretendo abrir mão dessa elegante regalia infantil.

Quando me sentei para escrever essa coluna, me peguei pensando sobre qual filme de Natal teria uma mensagem para transmitir, um questionamento social para ser feito, uma história que fosse relevante. Buscando na memória algo que fosse especial, cheguei a conclusão que, apesar de amar o cinema, o que faz cada uma dessas histórias ser encantadora é a permissão que damos a elas para que entrem em nossas vidas. Os filmes são presentes que abrimos e nos permitimos brincar com eles, deixar que sejam capítulos bons e lembranças duradouras que nos remetem à única história de Natal que realmente nos importa, comove e transforma.

O melhor filme de Natal é, e sempre será, o que assistimos sozinhos e atentos, quando chega essa época do ano: o conto que narra, silenciosamente e dentro de nós, sobre todos os Natais da nossa vida.

Um Feliz Natal para todos.

Olivia Batista de Avelar. Professora de inglês, pós graduada em filosofia, apaixonada por cinema e escritora

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