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Empresária Chieko Aoki. Foto: Divulgação

Empresária Chieko Aoki: “Juntos podemos promover as mudanças que o país precisa”

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Anete Lacerda

O Grupo Mulheres do Brasil (GMB), fundado em 2013 por 40 mulheres, presidido pela empresária Luíza Helena Trajano, tem cerca de 122 mil participantes de vários segmentos em 155 núcleos espalhados no Brasil e no exterior.

Entre essas mulheres de diferentes segmentos, condições sociais, credo religioso e histórias de vida está a empresária nipo-brasileira Chieko Aoki.

Ela fundou a cadeia de hotéis Blue Tree em 1997, uma das maiores do país, com quase 30 mil apartamentos, e não sem razão é denominada pelo mercado financeiro como a dama da hotelaria brasileira.

Presença constante nas atividades promovidas pelo GMB em vários núcleos com frentes de atuação diferente, participou da reunião de planejamento realizada no mês de dezembro em São Paulo.

A empresária é uma das vozes que defendem as pautas abraçadas por esse grupo que lembra sempre que não é preciso inventar a roda, mas unir-se a iniciativas já existentes para fortalecê-las de forma a valorizar e proteger as pessoas em vulnerabilidade social.

No encontro para alinhamento das ações do Grupo Mulheres do Brasil para 2024, realizado em São Paulo no mês de dezembro, foi uma das que se comprometeram a trabalhar arduamente pela extinção da violência contra a mulher num prazo de cinco anos.

Mas essa é apenas uma das frentes dessa luta abraçada pela empresária que parece inglória. O intuito é também trabalhar pelo fim das desigualdades sociais.

Utopia? A determinação dessa e das outras participantes do Grupo Mulheres do Brasil sugere o contrário e faz acreditar que é possível.

Certamente uma das mulheres de negócios mais influentes e respeitadas, inclusive fora do Brasil, Chieko Aoki frisa que é preciso acreditar que a mudança para melhor não está na capacidade do outro, mas em cada um de nós, junto com os outros.

Há muito que se falar da trajetória dessa mulher gentil, delicada (mas potente), elegante e inspiradora, mas o que se pretende destacar é o seu comprometimento com as causas coletivas através do trabalho voluntário, que abraça com a disciplina e entusiasmo que movem a sua vida pessoal e empresarial.

É importante destacar a sua participação fundamental no movimento Unidos pela Vacina, idealizado pelo Grupo Mulheres do Brasil durante a pandemia da Covid-19.

A credibilidade e influência da empresária junto a embaixadas e governos mundo afora levou a vitórias que não tiveram publicidade porque o importante era levar a vacina ao braço dos brasileiros, sem a necessidade de autopromoção, como seria de se esperar quando um problema sério como a falta do imunizante fosse suprida.

Com isso, o Unidos pela Vacina estabeleceu um prazo para unir esforços que permitissem que o poder público pudesse adquirir vacina num momento em que o país ainda não havia comprado as doses necessárias para que isso acontecesse.

Tudo através do trabalho coletivo de muitos braços e vozes que se uniram para prestar esse grande serviço de saúde pública ao Brasil.

Chieko Aoki, ao lado de outras participantes do GMB, se mobilizou também para fazer chegar às prefeituras brasileiras o suporte necessário para que não houvesse desperdícios ou falhas que impedissem a imunização da população de todos os recantos do país.

As voluntárias conseguiram junto a empresas e empresários a doação de geladeiras, tendas, coolers e outros instrumentos necessários ao acondicionamento adequado das vacinas.

O fato de haver alguém oferecendo ajuda sem pedir nada em troca era tão inusitado que em muitas prefeituras os responsáveis pela secretaria de saúde dos municípios não acreditavam que isso fosse possível.

No primeiro momento, eles não passavam a relação do material que precisavam por desconfiar dessa prestação de serviço voluntário, fazendo isso muito depois, após muita insistência das voluntárias espalhadas país afora. Em Cachoeiro, as doações foram feitas pela BRK Ambiental.

A empresária atuou, e atua, nos bastidores, e com toda a discrição típica das pessoas que sabem exatamente o que podem fazer pelo bem-estar coletivo e por justiça social, sem que para isso precise ser o centro das atenções, espaço que já conquistou pela seriedade com que conduz seus negócios.

Esta é Chieko Aoki, a mulher que demonstra com atitudes e ações que acredita que o Brasil tem jeito.

Mas para a solução das mazelas sociais é preciso acreditar, arregaçar as mangas e colocar a mão na massa da desigualdade social e moldar um novo país em que todos tenham os mesmos direitos e oportunidades.

Observando a sua desenvoltura e comprometimento nos encontros e reuniões em que participa para defender os interesses coletivos, parece simples.

