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O vulcão Llullaillaco, a sétima maior montanha dos Andes e lar do mais alto sítio arqueológico do mundo. Foto Divulgação.

Sobre Homens e Montanhas: O Nazista e as ruínas Incas dos Andes

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Marcio do Nascimento Santana
Hans Ulrich Rudel: o nazista, piloto da Luftwaffe e montanhista que encontrou ruinas incas nos Andes. Foto divulgação.

 

Sobre cada montanha existe um caminho, embora não possa ser visto do vale.
Theodore Roethke

 

A segunda guerra já estava em seu desfecho apoteótico, com a vitória dos aliados. O que levou vários nazistas a fugirem da Alemanha e também de outros lugares da Europa para a América do Sul, em especial, para Argentina, que nesse momento histórico era governada pelo presidente Juan Domingo Perón, que nutria muita  simpatia pelas doutrinas do Terceiro Reich. E para escapar dos tribunais militares, os criminosos alemães já tinham planejado várias rotas de fuga, também conhecidas como Ratlines, ou rota dos ratos. E em uma delas desembarcou na terra dos Hermanos,  o anjo da morte, Josef Mengele, que mais tarde seria ajudado por outro nazista e piloto de elite da Luftawaffe Hans Ulrich Rudel, o alemão que é o tema desse texto.

 

Hans Ulrich Rudel

Rudel se rendeu às forças dos EUA em 1945 onde foi julgado e, pasmem amigo leitor, se livrou de todas as acusações de crimes de guerra, e assim se tornou consultor da Força Aérea Norte Americana, participando do projeto que desenvolveu o  mais temível avião de ataque ao solo de todos os tempos, o A10 Thunderbolt.

Logo após uma breve experiência com os norte-americanos, ele desembarcou  na Argentina em 1948, onde foi acolhido e fixou residência, e por sua vasta experiência em combate, era considerado um herói de guerra, uma vez que foi o mais condecorado piloto da temível Luftawaffe, com 2.530 missões de combate em seu histórico.  Além de destruir cerca de 150 peças de artilharia, inúmeras pontes, 70 embarcações anfíbias, destruiu 3 grandes embarcações de guerra, dentre eles o Encouraçado Marat, nas proximidades de Leningrado, 519 tanques soviéticos, 800 veículos de todos os tipos…Isso tudo praticamente sozinho.

 

Thunderbolt A 10, uma das mais terríveis aeronaves de combate ao solo. Projetado por Rudel. Foto Divulgação.

 

Rudel e Josef Mengele

Rudel logo se tornou popular na Argentina e fez amizade inclusive com o presidente da republica, e assim como nos EUA ,também participou de projetos envolvendo a força aérea argentina. E foi nesse contexto que ele foi procurado pelo também nazista e criminoso de guerra conhecido como Josef Mengele.

 

Josef Mengele fora ajudado por Rudel para fugir do Mossad, em um ato desprezível e repugnante. Foto Divulgação.

 

Josef Mengele com medo de ser capturado pela Mossad, a policia secreta de Israel, e ser levado diante de um tribunal internacional, pede ajuda ao seu amigo Rudel, que usou de suas influências politicas, para ajudar o anjo da morte a escapar, em um ato totalmente desprezível e repugnante, conseguiu uma ratline para o Paraguai e de lá para o Brasil, onde esse nazista foragido veio a falecer por morte natural em 1979.

 

Hans Ulrich Rudel e o vulcão Llullaillaco

Hans Ulrich Rudel perdeu a perna direita no final da Segunda Guerra Mundial, e em seu lugar ele utilizava uma prótese, o que não impedia de praticar uma de suas maiores paixões, que seria o Montanhismo, e uma vez na Argentina ele logo se apaixonou pela Cordilheira do Andes, o que levou a escalar várias daquelas montanhas e explorar inúmeros vales…mas havia uma montanha em especial que o atraia, que é conhecida como Llullaillaco.

O Llullaillaco é um impressionante vulcão que se eleva a  6 739 metros de altitude e sua última erupção ocorreu em 1877. Fica localizado na região de Puna de Atacama, próximo ao deserto de Atacama, entre a Argentina e o Chile, e é considerado  a sétima montanha mais alta dos Andes. A sua primeira ascensão  foi em dezembro de 1952, pelos montanhistas chilenos chamados, Bión González e Juan Harseim.

 

O Piolet de Rudel no Museu de Arqueologia de Alta Montanha de Salta. Fonte: Centro Cultural Argentino de Alta Montanha.

