Uma aposentada cachoeirense que hoje vive no estado do Rio de Janeiro conseguiu, após meio século, reencontrar os filhos em Cachoeiro de Itapemirim. No emocionante reencontro da família, ela finalmente conseguiu abraçar a mãe, os irmãos e conhecer netos e bisnetos.
Mirene Roberto de Oliveira, hoje com 68 anos, saiu de Cachoeiro aos 28 para trabalhar na casa de uma família, no Rio de Janeiro, deixando os dois filhos com um casal de amigos. No mesmo ano, em 1972, há 48 anos, sua mãe decidiu se mudar para São Paulo.
“Quando minha mãe foi para São Paulo eu perdi o contato com todo mundo. Não conseguia falar com ninguém. Mas eu nunca perdi a esperança de rever minha mãe, meus irmãos e os filhos”, disse Mirene.
Entre os filhos está o servidor público Ronaldo Índio Brasil, 49 anos, que por muito tempo trabalhou como radialista e repórter policial em Cachoeiro. Ele e a irmã Maria Alzira Índio Brasil, 47 anos, foram adotados e receberam o sobrenome Índio Brasil.
“Minha mãe de criação morreu em 2007 e resolvemos procurar nossa mãe biológica, que sempre quisemos conhecer. Para mim foi uma grande felicidade abraçá-la, depois de tanto tempo, e sentir os traços familiares. É uma coisa nova, uma sensação muito boa”, disse.
Buscas
Foram anos de buscas até que no ano passado, durante recadastramento biométrico do título eleitoral, a mãe de Ronaldo e Maria Alzira finalmente conseguiu uma pista.
“Perguntei à atendente se pelo computador eu conseguiria descobrir algum parente. Ela abriu a tela e pude ver duas irmãs, um irmão e um sobrinho”, disse.
As imagens renovaram a esperança da aposentada, que pediu a ajuda da filha. “Minha filha mandou mensagem para minha neta, que mostrou a foto para a mãe dela. Ela me reconheceu e falou: é minha mãe. Foi aí que desenrolou tudo”, disse Mirene.
Em Cachoeiro de Itapemirim, além dos filhos, Mirene pode rever também sua mãe, a aposentada Nazira de Oliveira Mezine, de 83 anos. A emocionante cena foi registrada pelo filho. Também pode abraçar os irmãos Jovaci e Irene, que não via há 50 anos.
“Vale a pena perseverar. Foram 10, 20, 30 anos procurando um pelo outro. Minha mãe de lá e nós daqui. Ninguém desistiu”, comemorou Ronaldo.
Confira o vídeo do reencontro
“Ganhei na loteria sem ter jogado”, diz aposentada
Dia a Dia – Há muito tempo procurava pelos seus filhos e pela sua mãe?
Mirene Roberto de Oliveira – Sim. Foram muitos anos de luta. Muito tempo de espera. Mas graças a Deus deu tudo certo. Foi uma maravilha.
Por que vocês se separaram?
Precisei ir para o Rio de Janeiro, no dia 14 de janeiro de 1972. Fui trabalhar em casa de família e não consegui voltar mais. Fui trabalhar na casa da irmã de minha ex-patroa, que estava operada e precisava de uma pessoa de confiança.
E o que aconteceu?
Fiquei muito tempo. No mesmo ano que fui para ao Rio, minha mãe foi para São Paulo. Então perdi contato com todos aqui. Mas a minha esperança eu não perdi. Sempre quis voltar a ver minha mãe, meus filhos e irmãos.
Como vocês conseguiram se reencontrar?
Eu fui fazer o recadastramento biométrico para o título de eleitor e pedi para a menina se ela conseguiria descobrir algum parente pelo computador. Quando ela abriu a tela, apareceu minha irmã, meu irmão e um sobrinho. Meu Deus, há tanto tempo não os via.
E depois?
Vi que tinha puxado a ponta da linha e agora iria até o final. Pedi minha filha para buscar pela internet. Ela conseguiu enviar mensagem para minha neta, que respondeu. Depois, enviou uma foto minha. A menina do outro lado mostrou para a mãe dela, que me reconheceu na hora.
Como se sente hoje?
Encontrei minha família toda. É só vitória. Fui ver minha mãe. Minha filha passou uma semana comigo. É só felicidade, beijos e abraços. Ganhei na loteria sem ter jogado. Tirei um prêmio grande, pois reencontrei minha família, ganhei netos e bisnetos que não conhecia. Minha família cresceu.