Profissionais da saúde de Cachoeiro de Itapemirim estão denunciando o que consideram uma manobra do Sindicato dos Estabelecimentos de Saúde do Sul do Estado (Sitesci) para dificultar o exercício do direito de oposição ao desconto da contribuição sindical.
Segundo os trabalhadores, o sindicato avisa as empresas em cima da hora sobre o prazo para a entrega da carta de oposição, deixando pouco tempo para que todos os funcionários possam ser encaminhados ao local.
Como o prazo é extremamente curto, formam-se grandes filas na sede do sindicato e muitos trabalhadores acabam não sendo atendidos a tempo.
A radiologista Virgínia Helena Monteiro, que atua em uma empresa com 60 funcionários, relata que o sindicato distribuiu número limitado de senhas e deu prazo até a manhã desta quarta-feira (18) para que a carta de oposição fosse entregue.
“É sempre a mesma coisa. Eles reduzem o prazo, criam exigências e dificultam o nosso acesso. Mesmo quem não quer pagar, acaba tendo o desconto feito por não conseguir entregar a carta a tempo”, reclama.
Ela explica que, além do prazo apertado, há outras exigências: a carta deve ser escrita de próprio punho, assinada e entregue pessoalmente na sede do sindicato. “Todos os anos é essa agonia. Chegamos e já está cheio, com filas enormes. Teve ano em que cheguei às 16h e a sede já estava fechada. Não é justo”, completa.
Marcela dos Santos Siqueira é técnica de enfermagem e saiu direto do plantão de 24 horas para entregar sua carta. “Eu me sinto humilhada. Ano passado cheguei às 7h e saí daqui às 11h. Todo ano é isso. Tem gente do sul do estado todo nessa fila”, reclama.
Fabiano Martins da Silva também é técnico de enfermagem e reclama da situação de filas enormes que se repetem ano após ano. E diz que esse ano ainda está bom porque não está tão quente. “Isso é um descaso com a enfermagem. Isso tinha que ser on-line. Eles não avisam com antecedência. Fiz a carta de madrugada porque só soube ontem a noite. A gente tinha que ser mais respeitado. Estamos na fila sem café, sem água, sem fila prioritária. A gente tem que pedir almoço e alguns vizinhos colocam água, café e biscoito”, relata.
O que diz o sindicato
A presidente do Sitesci, Joana Darck Caetano, contesta as críticas e afirma que o sindicato está agindo dentro da legalidade e com transparência.
Segundo ela, mais de mil cartas de oposição foram recebidas só nesta terça-feira (17), o que mostra que o atendimento está acontecendo de forma organizada.
Ela explica que a comunicação às empresas foi feita com antecedência através do sindicato patronal e que os trabalhadores tiveram dois dias úteis para se manifestar.
“Não é verdade que avisamos em cima da hora. Quem representa as empresas sabia desde a semana passada que a convenção coletiva seria fechada agora”, afirmou.
De acordo com Joana Darck, o atendimento no sindicato é das 8h às 12h e das 14h às 17h, como prevê a convenção. Ainda segundo ela, às 11h30 foram distribuídas 60 senhas para garantir que quem estava na fila não perdesse a viagem, depois de mais de 600 trabalhadores já terem sido atendidos no período da manhã.
A presidente garante ainda que às 16h30, novas senhas foram entregues para garantir que todos da fila fossem atendidos e respeitados.
Ela também explicou por que a carta precisa ser escrita à mão e entregue pessoalmente: “Isso é para proteger os trabalhadores que querem continuar contribuindo com o sindicato, mas que muitas vezes sofrem pressão de patrões, gerentes, coordenadores ou chefes do RH para desistir, esclarece.
E afirma: tem empresa que até faz um modelo da carta e manda em grupos de WhatsApp, e que receber essa carta por e-mail deixaria o trabalhador mais exposto a esse tipo de coação.
“Existe uma campanha violenta contra o trabalho sindical, inclusive mentindo sobre os valores do desconto para assustar os trabalhadores. O desconto é de 2% ao mês sobre o salário base do trabalhador e ao passar a informação, usam de má fé e passa o valor do desconto do ano todo como se fosse por mês”, acrescentou.
Joana Darck reafirma que o sindicato trabalha para proteger o trabalhador. “Muitos têm medo de se sindicalizar, outros sabem que, mesmo contribuindo sem se filiar formalmente, continuam tendo a proteção do sindicato”, destacou.
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