O bloco passou, a banda tocou, o folião seguiu. Alguns viram pela janela, outros no meio da batucada. Hoje, confetes e purpurinas dão lugar ao cinza dos uniformes, ao “bege cor de escritório”, como dizem os mais experientes. O pé na areia e a caipirinha são trocados pelos finos bicos dos pretos sapatos e pela caneca de café que ajuda a manter a normalidade da vida que segue seu curso. Seguimos todos.
A quarta-feira de cinzas, seguida pela quaresma, trazem consigo uma certa nostalgia no peito e ao fechar os olhos me recordo de cada momento inusitado da existência humana nesses dias de folia, são tantas histórias, tantas odisseias que até Odisseu ficaria com inveja.
Os encontros despretensiosos nos botecos, num tempo que passa diferente entre um copo e outro. As peripécias de quem não leu a bula da contra indicação da cachaça. O som do chocalho e do surdo atravessando o enredo do bloquinho. As serenatas da madrugada, nem sempre tão harmoniosas… e tantas outras notas que perpassam os dias de folia, mas a melodia sempre encontra seu compasso. O que importa é estar feliz, não sozinho, mas com todos que amamos.
O carnaval passou, agora é uma lembrança boa de quem cultiva amores e amigos, virou conto na boca de cada um que parte, levando consigo um pedaço desse tempo de cores e alegria. Provocando aquele riso secreto, no canto de boca, quando alguém perguntar; “como foi o seu carnaval.”