A melhor parte é chegar no cume da montanha, porque a dor acabou. Dan Osman

 

De carpinteiro  a escalador

Daniel Eugene Osman, mais conhecido como Dan Osman ou simplesmente Dano, nasceu  no dia 11 de fevereiro de 1963 , e logo viria se tornar um dos mais excepcionais alpinistas que o mundo veio a conhecer. De berço humilde Dano trabalhava de carpinteiro (muito habilidoso, diga se de passagem) em meio período na cidade de Lake Tahoa Califórnia. E no outro período ele fazia o que realmente gostava, escalar rochas e montanhas.

 

Vida simples e inconsequente

Logo após terminar os estudos, Dan Osman abdicou da vida civilizada para passar uma temporada no Parque Nacional de Yosemite, lar da maior Big Wall do mundo, o magnifico paredão conhecido como El Capitan e também lar da icônica montanha conhecida como Half Dome. E assim, lá levava uma vida alternativa e  alheia às responsabilidades. Junto a amigos, Dan passava todos os  dias escalando naquelas montanhas e a noite ele se virava para dormir.

Por não ter muito dinheiro, se necessário apelava para o furto somente para se alimentar e pagar pelo banho. Quando trabalhava era apenas para  conseguir o dinheiro para comprar seus  equipamentos e continuar escalando.

Dan Osman se isolou completamente, não enviava cartas, ou telefonava e quando finalmente retornou a sua cidade natal ele e sua namorada tiveram uma filha, a quem deu o nome de Emma. Porém logo após seu nascimento Dan Osman se separou e voltou para seu reduto no Parque Yosemite, embora de atitudes irresponsáveis, ele sempre foi um pai presente e nunca deixou faltar nada para sua filha.

Sobre sua saúde, ele consultava-se eventualmente com um amigo médico e também escalador, que não cobrava por sua assistência, além de presentear Dan com equipamentos e acessórios.

 

Alpinista extraordinário  e o Free Solo

Dan era incomparável na difícil arte de escalar, agia e reagia como um computador, um bólido frio e preciso, onde ele se tornou o percursor do Free Solo ou escalada em livre, ele realizava altíssimas ascensões sem o uso de equipamentos de segurança,   escalando sempre com muita  velocidade e com movimentos  rápidos e precisos, sem direito a cometer erros.

Seu estado de concentração e adrenalina eram enormes, cada movimento era muito bem pensado e processado em questões de segundos em sua mente. Um erro seria fatal, e quanto mais alto ele chegava, mais alto era seu foco, determinação e atenção, e claro aliado a uma precisão de movimentos e coordenação motora inacreditáveis para um ser humano normal, sua força física era tão extraordinária quanto a sua performance. Tanto era a sua disciplina que ele jamais se permitia falhar, pois quanto mais perto do cume, mais próximo  estaria da  vitória, ou de uma queda fatal.

 

Se Stan Lee o conhecesse o classificaria como um super humano, um mutante ou um homem afetado por uma picada de uma aranha geneticamente modificada, sim caros leitores, um verdadeiro homem aranha inacreditavelmente dinâmico e inigualável nas grandes paredes rochosas dos Estados Unidos.

 

Master of Stone e o Rope Jump

Master of Stone(Mestres da Rocha)  é uma serie de escalada de Eric Perlman, e são vários documentários, seis ao todo, que dão destaque aos grandes nomes do montanhismo e escalada nos EUA e também no mundo. Uma serie impressionante e de altíssima qualidade técnica, e foi nesse contexto que ele apareceu, figurando entre os gigantes da escalada mundial, onde se destacou ao escalar solo e sem nenhuma segurança a via Atlantis, de grande dificuldade, no  Sequoia National Park. Além disso, ele também escalou igualmente em solo vias como a Airy Interlude, outra via com grande dificuldade técnica e escassez de agarras, em The Witch, também em Needles (nas Sierras da Califórnia).

E em todos os documentários era comum Dan nos abrilhantar com doses de adrenalina e de coragem ao realizar seus saltos em queda livre controlada com corda, ou rope jump, modalidade que ele criou e aperfeiçoou.

 

Fim da escalada

Dan Osman  veio a falecer em 23 de novembro de 1998, aos 35 anos, depois que sua corda falhou ao realizar um Rope Jump, salto de “queda livre controlada” da formação rochosa da Torre Inclinada no Parque Nacional de Yosemite. Ele anteriormente já tinha realizado vários saltos no local, porém não desarmou o sistema de cordas.

Dias depois ele voltou a Yosemite para desmontar a torre de salto, e não levou em consideração que o equipamento já estava lá há mais de um mês e que tinha sofrido com as intempéries mais severas como chuva e gelo e mais o desgaste e estresse natural da corda por sofrer com os grandes impactos. Mesmo assim, ignorando todos esses fatores, ele decidiu realizar mais alguns saltos, e já no primeiro deles a corda que o prendia arrebentou e ele sofreu uma queda de 285 metros de altura ou 995 pés, o  que o levou a óbito, colocando um ponto final a vida de um dos mais extraordinários montanhistas de nosso tempo.

Os peritos envolvidos em elucidar sua morte explicaram que o salto fez com que as cordas se enroscassem, fazendo com que entrassem em atrito uma nas outras em altíssima velocidade, gerando em consequência um derretimento entre elas devido ao grande calor gerado o que ocasionou em sua ruptura. Após sua morte, montanhistas se uniram e formaram um fundo de arrecadação de verbas para ajudar na criação de sua filha Emma Osman.

Houve uma enorme comoção e grandes homenagens no seu enterro, pois os amigos escaladores queriam entender a sua morte tão precoce. As suas cinzas  foram espalhadas em Cave Rock, no frio do Lago Tahoe.

A escalada perdeu um extraordinário alpinista e ao mesmo tempo ganhamos  um bravo e valente anjo da guarda.

Para frente e para o alto;

Montanha Brasil

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