Artigo: Marcio do Nascimento Santana, Historiador com formação em Arqueologia, montanhista e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro de Itapemirim.
Toda religião tem seus símbolos que exemplificam algum aspecto importante da sua crença. O judaísmo tem o símbolo da Estrela de Davi; o islã é simbolizado pelo crescente…E desde os primeiros séculos da era cristã, os cristãos perseguidos têm escolhido a rude cruz como o símbolo do cristianismo.
Os primeiros cristãos ecoaram o grande desejo de Paulo: “Longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (Gálatas 6:14).
A cruz é o centro da fé cristã. Sem ela, não temos nenhuma mensagem. É fundamental que todos os cristãos entendam o significado da cruz e o motivo pelo qual Cristo teve de morrer. Sob esse contexto resolvi, caro leitor, escrever sobre a busca daquela que é considerada a maior de todas as relíquias históricas, arqueológicas e religiosas do mundo: A busca pela Verdadeira Cruz de Cristo.
O que houve com ela após a crucificação?
Quem a descobriu?
Onde ela se encontra?
Para responder essa perguntas começo uma série de textos. No total serão três: viajando pelo tempo e pela história, em um caminho de fê e iluminação, e apresento a todos a história de Helena:
Simplesmente Helena:
Helena é a mãe do imperador romano Constantino Magno. Ela nasceu na Bitínia, uma província do Império Romano. Era de família simples, plebeia. Casou-se com um tribuno militar chamado Constâncio Cloro. Deste casamento nasceu Constantino no ano 285, o futuro imperador romano e primeiro imperador cristão.
Constantino veio a fundar a cidade de Constantinopla, atual Istambul na Turquia e antiga cidade de Bizâncio
Até o ano de 313, Helena e Constantino ainda não eram cristãos. Mas, na batalha de Constantino contra Maxêncio, ocorreu um fato extraordinário.
A situação era favorável a Maxêncio. Constantino, porém, contrário às perseguições contra o cristianismo, teve uma visão: uma cruz brilhante no céu, e as palavras: “Com este sinal vencerás”. Constantino, então, mandou pintar as bandeiras e estandartes de seu exército com esta cruz e venceu.
Este acontecimento causou a conversão de Constantino e de Helena. Constantino ordenou o fim das perseguições contra os cristãos, através do famoso documento chamado “Edito de Milão”, no ano 313.
Graças ao Édito, o cristianismo passou a ter os mesmos direitos das outras religiões. Anos mais tarde, o imperador Teodósio fez do cristianismo a religião oficial do império romano.
Ao contrário do filho Constantino, que só se batizou perto de sua morte, Helena quis ser batizada e assumir a fé cristã desde que seu filho venceu a batalha contra Maxêncio. Santa Helena, ao longo de sua vida mostrou grande fervor. Este fervor aparecia em grandes obras assistenciais e na construção de várias igrejas em lugares santos. Em especial três…um desses locais é o tema do texto que vocês estão lendo.
Helena e a Basílica de Natividade
Helena, a mãe do imperador Constantino, uma vez convertida foi com uma comitiva de inúmeros soldados acompanhar as escavações em Jerusalém pelo bispo chamado São Macário. Este escavou o monte calvário e o santo sepulcro e escavado na rocha, encontrou a Cruz de Jesus e as duas cruzes dos ladrões (Como tiveram certeza que era realmente a cruz de nosso senhor Jesus? Somente no próximo texto).
Helena, entusiasmada com este acontecimento, mandou que procurassem a gruta do nascimento de Jesus e ali ela mandou construir a Igreja da Natividade, e igualmente o fez com o Monte das Oliveiras e no sepulcro de Cristo.
A Basílica da Natividade:
A Basílica da Natividade (em hebraico: כנסיית המולד, e em árabe: كنيسة المهد) teve sua estrutura construída sobre uma caverna, o lugar onde, segundo a tradição, Jesus nasceu.É o segundo lugar mais visitado na Terra Santa, depois do Santo Sepulcro. Belém fica distante apenas 10 quilômetros de Jerusalém, onde Jesus vivenciou os seus últimos momentos, a crucifixão e morte. Sua construção data do ano de 326,
Além de Jesus, o Rei de Israel, Davi, também nasceu em Belém. Por isso, no evangelho temos a expressão “Jesus, Filho de Davi”. Seus pais eram descendentes do rei e por isso, também eles podem ter nascido em Belém, mas os dados históricos são escassos para confirmar essa informação. Helena pediu para seu filho, o imperador Constantino, construir o templo em honra ao Menino Deus.
A Porta da Humildade e a Manjedoura:
Hoje, quem entra na igreja da Natividade de Jesus em Belém precisa passar por uma pequena porta, de pouco menos de um metro e meio de altura. Ela é chamada Porta da Humildade. Antes existiam outras portas maiores, mas com o passar dos anos, com a intenção de proteger a igreja, a porta ficou nesse tamanho.
Logo para entrar onde Jesus nasceu, é preciso inclinar-se e, nessa atitude, podemos compreender uma verdade profunda, a de que precisamos ser humildes para entender o mistério de sua vida.
A manjedoura onde Maria colocou Jesus é um buraco na rocha, recoberto de mármore e uma estrela de prata, que recorda a visita dos Magos a Belém: “Vimos a Sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo… E eis que a estrela foi adiante deles, até que veio ao lugar onde a criança estava”.
Atualmente, dividem o espaço da Basílica os Franciscanos, juntamente com administração da Gruta da Natividade (Manjedoura), os gregos e armênios ortodoxos, porém em horários diferentes. Este espaço foi cenário de muitas disputas entre os mesmos. Somente em 1853 fizeram um acordo sobre os horários e coisas a serem conservadas nestes lugares, sobretudo na gruta. Este acordo é denominado status quo.
Hoje, depois de mais de dois mil anos, a permanência deste templo diante de uma realidade de constantes conflitos religiosos e civis, nos diz que somente por meio da fé poderemos alcançar a paz e a unidade dos povos.
Observações:
Em razão de os muçulmanos considerarem Jesus como sendo o segundo maior profeta islâmico, o local é considerado sagrado tanto para o cristianismo como para o islamismo.
Em 2012 foi classificada pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.
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