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Rapel: mais que um esporte, uma arte de contemplação. Foto: Divulgação

Sobre homens e montanhas: a origem do rapel

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Marcio do Nascimento Santana

ARTIGO: Marcio do Nascimento Santana, historiador, montanhista, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro de Itapemirim.

A montanha só é alta quando olhamos de perto. Se a escalada não é sua, não menospreze a dificuldade.
Thays Zulato

Por se tratar de uma atividade criada a partir das técnicas do alpinismo, essa prática merece um artigo, pois o rapel hoje é o melhor, mais seguro e mais prazeroso meio de descensão de uma montanha. E muito mais que interagir com o meio alpino, o rapel evoluiu para além das montanhas, sendo amplamente utilizado para outros fins, inclusive para esporte. Ou seja, o rapel ganhou uma identidade própria.

Rapel e suas origens

O rapel foi inventado em 1879, por um francês chamado Jean Charlet Stranton e seus companheiros Prosper Payo e Frederic Folliguet, durante a escalada do Petit Dru, um paredão de rocha coberta de gelo e neve, perto de Chamonix, na França.

O rapel “primitivo”. No Brasil conhecido com rapel simples

 

A palavra rapel significa “chamar” ou “recuperar” e surgiu quando seu criador explicava a técnica depois de superar o monte: “je tirais vivement par ses bouts la corde qui, on se le rappelle…” que quer dizer em tradução livre “Quando chegava perto de meus companheiros eu puxava fortemente a corda por uma de suas pontas e assim a trazia de volta para mim…”, ou seja, durante a atividade, ele mantinha a corda presa vigorosamente em sua mão, ou seja em “dupla”. Quando terminava a descensão, ele puxava apenas uma das pontas e assim soltava a corda.

Fatos anteriores a Jean Charles Straton

Além de Jean, existem outras várias versões para a explicação da origem e de quando surgiu o rapel, e como ele foi utilizado pela primeira vez.

A mais famosa dentre todas essas teorias alternativas talvez seja aquela que data do final do século XIX, quando escaladores e espeleólogos franceses exploravam os cânions e cavernas dos Pirineus (montanhas que separam o Norte da Espanha do Sul da França), criando então uma técnica para descida mais segura.

Historicamente, as primeiras técnicas de rapel foram realizadas sem um sistema de freio. A travagem era realizada pelo atrito da corda nas mãos ou em torno do corpo do escalador, o que poderia causar queimaduras, cortes, quedas e roupas rasgando. E muitos perderam a vida nessa empreitada.

Ainda hoje, o rapel primitivo sendo utilizado como técnica backup

O primeiro freio ou descensor

O primeiro freio de montanha usado para rapel foi o descensor criado pelo francês Pierre Allain (1904 a 2000) em 1934, que também se tornaria mais tarde o precursor do moderno Freio em Oito. Os franceses foram os grandes inovadores no montanhismo, praticamente os pioneiros, esse aparelho também é conhecido como Gancho da Morte. Tendo em vista a dificuldade do manuseio, embora servisse para descenso, o risco de acidentes, da corda (que na época eram feitas de cisal), se soltar eram enormes. Esse freio foi muito utilizado por montanhistas e espeleólogos.

O mais antigo aparelho de descensão do mundo. O precursor do freio em 8.
O Gancho da Morte e o modo de utilizar a corda.

Prussik, rapel mais seguro

O estabelecimento de método utilizando o nó “Prussik”, um nó auto-blocante aplicado diretamente na corda principal, para a criação de um sistema auto-seguro, inventado por Karl Prussik, que conseguiu reduzir consideravelmente o número de acidentes.

Nó prussik

Felizmente, graças às atuais tecnologias, estas técnicas antigas, arriscadas, não são mais usadas hoje em dia. Porém, muitos ainda dominam o rapel primitivo como uma técnica de backup, caso seja necessário. Inclusive os militares.

Abaixo, à esquerda, o descensor de Pierre Allain e a sua direita o Freio em “8”, a sua evolução

No Brasil

A introdução do rapel no nosso país se confunde com o marco do montanhismo brasileiro, a conquista do Dedo de Deus (embora exista controvérsias, mas isso é outra história) em 1912, e nessa época, esse pico já era uma montanha famosa no mundo todo.

Despontando da Serra dos Órgãos, na cidade de Teresópolis, ela podia ser vista até da capital da República da época, a cidade do Rio de Janeiro. Com sua forma de dedo, apontando para o céu, a montanha de 1.692 metros de altitude impressiona pela beleza e imponência.

Naquele ano, uma equipe de montanhistas alemães tentou escalar o Dedo de Deus. Sem conhecer a realidade da montanha brasileira, com suas paredes lisas e inclinadas, estes montanhistas não conseguiram subir até o cume e, mesmo sem conseguir, eles utilizaram a técnica de rapel para descender a montanha. Que mais tarde seria conquistada pelo caçador Raul Carneiro, e os irmãos Américo, Acácio e Alexandre de Oliveira e o ferreiro, natural de Pernambuco, José Teixeira Guimarães para compor o grupo e tentar escalar a montanha.

Com a evolução das técnicas de montanhismo e claro toda vocação natural de nosso país para o alpinismo, consolidou essa prática secular como uma atividade esportiva amplamente praticada em quase todo território nacional.

Atualmente

O rapel ganhou diversas utilidades, como na espeleologia, auxílio para o Corpo de Bombeiros, limpeza de prédios e fachadas, manutenção de torres de telecomunicações, pintura de prédios, uso militar, manutenção de plataformas de petróleo, para coletas de sementes por biólogos nas grandes árvores para manutenção de poços… entre outras funções, e é claro se tornou um esporte independente do montanhismo.

Rapel de helicóptero

Conclusão

O rapel é um esporte totalmente seguro, um filho de um pai orgulhoso chamado montanhismo, e como considerações finais peço a todos os leitores e praticantes que se lembrem sempre que todo o equipamento deve ser conferido antes de ancorar o praticante à via de rapel. Após estar devidamente ancorado na via de rapel, ao se aproximar do ponto de início da descida, deve procurar o melhor posicionamento mantendo os pés afastados para que haja maior equilíbrio.

Observando todas as regras de segurança, ao iniciar a descida o praticante deve escolher a melhor forma de se posicionar conforme o local, lembrando que em nenhuma hipótese poderá soltar, da corda, a mão que controla a descida.

Para frente e para o alto;

Montanha Brasil.

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