Os principais centros mundiais de monitoramento do clima global apontam que é “praticamente certo” que o ano de 2023 será o mais quente já registrado no planeta Terra, desde a era pré-industrial.
A média da temperatura do ar e do oceano vem batendo sucessivos recordes mensais desde julho. A partir de análises paleoclimatológicas, recentemente o instituto europeu Corpernicus divulgou que 2023 deve ser o ano mais quente em 125 mil anos.
A contabilidade da temperatura global é uma média de todas as regiões oceânicas e continentais do planeta.
O Brasil está esquentando?
Como tem sido a comportamento da temperatura no Brasil diante do aquecimento global que se tem observado no ano de 2023?
Para responder a esta pergunta, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) fez uma análise meteorológica específica para o Brasil. Afinal, com ondas de calor sendo observadas em amplas áreas do país desde agosto, mas muita chuva na Região Sul, como está o comportamento da temperatura no país, como um todo? Brasil também está mais quente?
A resposta é sim! O Inmet comparou as temperaturas médias das estações meteorológicas espalhadas por todo o país com a climatologia de referência do período de 30 anos, de 1991 a 2020. O estudo mostrou que as temperaturas ficaram acima da média histórica nos meses de julho, agosto, setembro e outubro.
O mês de setembro foi o que teve maior desvio positivo em relação à média de referência. A diferença entre a temperatura média observada em setembro e a média histórica foi de 1,6°C acima do normal. A média histórica é o valor de referência calculado para um período de 30 anos, e atualmente, este período é de 1991 a 2020.
Como explicar tanto calor?
O Brasil ficou mais quente nos últimos meses devido a uma combinação de fatores. Desde o fim do outono, o país também vem sentido os reflexos do fenômeno El Niño, que é o aquecimento acima do normal da porção central e leste do oceano Pacífico Equatorial.
O El Niño favorece um aumento da temperatura em várias regiões do planeta. No Brasil, os maiores impactos que estão sendo observados é o excesso de chuva na Região Sul e a seca recorde na Amazônia.
Mas o aquecimento da grande massa de água do Pacífico Equatorial, na costa do Peru, passa para a atmosfera e altera a circulação dos ventos e a pressão do ar em vários níveis de altitude. Isto causa mudanças no padrão de temperatura e da chuva sobre a América do Sul.
Desde o inverno, essa alteração da circulação dos ventos tem dificultado a mistura do ar frio polar com ar quente tropical, que predomina sobre o Brasil, o que contribui para o aumento da temperatura no país.
Tem chovido muito no Sul e por lá a temperatura não tem tido extremos como nas outras regiões. Mas nas outras regiões, a chuva da primavera vem sendo muito irregular e a chuva é um importante regulador da temperatura.
Com menos nebulosidade, menos chuva, menos ar polar, o sol tem ficado forte por mais tempo, esquentando o ar.
Além do El Niño e do aquecimento natural que ocorre sobre o Brasil e a América do Sul durante a primavera, com o movimento da Terra ao redor do Sol, nunca se viu o oceano e atmosfera tão quentes como em 2023.
Ondas de calor estão sendo observadas não só nos continentes, mas também nos oceanos, como consequência da mudança climática associada às emissões de combustíveis fósseis.
Os cálculos do Inmet revelaram que o Brasil ficou mais quente em julho, agosto, setembro e outubro, acompanhando os sucessivos recordes de temperatura global.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, no Brasil, muito provavelmente o ano de 2023 será o mais quente desde a década de 1960.
Faltando pouco menos de 2 meses para terminar o ano, é muito improvável que a tendência de temperaturas acima do normal no planeta observada até agora seja revertida. A tendência de alta das temperaturas em todo o mundo também vem sendo observada em novembro de 2023.
Com informações do Climatempo