O acesso à internet entre crianças pequenas mais que dobrou no Brasil em menos de dez anos.
Em 2015, 11% das crianças na primeira infância tinham contato com a rede. Em 2024, esse número chegou a 23%.
Entre os bebês de até 2 anos, quase metade já é exposta às telas, enquanto 71% das crianças de 3 a 5 anos usam internet.
Os dados fazem parte do estudo Proteção à primeira infância entre telas e mídias digitais, divulgado esta semana pelo Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI).
O levantamento chama atenção para o uso precoce e excessivo de dispositivos digitais e seus impactos no desenvolvimento infantil.
Especialistas lembram que a Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda o uso de telas para crianças menores de 2 anos.
Para a faixa de 2 a 5 anos, a orientação é limitar o tempo a, no máximo, uma hora por dia, sempre com acompanhamento de um adulto.
O estudo também evidencia desigualdades sociais. Em famílias de baixa renda, 69% das crianças passam tempo excessivo diante das telas.
Segundo os pesquisadores, quanto menor a renda, maior a chance de celulares, tablets e TVs substituírem o brincar e a convivência familiar.
Para a professora Maria Beatriz Linhares, da Universidade de São Paulo (USP), o cenário reflete a falta de apoio às famílias.
Ela explica que a ausência de interação humana e de brincadeiras compromete o desenvolvimento da linguagem, das emoções e das habilidades sociais.
Os dados dialogam com outra pesquisa nacional, que mostrou que 78% das crianças de até 3 anos já usam telas diariamente, mesmo com os responsáveis reconhecendo a importância de impor limites.
Do ponto de vista neurológico, o uso intenso de mídias digitais pode afetar o cérebro infantil.
Estudos apontam possíveis prejuízos à atenção, à linguagem, ao controle emocional e à cognição social, principalmente quando o consumo é passivo ou envolve conteúdos inadequados.
Há ainda alerta para a exposição a conteúdos violentos, associada ao aumento de comportamentos agressivos, ansiedade, depressão e dessensibilização à violência.
Diante desse quadro, o NCPI defende a criação de políticas públicas que envolvam saúde, educação e assistência social.
Entre as recomendações estão campanhas de conscientização, fiscalização de conteúdos, apoio às famílias e incentivo ao brincar em espaços públicos.

O estudo reforça que pais e cuidadores têm papel central nesse processo. Limitar o tempo de tela, acompanhar o conteúdo, evitar o uso antes de dormir e priorizar a interação presencial.
Os especialistas recomendam também dar o exemplo de uso consciente da tecnologia são medidas consideradas essenciais para o desenvolvimento saudável das crianças.
Fonte: Agência Brasil
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