Trilhas danificadas pela enchente de janeiro deste ano estão sendo restauradas no Parque Estadual Cachoeira da Fumaça, em Alegre. Em tempos de distanciamento social e com as unidades de conservação do Estado fechadas para visitas, a administração do local aproveita o período de pandemia do novo coronavírus para realizar trabalhos de conservação.
A histórica enchente do final de janeiro deste ano destruiu algumas estruturas do parque. A força da água fez escavações na área de banho, situada em frente à cachoeira, fazendo a encosta existente recuar cerca de cinco metros.
“Várias pedras que formavam o piso das trilhas naturais foram arrancadas. Outro local bastante danificado foi o ponto final da trilha adaptada para pessoas com dificuldade de locomoção. Esse trecho faz parte do projeto Trilha Cidadã. Ali, trechos da trilha foram erodidos e diversas árvores que sombreavam esse espaço foram derrubadas”, conta o gestor da unidade de conservação, Leoni Soares Contaifer.
A enchente também danificou a interseção das trilhas das pedras com a trilha beira-rio, que faz a ligação da área de banho com o espaço de vivência. A força da água arrancou trechos inteiros dessa trilha, fazendo solapar dois pontos da encosta, provocando sua interdição. Vídeo gravado em 24 de janeiro mostra o aumento do volume de água na cachoeira durante este período chuvoso.
Conservação
“Com o fechamento do Parque pelo Decreto 4604-R, de 19 de março de 2020, a equipe da unidade de conservação vem se ocupando no restabelecimento dos locais danificados na enchente, inclusive com melhorias em relação à condição anterior. Os pisos das trilhas afetadas estão sendo restabelecidos e refeito o nivelamento. Novos corrimãos estão sendo instalados também”, revela o gestor.
Assim, novas pedras foram acomodadas na trilha da área de banho e nos seus acessos. A equipe do parque construiu muros de contenção nas encostas que desmoronaram, preenchendo os espaços com rocha, terra e outros materiais disponíveis, como troncos de árvores. Outros trechos e acessos danificados também foram reconstruídos, utilizando como material pequenas rochas e terra.
“É importante destacar que quase a totalidade do material utilizado como matéria-prima nessa reforma foi aproveitada de dentro da unidade, buscando produzir no ambiente o aspecto mais natural possível, evitando características artificiais”, destaca.
A intenção é que as trilhas estejam em plenas condições de receber os visitantes assim que o parque for reaberto e que novas trilhas sejam estruturadas e sinalizadas o mais breve possível para que também sejam oferecidas como atrativos ao público que frequenta o parque. Segundo o gestor, essa última ação já está prevista no Plano Emergencial de Uso Público do Parque Estadual Cachoeira da Fumaça.
Saiba mais sobre a enchente
• Dados do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) apontam que a estação pluviométrica de Ibitirama, cidade localizada acima do Parque Estadual Cachoeira da Fumaça, registrou 211mm em um intervalo de 30 dias entre os meses de janeiro e fevereiro.
• Essa precipitação, somada às chuvas das cabeceiras do rio Braço Norte Direito, fez seu nível subir 8 metros acima do normal. Esse evento de grandes proporções atingiu toda a bacia hidrográfica do rio Itapemirim e causou a queda de várias barreiras e pontes, interdição de estradas e incontáveis prejuízos às propriedades rurais.
• Na época, o governo do Estado realizou uma série de medidas emergenciais para reestruturação dos municípios afetados pelas chuvas na região sul do Espírito Santo, com um repasse de R$ 214 milhões. Todo o recurso foi proveniente dos cofres do Estado.