Tem gente que acha que sentimento alheio é terreno livre. Vai entrando, abrindo gaveta, mexendo em passado, perguntando o que não foi dito — como se tudo que é íntimo estivesse em liquidação.
Mas emoção não é sala de visita. Não é porque a porta está entreaberta que você pode entrar sem bater.
Cada um tem seus cômodos internos: um quarto que não arrumou, um porão cheio de tralhas que preferia esquecer, uma varanda onde se respira devagar. E quando alguém força entrada, nem sempre encontra o que espera. Pode tropeçar em dor, bater de frente com mágoa, ou cair no chão escorregando em alguma lembrança mal lavada.
Tem gente que, na pressa de “ajudar”, faz bagunça. Quer saber o que houve, por que a pessoa mudou, se afastou, se fechou. E, no afã de entender, invade. Cutuca ferida. Empurra porta trancada.
Mas sentimentos não se arrancam, se oferecem. Quando for a hora.
Você pode até se importar muito. Pode querer estar lá, ser apoio, ser ombro. Mas ser presença não é o mesmo que ser intruso. Às vezes, estar ali em silêncio já é tudo. Esperar o outro te chamar para o sofá, para conversa, para confissão — quando ele quiser.
Invadir casa emocional dos outros é cruzar linha que não te pertence. É achar que carinho é justificativa para controle. Não é.
Se alguém quiser abrir o coração, vai abrir. E se não abrir, respeite. Quem sabe o que ela mais precise seja justamente isso: alguém que saiba ficar do lado de fora, esperando, sem forçar chave nenhuma.

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Respostas de 2
Bela reflexão Padre José Carlos… eu mesmo tenho um pouco de dificuldade de saber esperar esse convite… Não gosto de ver (principalmente os mais próximos) tristes e visivelmente abalados emocionalmente .Mas com palavras de um sacerdote de Deus e ainda psicólogo ajuda muito
Deus o abençoe..
Muito bom 👏🏻👏🏻