 

Corria o ano de 1953, ano da conquista da maior montanha da Terra, o Monte Evereste, e praticamente  um ano após a escalada oficial ao Llullaillaco, acontecimentos estes, que parecem ter motivado Rudel a fazer a segunda ascensão oficial a esse icônico vulcão, embora não sendo uma empreitada nova, o que fez a escalada se tornar inédita, foi o fato desse intrépido nazista ter escalado e conquistado essa montanha pela primeira vez pelo lado Argentino e nessa mesma escalada Rudel realmente conseguiu realmente se destacar, ao descobrir, aquele que hoje é considerado o sitio Arqueológico mais alto do mundo, que seriam as ruínas incas do  Llullaillaco,  sendo que a maior parte delas fica dentro do território argentino.

A equipe de Rudel fez inúmeras filmagens, inclusive há registros que uma das pessoas que filmavam, veio  falecer em um acidente, o que forçou Rudel descer a montanha, e um ano mais tarde conseguiu financiamento do governo argentino para retornar ao Llullaillaco, e resgatar o corpo dessa pessoa e é claro fazer uma exploração mais ampla das ruínas. Porém infelizmente não se sabe o que aconteceu com estas filmagens. O alemão retornaria mais uma vez à montanha, mas infelizmente não existe registros sobre essa escalada.

Após estes extraordinários feitos, ele decide voltar para a Alemanha em 1956, onde se dedica a politica, e filiou-se ao partido de extrema direita chamado  Deutsche Reichspartei , e ganhou muito destaque, principalmente por reprovar o atentado de  Claus von Stauffenberg (Vejam o filme Operação Valquíria com Tom Cruise) contra a vida de Hitler. Ele veio a falecer em 1982 com 66 anos de idade e antes de morrer ele escreveu um livro chamado “Dos Stukas aos Andes”, onde ele narra a sua incrível epopeia desde a segunda guerra mundial até os cumes dos Andes Argentinos.

 

“Dos Stukas aos Andes”, o livro de Rudel sobre sua trajetória de vida. Foto Divulgação.

 

Llullaillaco e o mais alto sítio arqueológico do mundo

O Llullaillaco, graças a destreza de Rudel, é hoje a montanha mais famosa dos Andes por ter próximo ao seu cume  o sítio arqueológico mais alto da Terra, onde foram encontradas por arqueólogos em 1999,  três crianças mumificadas. Essa descoberta gerou uma comoção na comunidade cientifica, pois a hipótese  que os Incas eram formidáveis montanhistas se tornou uma realidade, e a tese de que os Incas foram uma das primeiras civilizações a praticarem a escalada de Alta Montanha ganhou importância.

As três crianças encontradas nessas ruínas são atualmente as múmias mais bem conservadas do mundo todo e são elas: a donzela, o menino e a menina do relâmpago. E o que chamou atenção dos pesquisadores é que nenhum esforço especial foi feito, pela civilização inca para preservá-los. Pois as baixas temperaturas e a falta de umidade do ar, fez todo o trabalho. Ao que tudo indica as crianças foram submetidas a um ritual chamado Capocha. Elas ingeriam uma substancia que as entorpeciam e as faziam dormir e assim congelarem até a morte, um sacrifício não violento de crianças, que acalmavam os Deuses, e após 500 anos , elas ainda parecem estar dormindo, e em nada se parecem com pessoas mumificadas.

 

A Donzela exibida em um contêiner de acrílico, em baixa temperatura. Foto Museu de Arqueologia de Alta Montanha.
A menina do relâmpago, a múmia foi atingida por um raio. Foto Museu de Arqueologia de Alta Montanha.

As múmias atualmente podem ser encontradas para visitação no Museu de Arqueologia de Alta Montanha da Argentina, na cidade de Salta, inclusive o Piolet (Picareta de gelo) que Rudel usou em toda sua trajetória enquanto montanhista andino, também está exposto. O Museu possui um dos maiores acervos sobre a Historia e Arqueologia dos Andes, graças em parte ao pioneirismo de Hans Ulrich Rudel. Que embora um nazista, cujas atitudes devem ser censurada e condenadas a todo momento, pelos crimes cometidos contra a humanidade, ele deve ao menos ser reconhecido como um exímio montanhista que, com apenas uma perna, conquistou não apenas a sétima maior montanha dos Andes de forma inédita, mas também deu ao mundo de presente, uma das maiores descobertas científicas de todos os tempos.

Para frente e para o alto;

Montanha Brasil.

Para saber mais:

Segue o link do Museu Arqueológico de Alta Montanha:

https://www.maam.gob.ar/

 

Marcio do Nascimento Santana, Historiador com formação em Arqueologia, Montanhista e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro de Itapemirim
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