Sou filha de jornalistas e talvez por isso trago no DNA o gosto pela escrita e pela leitura. Lembro-me de, na minha infância, sempre receber livros de presente, às vezes sozinhos ou acompanhados de algum outro presente. Certa vez, ganhei uma coleção dos livros de Monteiro Lobato e adorava ler em voz alta para minhas bonecas, para meu cachorro Bidu ou para quem estivesse disposto a ouvir. Em minha mente, sempre me rondava o pensamento de um dia me tornar escritora e apresentar diversos mundos para outras pessoas.
Adorava ir às livrarias com meus pais e voltar com sacolas cheias de livros, andar entre as prateleiras e poder sentir um universo de mundos, histórias e personagens que viviam ali, esperando para alguém abri-los e conhecê-los.
Confesso que, apesar de ser uma leitora bem eclética, tenho fascinação por livros de fantasia e suspense. Na minha juventude, devorava os romances policiais de Agatha Christie, com seus mistérios e enigmas, sempre em busca de quem cometeu os crimes e seus mais variados motivos.
Porém, lembro-me de um conjunto de livros que marcou de forma especial a minha vida. As Brumas de Avalon, escrito por Marion Zimmer Bradley, trazia no início algo mais ou menos assim: a história do rei Arthur contada pela visão de várias mulheres. Mesmo sem entender muito na época, hoje compreendo no quanto essa simples frase influenciou minha vida, pois de fato é muito importante termos histórias contadas sob os olhos das mulheres.
Tenho uma filha de 12 anos e um dos nossos momentos especiais diários é o tempo que tiramos para ler juntas. Terça feira passada, ela me ligou super empolgada da escola, para me avisar que tinha uma feira do livros e que queria muito que eu fosse com ela. Lembro-me que naquele dia eu estava muito atarefada e com uma enxaqueca do tamanho do mundo. Mas é claro que fui e compramos um livro, pois memórias como essa são sagradas, não só pelo tempo em que passamos juntas, mas também pela mensagem de que livros são importantes e de que sempre serão os melhores investimentos.
Meu coração se encheu de alegria ao ver a maneira como ela passava pelos livros, observando as capas e descobrindo do que se tratava cada história. Parecia que, em cada toque, ela era capaz de sentir a imensidão que estava dentro de cada um deles. Afinal, ler consiste em vivenciar outras realidades e visões, é ganhar conhecimento e o entendimento de que pessoas pensam e vivem de forma diferente e que não há problema algum nisso. É poder viajar entre reinos e épocas e compreender que letras e folhas são grandes tesouros capazes de mudar vidas e de transformar o mundo.
Acredito que uma das frases mais significativas sobre educação e livros foi dita por Malala: “Uma criança, um professor, um livro, uma caneta podem mudar o mundo.” “Nos deixe pegar nossos livros e nossas canetas, eles são as armas mais poderosas.” Que possamos valorizar e incentivar cada vez mais a leitura de livros para que possamos formar adultos fortes e capazes de interpretar o mundo a sua volta e realmente fazer a diferença na sociedade como um todo.