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Cordilheira Elbruz, a maior cadeia de montanhas do Irã e que já foi lar da Ordem dos Assassinos. Foto Divulgação

Sobre Homens e Montanhas: A Ordem dos Assassinos

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Marcio do Nascimento Santana
O Castelo de Alamut reconstruído digitalmente. Foi o quartel general da Ordem dos Assassinos. Foto divulgação.

 

O oceano é mais antigo do que as montanhas e está cheio com recordações e sonhos do tempo.  H.P. Lovercraft 

 

O Monte Alamut

O monte Alamut, que em persa significa “ninho da águia”, se eleva a impressionantes 2.100 metros. Fica localizado na vastíssima cordilheira Elbruz, onde também se localiza a montanha mais alta do Irã, o pico Damavand com 5.610 metros de altura, ao sul do mar Cáspio perto da cidade de Qazvin , a 100 quilômetros da atual Teerã.

Mas o que torna o Monte Alamute tão especial? Simples, pelo fato de no passado ele abrigar o Castelo que seria a base da temível e lendária Ordem dos Assassinos, que era liderada pelo Velho da Montanha.

 

O Velho da Montanha 

O Velho da Montanha era a outra alcunha de Hassan Sabbah, o fundador da Ordem dos Assassinos, e originalmente um missionário ismaelita, cujo sangue descendia de nobres famílias persas, nascido na cidade de Qom. Estava envolvido em uma  luta familiar pelo poder entre a casa real egípcia e de Bagdá.

Sentindo-se ameaçado, ele decide fundar uma ordem secreta de assassinos para enfrentar os seus adversários, e que mais tarde essa ordem seria considerada uma seita dissidente do Islã. E assim para consolidar o seu projeto de poder, ele compra por 3 mil dinares de ouro a fortaleza que serviria de base para os seus planos, o castelo de Alamut, localizado no topo do Monte Alamut, daí a origem de seu apelido.

 

O Castelo de Alamut

O Castelo de Alamut possui uma posição estratégica privilegiada, e tem ao todo uma área com cerca de 20 mil metros quadrados. E foi construído a partir de pedras e argamassa de gesso, e tem dois pavimentos superiores e dois pavimentos  inferiores, e possui  apenas uma entrada que fica localizada na parte  oriental do castelo. E também nessa parte  existem ruínas que já foram baias de animais, celas, reservatórios e quartos. A água para alimentar essa fortificação era fornecida de nascentes, como a mais importante a de Calder, através um sistema de tubulação de cerâmica.

 

Castelo de Alamut atualmente, quase todo em ruinas. Foto divulgação

O Castelo orginalmente possuía quatro torres, porém com o passar dos anos hoje só restam três torres. E a trilha que leva ate ele, e ao topo da montanha seria um trekking de médio a alto grau de dificuldade, no meio de uma trilha cheia de ziguezague por entre seus vales e por sua encosta.

 

A Ordem dos Assassinos

A Ordem criada pelo Velho da Montanha foi fundada no ano de 909 DC e era disciplinada e altamente treinada em combate corpo a corpo e especialista nas artes da furtividade e da dissimulação. Eles eram considerados por muitos historiadores como os ninjas do oriente médio.

Como parte de seu treinamento, eram treinados para suportar a dor e a tortura e se necessário se suicidarem para não comprometer a missão, e eram obrigados a andarem uniformizados quando estavam na dependência do castelo. As cores de seus trajes eram da cor branca um cordão vermelho enlaçando-lhes a cintura, cores que curiosamente seriam adotadas mais tarde pelos cavaleiros templários.

 

Hassan Sabbah, o mentor e criador da Ordem dos Assassinos.

 

Os assassinos eram recrutados após serem atraídos para o castelo de Alamut, por Hassan Sabbah, onde escolhiam os jovens mais capazes e os drogavam com haxixe, além de oferecerem as mais lindas jovens, ofereciam perfumes, vinho, iguarias deliciosas e outros prazeres. E assim convencidos que Hassan poderia os levar ao Paraiso eles se submetiam aos seus caprichos e ordens e quando recebiam uma missão, camuflavam-se e se misturavam aos mendigos das cidades da Síria, da Mesopotâmia, do Egito e da Palestina para não levantarem suspeitas e em meio à multidão urbana, eles eram “adormecidos”, levando uma vida comum e pacata  sem chamar atenção, até que um emissário lhes trazia a ordem para “despertar” e atacar.

A ordem logo foi crescendo e se tornando temida por todo mundo oriental e ocidental, e geralmente o Velho da Montanha, negociava as suas mortes, e mandava matar  oponentes políticos, comerciantes, líderes religiosos e qualquer um que ameaçasse os seus interesses.

Os assassinos também eram conhecidos como Nizaris.

 

A origem da palavra Assassino

Por se tornarem dependentes de haxixe, e pelo seu uso de forma ritualística, pois era muito comum entre os Nizaris, o consumo dessa droga antes de praticarem uma morte, eles eram apelidados de  “hashishin” ou “hashishino”. E uma vez que eles tiveram contato com os guerreiros de Cristo, essa palavra, como fenômeno da transliteração, foi  apresentada, para Europa como “assassinos” pelos Cruzados.

Uma outra versão no entanto diz que  Hassan Sabbah gostava de chamar seus discípulos de Asasiyun, ou seja, pessoas que são fiéis à causa, e que significa “fundação da fé”.

A palavra assassino se tornou uma palavra tão relevante que atualmente ela faz parte do vocabulário de inúmeros Países. Aqui no Brasil, em especial, embora ela não esteja incluída no Código Penal, ela se tornou uma espécie de sinônimo da palavra matar. Um legado dessa icônica  Ordem.

 

Assassin’s Creed a famosa franquia inspirada na verdadeira Ordem dos Assassinos. Detalhe para a cor do uniforme. Foto divulgação.

 

A Derrocada da Ordem dos Assassinos

A Ordem dos Assassinos se tornou muito poderosa e influente. Ela literalmente tinha o poder de alterar o destino de nações, inclusive eles enfrentaram o próprio Saladino que quase sucumbiu diante de um assassino. Por seu grande poder ela se torna uma ameaça ao mundo islã e também ao ocidente e no dia 15 de dezembro de 1256 o Castelo de Alamut, que outrora, acreditavam ser  uma fortaleza inexpugnável,  foi completamente destruída pela maquina de guerra do  império Mongol, sob o comando de Hulagu Khan, como parte da ofensiva mongol ao sudoeste da Ásia. O líder dos Assassinos rendeu-se sem batalha, na esperança que o Khan fosse misericordioso, algo que não ocorreu. E a ordem foi oficialmente extinta. Em 2004 um terremoto danificou ainda mais as paredes das poucas ruínas do forte que restaram, e hoje em seus escombros, apenas ecos de um passado glorioso se faz ouvir.

Em 1938, a lenda dos Assassinos foi romantizada no romance homônimo do escritor esloveno Vladimir Bartol. A Ordem dos Assassinos também  inspirou  a bem sucedida franquia de games Assassin’s Creed.

Para frente e para o alto;

Montanha Brasil.

Para saber mais:

 

Marcio do Nascimento Santana, Historiador com formação em Arqueologia, Montanhista e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro de Itapemirim

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