O Governo do Estado criou o Parque Estadual Saíra-Apunhalada (PESA), em Vargem Alta, por meio do Decreto nº 6251-R, publicado nesta segunda-feira (1º).
A nova área protegida tem 234,6 hectares e marca um avanço histórico: fazia 15 anos que o Estado não criava uma Unidade de Conservação de Proteção Integral.
A medida atende a uma demanda urgente da conservação ambiental no Espírito Santo.
Aparece ainda como uma das ações mais relevantes na proteção da saíra-apunhalada (Nemosia rourei), ave endêmica capixaba e considerada uma das mais ameaçadas do planeta.
Saíra-apunhalada: espécie crítica com apenas 22 indivíduos conhecidos
Hoje, existem apenas 22 indivíduos da saíra-apunhalada, segundo estimativas técnicas.
Cerca de 70% dessa população vive em áreas privadas, sem proteção e sujeitas a ameaças como mineração, retirada ilegal de madeira e exploração de palmeiras.
A maior população da espécie está na Mata de Caetés, um dos fragmentos mais importantes da Mata Atlântica no Espírito Santo.
A região abrange áreas de Castelo, Domingos Martins e Vargem Alta e sofre pressões crescentes devido à expansão de atividades humanas.
A criação do PESA garante uma barreira legal contra estas ameaças e oferece condições para a recuperação da espécie.
Área abriga 31 espécies ameaçadas de extinção
O novo parque protege um conjunto de 31 espécies ameaçadas, incluindo 14 da fauna e 17 da flora. Entre elas estão:
Fauna ameaçada:
– abelha-uruçu-capixaba;
– sapinho-de-ouro;
– cágado-da-serra;
– bagre-de-caetés;
– gavião-pombo-pequeno;
– apuim-de-costas-pretas;
– araponga;
-papo-branco;
– sagui-da-serra;
– sauá;
– preguiça-de-coleira;
– ouriço-preto.
Flora ameaçada:
– Philodendron vargealtense (Criticamente Ameaçada – CR);
– Outras espécies classificadas como Em Perigo (EN) e Vulneráveis (VU).
A lista reforça a alta relevância ecológica da área protegida.
Objetivos principais do Parque Estadual Saíra-Apunhalada
O PESA foi criado para:
– Proteger a Mata de Caetés, um dos últimos grandes remanescentes da Mata Atlântica capixaba;
– Garantir habitat seguro para a saíra-apunhalada e outras espécies ameaçadas;
– Preservar nascentes, ribeirões e áreas de recarga hídrica do Ribeirão Caetés, afluente do Rio Itapemirim;
– Manter processos ecológicos essenciais e serviços ambientais;
– Incentivar ecoturismo, pesquisa, monitoramento e educação ambiental de forma controlada e sustentável;
– Para assegurar proteção total, imóveis rurais dentro do parque serão desapropriados, sob responsabilidade do Iema, que também fará a gestão da Unidade de Conservação.
Conselho do Parque e governança ambiental
O decreto também institui o Conselho Consultivo do PESA, que terá participação social, instituições públicas e organizações ambientais.
A composição será definida pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama).
O secretário de Meio Ambiente, Felipe Rigoni, destacou a urgência da medida:
“Diante da urgência envolvendo a proteção da mais representativa população da saíra-apunhalada, é de eminentíssimo interesse fornecer instrumentos legais capazes de salvaguardar essa espécie da extinção.”
O subsecretário de Bem-Estar Animal e Projetos Prioritários, Victor Ricciardi, afirmou que a criação de um parque permite uma abordagem equilibrada entre conservação, pesquisa, educação ambiental e ecoturismo controlado.
Impacto ambiental e relevância para o Espírito Santo
Com a criação do PESA, o Espírito Santo:
– Reforça seu compromisso com a proteção da Mata Atlântica;
– Retoma políticas de criação de Unidades de Conservação;
– Se posiciona em nível nacional na defesa de espécies criticamente ameaçadas;
– Garante proteção a uma das aves mais raras do Brasil e do mundo.
A medida é considerada um marco para a conservação capixaba e uma referência para políticas públicas ambientais.
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