Eu não sou apenas um lobo solitário, eu sou uma espécie de Sísifo, que nunca atinge o cume. Eu sou o Sísifo e a pedra que empurro para cima da montanha é minha própria psique.
Reinhold Messner
Genghis Khan
Esse hábil líder mongol dispensa qualquer apresentação, pois e notório seus extraordinários feitos que ecoaram pelos séculos, fazendo dele um herói nacional e um dos maiores líderes da Mongólia. Entre esse feitos estão a vitória sobre a grande Muralha e consequentemente de toda a China a conquista do Império Tangute, e a conquista de outros territórios que formariam um império de mais de 20 milhões de quilômetros quadrados.
Ele governou tudo entre o Oceano Pacífico e o Mar Cáspio. Porém, depois de sua morte, ele pediu para ser sepultado em segredo, em um local desconhecido e que assim permanecesse por todos os séculos. Então um exército enlutado fielmente fez o traslado de seu corpo para casa, matando qualquer um que encontrasse para esconder a rota e também para proteger a integridade do corpo de seu general.
Quando o imperador foi finalmente enterrado, seus soldados montaram sobre 1.000 cavalos e pisotearam sua tumba para destruir qualquer vestígio restante. E essa tumba caros leitores é o foco do meu artigo, uma vez que ela pode estar localizada no seio de uma montanha.
A Montanha Burkhan Khaldun
O local do túmulo desse bravo guerreiro, falecido em 18 de agosto de 1227, tem sido objeto de veneração, especulação e pesquisa. Por ser um local desconhecido, indícios arqueológicos apontam fortemente que a suposta localização desse santo graal da arqueologia asiática seria em alguma parte nas proximidades da montanha sagrada mongol de Burkhan Khaldun, na cordilheira de Khentii .
Burkhan Khaldun significa em dialeto local, “Montanha de Deus”, e se ergue a 2.350 metros de altitude, na Província de Khentii, Mongólia. Essa montanha é considerada sagrada devido ao culto ao deus Tengri. O mesmo deus que segundo a História, Genghis Khan teria orado para conseguir unificar o povo mongol e os demais povos das estepes, e por lograr êxito o nosso imperador a considerava sagrada.
Essa montanha é tão especial que ela recebe o mérito de ser o “berço” da nacionalidade da Mongólia, uma vez que foi lá que nasceu a ideia de unificar os povos mongóis pelo imperador e que também ela representa a herança da vida tradicional dos povos nômades dessa nação. E logo após a ascensão de Genghis Khan, a área ao redor dessas magníficas cordilheiras foram seladas para o povo, apenas a família real mongol, poderia entrar nesse local que possui cerca de 240 quilômetros quadrados. Quem invadisse seria punido com a morte. E ate hoje descendentes das famílias que se tornaram os primeiros guardiães dessa área, habitam e protegem com afinco esse local contra visitas indesejadas e estrangeiros, podendo adentrar essas terras apenas com a autorização do governo ou do ancião da aldeia. São fieis às ultimas ordens de seu imperador e escavações são proibidas.
Marco Polo
Marco Polo conta em seus relatos de viagem que os 2.000 escravos que compareceram ao funeral foram mortos pelos fieis soldados do Kahn, e que, por sua vez, foram mortos por outro grupo de soldados que matou qualquer um e qualquer coisa que cruzasse seu caminho. E por fim a história descrita pelo nosso amigo italiano afirma que esse último grupo de soldados ao chegarem ao seu destino, cometeram suicídio. Levando consigo o segredo da tumba do imperador.
Historiadores e arqueólogos
O Historiador Sodnom Tsolmon, professor na Universidade de Ulan Bator e especialista em história mongol do século 13, acredita que o fato de existir uma montanha sagrada, não significa que ele esteja enterrado ali.
E pelo fato da história supostamente narrar o pisoteio de mil cavalos sobre a tumba do imperador mongol, para não deixar nenhum vestígio leva os arqueólogos a acreditarem que tal manobra poderia ser impossível no topo da nossa montanha sagrada, e que se de fato isso ocorreu foi em uma planície ou em um vale dessa região montanhosa. Há especulações sobre o cemitério de Xiongnu como uma possibilidade.
Uma das ultimas grandes expedições arqueológicas na tentativa de encontrar a tumba ocorreu entre os anos de 2015 e 2016, e foi liderada pelo arqueólogo francês Pierre-Henri Giscard, especialista em arqueologia mongol, mas o resultado dessa expedição não invasiva a montanha não resultou a nenhuma publicação cientifica.
Patrimônio Mundial da Humanidade
A montanha e seus vales possuem uma flora riquíssima de estepe da Ásia Central e consiste em florestas de coníferas da taiga. Já existem 28 espécies de plantas relatadas no Livro Vermelho da Mongólia (Um livro destinado a listar espécies em raras e extinção, o Brasil possui um) sendo 15 dessas espécies raríssimas
A fauna e igualmente riquíssima, o que torna o acesso a essa montanha algo cada vez mais difícil. De acordo com o livro Vermelho da Mongólia existem as espécies raras de mamíferos como os cervos almiscarados, e aves raríssimas como a Águia-pintada-grande (Aquila clanga) e a Águia-pescadora de Pallas (Haliaeetus leucoryphus).
Logo diante do exposto a questão da tumba segue sem resposta e, que vai continuar assim por muitos anos até que o mistério possa ser finalmente revelado, principalmente porque toda a cordilheira ficou conhecido como o Ikh Khorig, ou “Grande Tabu”, e toda área, inclusive a montanha sagrada foi declarada Patrimônio Mundial da Unesco.
Isso reduz drasticamente as esperanças dos arqueólogos de um dia encontrar a tumba, já que junto com título vem a proteção internacional da montanha, que na visão dos mongóis é sagrada e por devoção ao seu maior imperador deve ser guardada e respeitada.
Para frente e para o alto;
Montanha Brasil.
Para saber mais:
https://www.youtube.com/watch?v=VfHx7WyApxE&t=2099s