O Espírito Santo, que já foi referência nacional na produção de alho, começa a retomar espaço no setor graças ao uso de sementes livres de vírus e ao apoio técnico de pesquisadores.
A tecnologia, introduzida por meio de parceria entre Incaper, Embrapa Hortaliças e Ministério do Desenvolvimento Agrário, permitiu que agricultores familiares alcançassem até 16 toneladas por hectare, bem acima da média estadual (9 t/ha) e da nacional (13 t/ha).

Os resultados foram apresentados no encontro que marcou o fim do projeto “Apoio ao fortalecimento da cadeia de valor do alho na região central do ES”, realizado no CPDI Serrano, em Domingos Martins.
Produção cresce e qualidade melhora
Experimentos feitos em várias cidades registraram produtividades entre 12 e 16 t/ha, com destaque para Santa Maria de Jetibá.
Além de colher mais, os agricultores passaram a produzir bulbos maiores e mais uniformes, aumentando o valor comercial do alho.

O agricultor Rosemiro Schmidt, de Santa Maria de Jetibá, afirma que a mudança foi profunda:
“Eu sempre trabalhava com alho crioulo e sofria com pragas e doenças. Agora, com o alho livre de vírus, produzo mais, com melhor qualidade e menor custo. A venda ficou muito melhor.”
Ele destaca que o suporte técnico foi essencial para aprender o manejo correto, como o momento ideal de cortar a irrigação.
Sementes distribuídas e multiplicação local

Em três anos, o projeto distribuiu 536 kg de sementes livres de vírus, beneficiando 116 agricultores familiares.
As variedades mais usadas foram Gigante Roxo e Amarante. Em testes, também foram entregues sementes das variedades nobres Ito e Quitéria.
Alguns agricultores foram selecionados como multiplicadores de sementes. Isso reduz custos e amplia o acesso ao alho-semente, que pode representar até 30% do custo da lavoura.
Rosemiro vê oportunidade na iniciativa. O produtor diz que quer a família como produtora de sementes.
“A comunidade já procura por elas. Isso deve aumentar a produção de alho de qualidade na nossa região”, enfatiza
Tecnologia de ponta no campo
O projeto utiliza um dos protocolos mais avançados do mundo para limpeza de vírus, desenvolvido pela Embrapa.
O processo envolve termoterapia, cultivo de ápices caulinares, bulbificação in vitro e testes como ELISA e PCR.
Matrizes livres de vírus são mantidas em telados com proteção contra insetos.
Dois desses telados foram instalados no CPDI Serrano. Todo o alho-semente entregue aos agricultores passou por esse controle sanitário.
A pesquisadora Andréa Costa explica que as viroses podem reduzir a produtividade entre 30% e 50%, prejudicando o tamanho e a qualidade dos bulbos.
Ela destaca que o potencial produtivo ainda vai crescer, podendo chegar a 20 t/ha.
Expansão para novas áreas

Além da região serrana, experimentos foram feitos em cidades que não tinham tradição no cultivo, como Linhares, Colatina e Muqui.
Os resultados mostraram que o alho pode ajudar a diversificar a produção da agricultura familiar.
O projeto também ofereceu capacitações sobre manejo e práticas sanitárias.
Próximas etapas
A equipe de pesquisa já apresentou ao MDA uma proposta para a segunda fase do projeto, prevista para 2026.
A nova etapa prevê ampliar a produção, testar novas variedades e fortalecer a rede de multiplicadores.
Está programado também um intercâmbio técnico na Bahia, um dos maiores polos do país.
O Espírito Santo produziu 863 toneladas de alho em 2024. Para os pesquisadores, os novos resultados mostram que o Estado pode recuperar a força na cultura.
“Estamos abrindo um novo ciclo, mais competitivo e sustentável”, afirma a pesquisadora Andréa Costa.
O pesquisador Francisco Vilela complementa: “Com sementes livres de vírus e bom manejo, é possível consolidar novamente a produção de alho no Espírito Santo.”
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