A luta feminista é algo que rodeia a sociedade machista na qual vivemos. Nossas histórias foram vividas por homens e mulheres, mas, infelizmente, contadas por homens, que esconderam o papel da mulher na construção histórica e social de nossa nação. Entretanto, com o tempo e batalhas vencidas, as mulheres foram ganhando espaço, mas nem todas elas.
Faço memória de Tereza, mulher guerreira, heroína, mas negra, portanto, esquecida pela história de nossa nação racista e machista. O direito ao trabalho nunca foi sua luta, pois ele esteve presente em sua vida, forçado, obrigado, judiado, seus dias eram consumidos pela exaustão dos serviços. Sua batalha era pela dignidade, não somente a sua, mas de todos os seus, pois “ao negro abraçou”.
Tereza teve que aprender a ser forte, desde cedo, visto que era apenas mais uma negra escravizada, um produto para uso e desuso. Porém, aprendeu com a vida, conquistou sua liberdade e de muitos outros.
Celebro sua vida enquanto rainha que, no Quilombo do Piolho, no século XVIII, após a morte de José, seu companheiro, resistiu como líder por quase duas décadas. Sua vida deve ser celebrada, pois defendeu a vida de aproximadamente 100 pessoas, entre negros e indígenas. Como mulher, mostrou ter coragem para comandar, para guiar, e mostrou ter sabedoria para resistir.
Festejo o Quilombo Quariterê, situado em Mato Grosso, destruído em 1770 pelas forças de Luís Pinto de Souza Coutinho, mas que, até os dias atuais, a força de nossos ancestrais que alí viveram está presente em nosso cotidiano, ecoando pela resistência negra de nossa nação.
Comemoro, com todo o povo brasileiro, não somente a coragem de Tereza de Benguela, mas de todas as mulheres negras Latino Americanas e Caribenhas, que persistem pela promoção da equidade.
Infelizmente, nem toda sua história é clara e conhecida. Não sabemos a data exata de seu fim, mas o que importa é sua luta, pois ela veio para brilhar e “A luz de Tereza jamais se apagará.”