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Tio Quinquim e a bênção

escritoras-cachoeirenses2-07-01-23
Escritoras Cachoeirenses

Independente da crença ou religião, a criança era educada a pedir a bênção aos mais velhos, como sinal de respeito e admiração. O tempo era diferente da atualidade, não havia pressa, não havia desespero, nem ansiedade. Hoje, o tempo corre numa velocidade inimaginável, ou será que eu é quem vejo o tempo assim?

Recordo de Letícia e sua infância: simples, mas única; humilde, contudo doce; inocente, no entanto plena. Ela foi educada para respeitar, em primeiro lugar. A benção era comum, até mais que o simples “oi”, a benção vinha sempre na frente.

Faço memória de seu tio Quinquim, homem orgulhoso, seco, que não entendia o verdadeiro sentido de abençoar os outros, pensava apenas que esse ato o colocava mais velho, e isso ele não queria, não compreendia, nem reconhecia a sabedoria. Sempre que Letícia e sua mãe Maria o encontravam, “Sua benção” sempre saíam de suas bocas, mesmo sabendo que seu tio não responderia. Aborrecida, Letícia sempre questionava sua mãe o porquê de continuar a pedir a benção se ele não respondia, e, sabiamente, sua mestra respondia que “quem abençoa é Deus”.

O tempo muda e, com ele, a cultura se transforma. Tradições são perdidas, dando lugar a outras. Muitos criticam a tecnologia como o fator da transformação social, mas ela não constrói caráter. Não podemos, neste momento, culpar a modernidade, a sociedade se modifica, e manter a tradição é opção única do homem.

Em certa ocasião, ao embarcar dentro do ônibus, Lelê, junto à sua mãe, não avistaram seu tio, passando direto por ele, que imediatamente questionou “vocês não vão dar benção a seu tio?”. Nessa situação, a pequena descobre que a vida ensina muito. Agora, velho e solitário, a humildade atingiu aquele homem que, um dia, fora vaidoso e arrogante. Quando a solidão se abateu, foi obrigado a recuperar suas perdas, mas aquela criança compreendeu, desde cedo, que a sabedoria chega em momentos diferentes para cada indivíduo.

Dandara Dias. Mulher, negra, filha de lavradores, professora e historiadora. Descobriu-se negra tardiamente, devido ao racismo estruturado em nossa sociedade, e atua como ativista antirracista desde sua formação como docente aos 21 anos e, desde então, está na luta por um lugar de fala. Encontrou-se escritora aos 28 anos, após retratar suas lutas através da escrita. Valoriza a história local e a oralidade. Além disso, é artista, agente cultural, ambientalista, feminista e educadora social.

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