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Blade Runner e o Androide Poeta

olivia-15-08-2023
Olivia Batista de Avelar

Passo muitas horas do dia lendo e revisando textos. A prosa é como uma linha estendida que parte de uma vontade e chegará em algum lugar. O interessante está no meio do trajeto: nervuras e redemoinhos, esgarçamento e nós. A prosa nos pega pela mão, seguindo firme por caminhos planejados. A prosa é segura, ao contrário da poesia.

Esse artigo não é sobre um filme é sobre uma cena, somente. Blade Runner, lançado em 1982, é o que o cinema faz de melhor: antecipa nossas futuras desgraças e as embala em ficção. Assisti-lo em 2023 não repete a experiência de assisti-lo na década de 80. Abro espaço para a especulação, pois eu era criança nessa época e não me preocupava com androides ou poesia.

Meu ponto: ao espreitar um futuro distópico, um filme sobre inteligência artificial tão avançada que se misturava aos humanos ao ponto de ser confundida conosco deve ter parecido bastante desconcertante há quarenta anos.

A degradação, a sujeira, a violência, as telas gigantes, a atmosfera lúgubre, a ausência de sentido. Seguindo meu devaneio, imagino jovens pálidos deixando o cinema um tanto cabisbaixos e recebendo no rosto a brisa noturna. “Sossegue, ingênuo cinéfilo, a vida real te recebe de volta. A tela se apagou e tudo o que assistiu é ficção.” Não me contento com filmes, investigo as sensações que causaram em décadas passadas. Mas, só dos filmes que considero bons.

Se um filme pode ser comparado à prosa, uma história que tem ponto de partida e nos levará até um lugar no espaço-tempo futuro, gosto de imaginar algumas cenas como se fossem poemas.

Independentes da trama, do roteiro, dos atores, da trilha sonora, de todo o resto. Cenas que se desgarram do filme, que são por si só. Completas. Inteiras. Não sabemos de onde partiram, não nos importa que não chegarão a lugar algum. Coleciono essas cenas em caderno mental de recortes – a única forma de grifá-las como se fossem as preferidas de um livro. São poemas sem título, pois poemas sem título são meus preferidos. Nada de molharmos a ponta dos dos dedos para averiguar se a água está fria, que é a sensação que me trazem os títulos dos poemas. Primeiro pulamos e depois lidamos com a temperatura da água. Sem prévias, sem hesitações.

“Eu vi coisas que vocês não acreditariam. Navios de ataque em chamas no ombro de Orion. Observei os raios C brilharem no escuro perto do Portão Tannhäuser. Todos esses momentos se perderão no tempo, como… lágrimas na chuva. Hora de morrer.”

Declama o androide Roy enquanto a cidade imunda e escura contrasta com a pomba branca que voa das mãos do ator Rutger Hauer. E pensar que comecei esse texto ruminando sobre o chat GPT. Eu nunca usei o chat GPT, amenidades, erros e repetições eu consigo conversando com humanos. É quando se elevam ao nível da poesia que eles se tornam interessantes, tanto as pessoas, quanto os androides.

A Inteligência Artificial não me causa medo, me causa tédio. Por isso, talvez, elas já sejam mais humanas do que pensamos. Nasceram suscitando em alguns de nós os mesmos sentimentos que nossos iguais sempre suscitaram: desinteresse e indiferença.

 

Olivia Batista de Avelar. Professora de inglês, pós graduada em filosofia, apaixonada por cinema e escritora
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