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São os brinquedos que sentem falta das crianças

ESCRITORAS CACHOEIRENSES - Emília Nazaré. No centro de uma cidade turística da região serrana, o enorme parquinho da praça central, tão bem cuidado e que já alegrou a infância de tantas crianças, inclusive a minha, estava vazio. Ao caminhar por ele em busca de imagens para registrar e lembranças para me transportar a um tempo diferente

No centro de uma cidade turística da região serrana, o enorme parquinho da praça central, tão bem cuidado e que já alegrou a infância de tantas crianças, inclusive a minha, estava vazio. Ao caminhar por ele em busca de imagens para registrar e lembranças para me transportar a um tempo diferente, a verdade foi que eu me senti em uma espécie de “cidade fantasma”, enquanto, sob um quente sol do mês de setembro naquela cidade onde o frio é mais presente, várias crianças estavam sentadas nos bancos mexendo nos celulares.

Onde se escondeu o brincar criativo das crianças? Onde estão as filas e as brigas pela vez de usar o balanço? Há alguns anos, estive com um grupo de amigos num lugar onde havia amarelinhas pintadas no piso de uma quadra poliesportiva e, quando chamamos as crianças para brincar, elas não sabiam nem onde jogar a pedra! Os adultos, mesmo longe das suas melhores formas, ganharam “de lavada” das crianças na brincadeira, mas tal episódio nos deixou uma percepção bem amarga quando à falta de uma infância mais lúdica.

Na rua onde eu moro, há crianças que brincam de pique. Isso se tornou tão raro nos dias de hoje que, toda vez que ouço a gritaria deles, meu coração se aquece. Às vezes, chegam à minha janela e pedem balas; outras, pedem linha de costura para consertar suas pipas, e sempre que posso, atendo aos seus pedidos com alegria.

Não falta muito tempo para que eles se reúnam para brincar sem saber que aquela é a última vez. Por isso, nós, adultos, devemos incentivar o melhor aproveitamento dessa fase que passa tão rápido! Daqui a pouco, a vida escolar aperta, outros interesses surgem, como o próprio celular, a mente se adapta à nova enxurrada de informações e, de repente, a infância terá acabado!

Quando pensamos nisso, quando nos lembramos de como a nossa infância acabou sem que percebêssemos, a imagem do parquinho vazio torna-se ainda mais melancólica, como se estivesse comunicando que, depois de tantas histórias, são os brinquedos que sentem falta das crianças.

Emília Nazaré é cachoeirense adotiva, passou a infância na cidade, cresceu no Rio de Janeiro alimentando o sonho de um dia voltar, e retornou ao ES em 2020. Atualmente, reside na Grande Vitória. Escreve desde a infância e já teve publicações em diferentes formatos

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Respostas de 18

  1. Aqui perto de casa tem um parquinho maravilhoso e as crianças até gostam, mas não tem como elas frequentarem, pois passou a receber diariamente usuários de drogas, exatamente por ser um lugar tranquilo e arrumado, triste!

    1. Sim! É claro que as facilidades trazidas pela tecnologia são boas, mas não deveriam roubar algo que faz tão bem à nossa formação como pessoas!

  2. Minha amiga maravilhosa! Que relato emocionante, que fatos bem expostos! Nossa luta como pais, mães, educadores, profissionais de saúde sempre será, o resgate da infância pura, da leveza das brincadeiras inocentes e os momentos ao ar livre… Obrigada, por este lindo texto!

    1. Pois é! Nós já estivemos lá e sabemos como chega ao fim quando menos esperamos! Por que não aproveitar melhor esse tempo que é tão valioso, exatamente por ser curto?

  3. Emilia, captou a essencia do que realmente vale na vida. Eh preciso “passarinhar” muito na infancia para que o mundo adulto seja menos competitivo e fraterno.

  4. Emília, que linda sensibilidade sobre o tempo, nossas mentes, emoções e gerações. A imagem do balanço, mesmo vazio, o que antes era tão disputado, faz pensar sobre os movimentos de uma vida. Movimentos que nos levam sempre para outro lugar. Hoje o balanço da praça é o símbolo da nossa saudade. Refletimos sobre o que marcará as gerações futuras dos não-lugares. Abraço e até a próxima. Alex Príncipe

    1. Dá para estender muito essa discussão! Nós temos os nossos símbolos, as nossas materialidades sólidas… o que terão os mais novos nas próximas décadas?

  5. Aqui tem algumas praças, mais a infância não é mais como antes, a rotina corrida dos pais e o mundo cruel que estamos vivendo,não deixamos as crianças explorar tanto como deveria.
    Temo cada vez mais pelo futuro, o que serão de nossas crianças ?

  6. Cada vez mais me orgulho da sua sensibilidade, e ser humano q se tornou.
    É triste ver os brinquedos vazios.
    A modernidade, a tecnologia tão necessária, muitas vezes entristece.
    Você, cresceu, aconteceu e o amor floresceu em todo seu eu.Amo tu!

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