A jornalista cachoeirense Cláudia Gaigher lança o livro “Diário de Uma Repórter no Pantanal” no dia 16 de novembro no Shopping Vitória, no primeiro piso, em frente ao Outback, a partir das 18h30.
Com sensibilidade poética e excelência no fazer jornalístico, Cláudia revela os bastidores de 24 anos de comprometimento na defesa e preservação de um dos mais ricos biomas do Brasil.
Desde 1998, os encantos, mistérios e desafios para a conservação da maior planície alagável do planeta fazem parte do dia a dia da jornalista capixaba.
Trabalhando como repórter de rede nacional e baseada na TV Morena, afiliada da Rede Globo em Mato Grosso do Sul, Cláudia adotou o Pantanal como a sua casa, local de trabalho e fonte de inspiração e causa.
Por meio de suas matérias, exibidas em edições do Fantástico, do Jornal Nacional, do Globo Repórter, nos telejornais de rede nacional da Rede Globo, e na Globonews, Cláudia apresenta ao Brasil um Pantanal profundo, de uma exuberante fauna e flora, mas também cenário de violentos conflitos e constantes ameaças ambientais.
Em Diário de Uma Repórter no Pantanal, livro editado pela organização Documenta Pantanal, Cláudia reúne 30 histórias de bastidores de suas urgentes e necessárias reportagens, produzidas ao longo dos últimos 24 anos, período de grandes transformações.
Quem não se lembra, por exemplo, da cobertura dos grandes incêndios em 2020? Cláudia atuou incansavelmente, mostrando ao Brasil e ao mundo a maior catástrofe das últimas décadas, onde quase 30% do bioma viraram cinzas.
Partiu também de uma reportagem dela a denúncia de crianças sem escolas e que catavam iscas para sobreviver nos alagados do interior do Pantanal, mostrando a dificuldade dos ribeirinhos.
A reportagem gerou comoção e ação, resultando na construção e reabertura de dezenas de escolas às margens do rio Paraguai.
A jornalista também deu voz e visibilidade a iniciativas essenciais, acompanhando e mostrando ao longo das décadas os avanços das pesquisas de conservação de espécies emblemáticas, como a arara azul, a onça pintada, a ariranha, entre outras.
Em textos embasados nas pesquisas científicas e no conhecimento tradicional, a jornalista faz um mergulho na história da colonização do Brasil Central.
“Tivemos aqui, no início dos anos 2000, uma disputa fundiária que permanece até hoje, com vários assassinatos de lideranças indígenas, e a questão da demora do poder judiciário e do Executivo em definir quais são as áreas tradicionais e ancestrais. Mais do que isso, existe aqui uma prática que também se replica em outras regiões do Brasil, em que a união e o poder público chancelam a ocupação de áreas indígenas por conta do agronegócio. Essa cultura de impunidade faz com que a nossa flora e a nossa fauna também estejam constantemente pressionadas”, explica.
Em 2022, os brutais assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips escancararam o elevado grau de risco a que, no Brasil, estão expostos profissionais dedicados à defesa e preservação do meio ambiente. Realidade vivenciada por Cláudia há mais de duas décadas.
A jornalista destaca que a coragem é necessária para tudo o que se faz na vida, e tem que ser uma coragem de quem não quer ser mártir.
Ressalta ainda que só se consegue isso quando é feito um jornalismo independente, calcado em informações reais. Mais do que isso, também é importante que você tenha uma rede de fontes, porque quando você cria essa rede, cria também uma rede de proteção e tem ali centenas de pessoas que estão comungando a busca pela informação.
“Nunca fui a campo fazer uma reportagem sem que várias pessoas de minha confiança soubessem o que eu estava fazendo e quais eram os pontos onde eu estaria. Quando você faz um trabalho sério e tem essa rede, não é que esteja livre das violências que a gente tem visto contra os jornalistas, mas pelo menos diminui um pouco esse risco”, explica.
Viajando pelo Brasil para fazer reportagens para os telejornais da TV Globo, Cláudia também se aprofundou nos temas relacionados aos biomas Cerrado e Amazônico.
Revelando lendas locais, como as do Velho do Rio e do Mãozão, versão pantaneira do lobisomem, ou dando voz a dezenas de personagens anônimos e figuras consagradas, como o violeiro Almir Sater e o poeta Manoel de Barros, com o poder de observação dos melhores cronistas e a sensibilidade poética aguçada pela beleza mística do Pantanal, Cláudia produz uma narrativa que muito revela sobre a excelência do fazer jornalístico, e que também desperta o fascínio de qualquer leitor.
“Não penso num público específico para o livro. O que tento compartilhar com meus escritos é esse amor que eu tenho por ter nascido no Brasil, por me orgulhar das diferenças que compõem a nossa identidade, a nossa alma. E, mais do que tudo, me orgulhar dessa biodiversidade que só o Brasil tem. Se eu puder plantar essa semente no coração e na mente das pessoas e fazer com que elas tomem uma atitude, fazendo doações para as pesquisas, cobrando, do poder público, posturas mais sustentáveis, eu vou ter ganhado o melhor de todos os prêmios e presentes”, conclui.