Em Anchieta, litoral sul do Espírito Santo, o número de pessoas envolvidas com o trabalho voluntário é expressivo. Seja por iniciativa pessoal, coletiva, ou em ONGs, o trabalho contempla ativistas em diversas causas sociais.
Em todas elas, as iniciativas começaram com o despertar e o sonho de uma pessoa, que vai atraindo e conquistando outras que se identificam e se unem em solidariedade, potencializando o sonho, que se transforma em projeto e realidade.
No bairro Praia dos Castelhanos existe a Associação SOS Matilha, com três membros ativos, que se originou de um projeto criado pela cantora local Serena Márcia, 58 anos, quando ainda vivia na Alemanha.
Este projeto tem a finalidade de acolher cães (em sua grande parte) e gatos, de rua ou vítimas de maus tratos. Foram acolhidos pelo abrigo cento e setenta cães e cerca de quinze gatos.
A associação recebe apoio popular e institucionais, como as parcerias com a Secretaria de Meio Ambiente e com a usina de reciclagem do município, a UNIPRAN, através do Projeto Pet Dog, ligado à castração dos animais.
Serena é protetora ativista independente no município desde 2008 e tem a associação legalizada desde 2015. “É muito importante falar da associação, teve outros sócios fundadores e outras pessoas que passaram por lá, eu não fiz nada disso sozinha. Mas foi muito complicado chegar até aqui”, desabafa.
Projeto Abrace a Vida
Próximo ao SOS Matilha, no bairro Nova Anchieta, existe o Projeto Abrace a vida, que surgiu de um antigo sonho das líderes comunitárias Nilza Catarina Tomé, 49 anos, e Maria Lúcia Pereira Araújo, hoje falecida.
O projeto, que já existia desde de 2005, funcionando na casa da Dona Maria Lúcia e foi fortalecido através de uma condicionante ambiental da Petrobrás. A empresa forneceu instrumentos musicais, esportivos, mobiliários e materiais educativos.
A iniciativa hoje conta com a mobilização de trinta voluntários e atende cerca de cem pessoas das comunidades de Nova Anchieta e Planalto, com faixa etária entre 6 e 20 anos, ofertando oficinas de violão, teclado, canto, reforço escolar, karatê e terapia comunitária.
Em breve, haverá dança, culinária, clubinho da leitura, feira de vendas do artesanato e da culinária local, cine e horta comunitárias. “As despesas do projeto, como água, luz, aluguel, internet e outros, são pagas com a venda de empadas produzidas no próprio projeto e algumas doações”, conta Nilza.
Ong Artec
Mais à frente, situa-se a Organização não Governamental (ONG) Artec, no bairro Vila Samarco. As siglas contem as iniciais das palavras amor, reconhecimento, trabalho , esperança e caridade, segundo explica a fundadora Mônica Biancardi Duarte Stein, de 52 anos.
A ONG foi fundada em 2017 e o trabalho mais expressivo foi realizado em 2021, inspirado na crise social em consequência da pandemia da Covid-19.
Mônica conta que a Artec cedeu os equipamentos e suas dependências para a concretização do projeto “Amor na sopa”, sensibilizando cerca de 18 voluntários diretos e dez indiretos.
O projeto distribuía sopa para beneficiados do bairro Nova Anchieta e Planalto. Após a refeição, os beneficiados levavam para casa sacolas com alguns mantimentos e kits de higiene.
Em nove meses em que o “amor na sopa” esteve na ativa, destaca Mônica, foram distribuídos 217 litros de óleo, 139 litros de leite,132 frascos de detergente, 431 rolos de papel higiênico, 424 kits de higiene diversos, 1880 pães, 787,08 litros de sopa e 4.377,5 kg de alimentos.
O trabalho social de Mônica em prol do próximo já existe há mais de quinze anos. Ela realizou atividades desde contação de histórias, por dois anos, apresentações teatrais, por cinco anos, e visitas semanais ao hospital há dois anos, interrompidas devido à pandemia.
“Sinto no meu coração que eu não parei por aqui, tenho outras coisas que pretendo realizar. Algumas coisas, que, se Deus achar que é um caminho bom, eu vou conseguir”, reflete.
O trabalho voluntário é visto como um gesto muito nobre, benéfico tanto para quem faz e quem se beneficia. Entretanto, requer grande responsabilidade.
“As pessoas que realizam atividades voluntárias precisam ter um compromisso ético-político. É preciso respeitar as instituições na qual realizam tal trabalho, não é apenas uma questão de satisfação pessoal”, afirma a psicóloga Tatiane Bossato.
SAIBA MAIS
Para conhecer mais ou ajudar os projetos citados nesta reportagem, seguem os dados:
SOS Matilha- Pix 21324217/0001-27- Banestes Ag 156 Cc 2991978 4 Picpay.sos.matilha
Projeto Abrace a Vida- 28999011753- Facebook: Projeto Abrace a Vida; instagram: @projeto_abrace_a_vida
ONG ARTEC: pix- [email protected]; tel: 2899929-1590;
Banco do Brasil- conta poupança, ag-1438-9/ Cp: 27908-0