Aos 23 anos, a atriz Larissa Manoela parecia ser a concretização do sonho da mulher empoderada, pela bem sucedida trajetória em sua carreira. No entanto, fomos surpreendidas ao vê-la protagonizar na vida real o papel da mulher que busca apoio no namorado para fugir do abuso psicológico e financeiro dos pais ao ser excluída da administração dos bens conquistados pelo seu próprio trabalho. Isso dispara um alerta para que reconheçamos que temos um empoderamento de direito, mas não de fato.
Tanto o pai quanto a mãe a afastaram das decisões de negócios porque “entenderam” que a filha não tinha competência para administrar sua vida profissional e conjugal. Se isso acontece com pessoas esclarecidas, moradoras de grandes centros urbanos, imagina o que acontece com as mulheres espalhadas pelo Brasil que não tem acesso a equipes de advogados para restabelecer seus direitos? Esse incidente demonstra como os pais são responsáveis pela formação da equidade de gênero.
O machismo estrutural se encontra enraizado no DNA de muitas famílias. Além de privá-las da educação formal, também não investem em treinamentos para o desenvolvimento de competências profissionais como liderança, negociação, gestão administrativa, estratégias empresariais, inteligência emocional, resiliência, empreendedorismo e educação financeira. Sem o domínio dessas habilidades as mulheres são uma maioria que não consegue ocupar cargos políticos e, dessa forma, as políticas públicas não mudam nem transformam a sua realidade.
Desde que nasce a mulher é muito mais estimulada a investir em sua aparência. Enquanto vai se desenvolvendo, sua meta é se enquadrar em determinado padrão de beleza estética e, simultaneamente, sua inteligência é menosprezada. Mesmo quando ocupam cargos políticos, muitas somente são eleitas se preenchem esses padrões estéticos impostos pela sociedade. A ex-presidente Dilma Rousseff sofreu vários ataques mais ligados à sua aparência do que pelo seu plano de governo.
A autoestima feminina precisa ser estimulada focando em sua habilidade em tomar decisões. O conhecimento precisa ser diluído de forma que prepare a mulher para que ocupe todos os espaços por ter capacidade e não por ser mulher. Afinal somente o conhecimento empodera.