Gosto ruim na boca, dor de cabeça, náusea, indisposição, sonolência. Esses são os sintomas comuns da ressaca. Uma resposta do organismo que pode alertar para uma possível dependência, como explica o psiquiatra especialista em dependência química, Leonardo Moreira.
“A ressaca é uma resposta de um organismo que foi maltratado por uma agressão externa de uma substância que, no caso, é o álcool. Essa agressão a gente identifica a partir de níveis pequenos de consumo de álcool. Que na verdade, a ressaca é a síndrome de abstinência do álcool na sua forma leve”, explicou o especialista.
Ele lembra ainda que tanto a cerveja como qualquer outro tipo de bebida alcoólica pode ocasionar a ressaca. “Independente inclusive se mistura ou não. O que ocasiona a ressaca é uma dose maior do que o organismo é capaz de metabolizar”, alertou.
A taxa de metabolismo do álcool varia de organismo para organismo. Mas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde o consumo é classificado como perigoso ou exagerado a partir de quatro doses ou mais em um período de duas horas.
Acontece que mesmo observando os níveis, a ressaca pode aparecer. E no afã de evitar a ressaca muitos recorrem a artimanhas e até mesmo a automedicação. Mas o especialista Leonardo Moreira explica que o resultado é ilusório.
“Na verdade, você pode mascarar os sintomas da agressão: a dor de cabeça, a náusea, ou a desidratação – a pessoa usa um isotônico – mas a agressão existiu. Você está tratando um machucado, mas está machucado”.
Riscos
O especialista alerta para os riscos que o álcool traz à saúde – independentemente da quantidade consumida.
Ele explica que inclusive o beber moderado já tem um risco – tanto de câncer – de alguns tipos de câncer – quanto de lesão no sistema nervoso central.
“Essa é a questão: é uma roleta russa e a gente não sabe qual é vulnerabilidade, a predisposição que eu tenho pra desenvolver ou um câncer de boca, ou de laringe, ou do estômago ou no intestino ou outro tipo de câncer”, comentou, ressaltando a seguir: “ou desenvolver uma lesão no meu cérebro, ou uma lesão no meu coração e desenvolver uma miocardiopatia alcoólica. Não dá para saber. E aí que vem o risco”.