Na manhã de ontem (01/12), uma mulher de 30 anos foi alvo de um mandato de busca e apreensão pela Policia Civil de Cachoeiro, suspeita de desviar mais de R$ 1 milhão da clínica em que trabalha. Os policiais apreenderam três carros e duas motos, na mansão luxuosa em que a suspeita reside. Simultaneamente foram apreendidos documentos e outros itens.
O delegado Rafael Amaral, titular da Delegacia Especializada em Investigações Criminais (DEIC), responsável pelo caso, participou da ação. Ele apreendeu um aparelho que auxiliava nos procedimentos de lipoaspiração e que tinha sido levado da clínica, no valor de R$ 60 mil. Bem como dois notebooks, R$ 4 mil reais cada.
Neste primeiro momento de operações a suspeita não foi detida. Mas, o delegado poderá pedir a prisão a qualquer momento.
A Justiça já mandou bloquear duas contas, da suspeita e do marido, que totalizam R$ 290 mil. Além de um veículo Polo 2023, que já havia sido vendido pela suspeita.
E agora, o que acontece?
As investigações sobre o roubo milionário deverão apurar todos os fatos envolvendo o esquema de desvio de recursos. “As autoridades agora seguem o caminho do dinheiro. A polícia irá investigar como ela construiu um imóvel tão caro no prazo de um ano, com salário de R$ 4 mil. Como pagou aos fornecedores de materiais e serviços. Quem está envolvido e todos os outros fatos que envolvem o esquema desse desvio milionário.”, explica o advogado da clínica, Fábio Marçal.
Mas, como recuperar o dinheiro que já foi gasto? Além das contas e bens já bloqueados, Dr. Marçal explicou que uma das estratégias será pedir o arresto do imóvel. “Com o sequestro da mansão, o imóvel pode ir a leilão e, dessa forma, restituir o dinheiro furtado da vítima”, aponta.
Penalidades
As penalidades dependem dos resultados colhidos pelas investigações. Nesse contexto, há três principais probabilidades. Primeiramente, furto qualificado com abuso de confiança; seguido de lavagem de dinheiro e apropriação indébita. Porém, caso a polícia comprove o envolvimento de mais duas pessoas no esquema, então ficará configurado o crime de organização criminosa.
Caso a justiça indicie a funcionária por todos esses crimes, ela poderá ser condenada até 20 anos de detenção.
Whatsapp delator
O esquema começou a vir à tona para o proprietário da clínica, em agosto desse ano. Um amigo que havia sido avalista na compra de um aparelho descobriu que estava com o nome negativado. Isso resultou em um prejuízo de R$ 82 mil na compra de dois veículos.
Assim, se dirigiu à clínica para questionar com a funcionária, responsável pelo financeiro da clínica desde 2020, o que havia acontecido. Então, ela se desculpou e propôs ao avalista passar um pix naquele valor. E pediu para que ele não relatasse o fato ao proprietário da clínica.
Roubo Milionário
Diante dos fatos, o médico transferiu a funcionária para outro departamento. Mas, se negou a devolver o celular da empresa que utilizava no departamento Financeiro. Portanto, o proprietário avisou que chamaria a polícia. E, quando o aparelho foi entregue, havia dezenas de conversas com clientes apagadas. Logo em seguida, a polícia recuperou as mensagens em que a funcionária pedia dinheiro em espécie ou depósitos na conta dela e até do marido.
A descoberta assustou bastante o médico proprietário da clínica que realiza cirurgias estéticas. Primeiramente pelo fato da funcionária ser de “total confiança”. E também porque entendeu naquele momento que iria desvendar as razões de alguns momentos de dificuldade orçamentária da clínica, quando não se registrava o retorno esperado.
E o proprietário teve certeza de algo errado durante a troca de função da mulher. Isso porque ela não quis entregar o celular da empresa. Por fim, foi no celular que os administradores encontraram mensagens com pedidos para clientes realizarem parte do pagamento em dinheiro e se assustaram. Afinal, o procedimento solicitado pela funcionária não fazia parte da política da empresa.
Conforme destaca Fábio Marçal, “não houve prejuízos para os clientes. Os prejuízos foram com a clínica”. Isso porque, ela não cobrava a mais. Apenas não repassava parte dos valores recebidos para a empresa, pois contava com a total confiança do proprietário.