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Sobre homens e montanhas: a misteriosa múmia do Pão de Açúcar

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Marcio do Nascimento Santana
Os desbravadores da Chaminé Gallotti e da Múmia

 

“Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha”. Confúncio

 

Era manhã do dia 19 de setembro de 1949, por volta das sete horas da manhã, quando cinco amigos se encontravam na Praça General Tibúrcio, na Praia Vermelha, para escalar o Pão de Açúcar.

Os amigos eram: Antônio Marcos de Oliveira, Laércio Martins, Patrick White, Ricardo Menescal e Tadeusz Hollup.

Os cincos amigos decidiram que não iriam realizar uma escalada qualquer e, ao invés de desafiar o paredão de 396 metros de altura por uma das três vias de acesso já desbravadas, os nossos intrépidos montanhistas, membros do Clube Excursionista Carioca (CEC), decidiram explorar uma quarta trilha, ainda mais perigosa e arrojada que as anteriores.

Ao iniciarem o desafio, em meio à Mata Atlântica, em uma clareira que dá acesso ao paredão, o escalador Hollup, então com 19 anos, desconfiou que algo estava errado, quando avistou um sapato de mulher, deteriorado pelo tempo, jogado ao chão no meio de uma mata virgem, e imediatamente veio a pergunta na cabeça de nossos heróis: como aquele sapato foi parar ali?

“Será que, daqui a pouco, vamos encontrar a dona do sapato?”, perguntou Hollup, em tom de brincadeira.

Embora surpresos, os montanhistas seguiram adiante para o seu destino, desbravar o grande lance de chaminé, que mais tarde viria a ser conhecido como Chaminé Gallotti, em homenagem ao senador Francisco Benjamin Gallotti (1895-1961). Os conquistadores levaram quase cinco anos para concluir aquela que seria por vários anos, uma das vias mais difíceis de ser escalada no montanhismo brasileiro.

 

A Múmia

Continuando nossa aventura, Oliveira, o mais novo do grupo, com apenas 18 anos, já escalava a encosta do morro. Quando já se encontrava a 120 metros de altura aproximadamente e por volta das 11h30 da manha ele se deparou com um cadáver, preso pela garganta, numa fenda estreita da rocha, tecnicamente conhecida pelos montanhistas de “chaminé”.

 

A múmia presa de forma sinistra na fenda pela garganta. Foto: Divulgação

E qual foi a surpresa de todos: o cadáver não estava em estado de putrefação e sim completamente mumificado. E eles então acreditaram que poderiam ter achado a dona do sapato.

Com a descoberta da múmia tudo mudou e a escalada teve que ser deixada temporariamente de lado e o foco foi resolver o mistério da Múmia do Pão de Açúcar. Então os cinco montanhistas se organizaram e acionaram as autoridades e tiveram um pouco de trabalho para levar os bombeiros, o legista, o delegado e repórteres à base da via. O corpo já estava ali há vários meses e quem sabe anos e foi descido pelos próprios escaladores com corda. Era um esqueleto puro, com bastante cabelo, com pele ressacada e incrivelmente preservada por cima.

 

Apenas um homem

A múmia, segundo o laudo do médico-legista José Seve Neto, era de um homem, logo não seria possível ele ser o dono do sapato encontrado. O mal entendido foi desfeito e ainda de acordo com o laudo, o defunto vestia um suéter e uma camisa sem mangas de algodão e não apresentava sinais de fratura, nem vestígio de bala ou facada. E o pior, a múmia não trazia documentos, dificultando ainda mais a sua identificação em um tempo onde não existia ainda as modernas técnicas de identificação por exames de DNA. Coube à imprensa essa difícil tarefa.

 

A múmia de outro ângulo. Foto: Divulgação

 

A múmia de outro ângulo

Mesmo com fotos e muita divulgação, ninguém da sociedade carioca se manifestou para identificar o corpo. De acordo como o jornal O Globo, os restos mortais pertenciam a indivíduo de cor branca, com 35 anos presumíveis, de constituição física franzina e com 1,60 m de altura.

 

Destino da Múmia

Após esse evento, esse homem ficou conhecido como a Múmia da Gallotti e infelizmente, ao invés dessa incrível descoberta ser guardada em algum museu para fins de estudos, a nossa múmia foi enterrada como indigente por falta de documentação e reconhecimento familiar.

Ate hoje não conseguiram descobrir como aquele corpo foi parar ali e como conseguiu se manter em perfeito estado de conservação (a ciência diz que a maresia poderia ter sido a grande responsável), e ainda como conseguiu parar exatamente naquela posição na chaminé. Portanto, o mistério, mesmo após 70 anos, ainda perdura.

Após a “descoberta” macabra, a tão sonhada conquista da chaminé Gallotti, só foi alcançada cinco anos depois, em dezembro de 1954.

Icônica foto dos heróis da Gallotti anos depois. Foto: acervo de Hollup

 

O Certificado

Quem escalava a Chaminé Gallotti recebia um certificado de conquista assinado pelos cinco montanhistas, porém a medida que eles foram falecendo as assinaturas também foram se reduzindo nos certificados, caindo para quatro, tres, duas e até chegar a apenas a uma assinatura e atualmente creio que nenhuma assinatura será mais expedida pois Tadeusz Hollup, o último dos grandes desbravadores da Chaminé Gallotti, infelizmente faleceu no dia 27 de agosto de 2018, aos 88 anos. Quem possuir o certificado com as cinco assinaturas tem uma verdadeira relíquia histórica nas mãos.

A esses valorosos e corajosos heris fica aqui minha homenagem.

 

Para frente e para o alto;

Montanha Brasil.

Para saber mais, confiram a incrível matéria com Cleyton Conservani:

https://globoplay.globo.com/v/6235566/

 

Segue um video no youtube

 

Marcio do Nascimento Santana, Historiador com formação em Arqueologia, Montanhista e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro de Itapemirim
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