E pode ser. Desde que seja adotada a cultura da vida coletiva e buscadas soluções que ajudem a enfrentar, corrigir e transformar os desequilíbrios que tanto mal fazem a uma parcela importante da sociedade brasileira.

Para saber mais sobre a decisão pelo voluntariado, vamos saber o que pensa a Mulher do Brasil Chieko Aoki.

 

Dia a Dia – O que move uma mulher da sua importância social e econômica a se dedicar com tanto afinco às pautas coletivas?

Chieko Aoki – Acredito que, desde a sua criação, o mundo trouxe consigo a necessidade de as vidas se conectarem a outras vidas, seja nas selvas, nos mares e nos céus, como os pássaros que viajam em revoada, juntos, apoiando-se uns aos outros. Assim, a vida, em seu sentido biológico, sempre trouxe consigo a necessidade de viver coletivamente, proporcionando estabilidade e sobrevivência.

Nesse contexto, temos a necessidade de nos conectar a outras vidas e pessoas. É o instinto de comunidade que nos impulsiona a cuidar de outras vidas interligadas para evoluirmos juntos, suprindo as deficiências individuais.

Simultaneamente, a vida coletiva deu origem a comandos, lideranças, comandados e estruturas sociais que institucionalizaram desigualdades e desequilíbrios sociais, resultando em problemas sociais típicos da humanidade. Para enfrentar, corrigir e transformar a sociedade, é preciso contar com a força, conhecimento e experiência do coletivo. Por isso, considero cidadania parte integrante de entidades que trabalham para solucionar problemas da vida coletiva.

 

Em que momento percebeu ou decidiu que deveria ter uma ação mais efetiva para solucionar problemas coletivos?

Sou descendente de japoneses, e os japoneses, mais do que outras nacionalidades, têm uma cultura de vida coletiva milenar, impulsionada principalmente pelos desastres naturais que sempre fizeram parte da história do Japão.

Com essa herança cultural, participar de grupos com interesses comuns é algo natural, como no caso do Grupo Mulheres do Brasil, que busca soluções para problemas que impactam negativamente nossa sociedade.

Acredito na força de uma comunidade onde os benefícios da solução são maiores do que os desafios. A soma dos conhecimentos e experiências é infinita em resultados. Nos grupos, todas as diferenças favorecem o resultado, como as diferenças culturais, sociais, experiência, etc.

 

Qual é o maior desafio nessa caminhada voluntária em que se busca o bem-estar coletivo?

As pessoas têm muitas responsabilidades, tanto profissionais quanto pessoais. É necessário gerenciar e dedicar o tempo e as responsabilidades a ações importantes para uma vida harmônica, com propósito e que me faça sentir que viver é importante para mim e para os núcleos onde faço parte, seja no trabalho, na família, na sociedade e como cidadã deste planeta. Não é fácil equilibrar as demandas, por isso gosto de exceder, de me exigir muito para sentir que sou útil.

Um dos grandes desafios da coletividade é fazer acontecer, avançar com as soluções para uma vida coletiva melhor. Para tanto, é muito importante saber que cada pessoa conta, que quanto mais pessoas lutarem juntas pela mudança, o sucesso é certo e maior.

No livro “Liderança em Tempos de Incerteza”, Margaret Wheatley cita uma frase de Catarina de Siena que simboliza esse desafio: “Fale a verdade num milhão de vozes. É o silêncio que mata”. O silêncio é uma fuga, uma reação à sensação de impotência diante dos desafios.

Às vezes, esperamos que uma voz corajosa assuma o problema como seu, algo que Luiza Helena Trajano faz ao liderar o Grupo Mulheres do Brasil. Ela assume os problemas do país como seus, busca soluções e leva essas questões para discussão em todos os níveis necessários para encontrar soluções.

 

Que mensagem deixaria para que outros se envolvam nos trabalhos voluntários, especialmente no combate à violência contra a mulher e às desigualdades?

Trabalhar em prol da coletividade significa melhorar a sociedade onde vivemos, seja ao nível da cidade, país ou planeta. É acreditar que a mudança para melhor não está na capacidade do outro, mas em cada um de nós, junto com os outros.

Uma pessoa vale, e juntas com outras, vale muito mais; a força do coletivo é superior a qualquer inteligência individual. A história já confirmou que somente a atitude de um grupo que assume o problema e luta unido vence e promove transformações.

O combate à violência e desigualdades é conflitante com uma vida harmônica, feliz, unida e de paz. Tanto a questão da violência contra a mulher quanto as de desigualdade geram perdas de todos os tipos, seja de vida, financeiro, oportunidade de ter pessoas incríveis para um mundo melhor.

Por isso, precisamos nos mobilizar e envolver quantas pessoas forem necessárias para juntas solucionarmos definitivamente, com metas e ações estruturadas. É assumir, influenciar, responsabilizar-se que é preciso mudar e que a transformação está em cada uma de nós.

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