ARTIGO: Thaís Rangel Damasceno é psicóloga, psicoterapeuta, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental. Servidora pública na rede SUS.
Estamos finalizando um ano bem difícil. Um ano com acontecimentos amplos que atingiram cada um de forma singular, mas ao mesmo tempo, de forma tão comum a todos, com as perdas, angústias e dificuldades.
A verdade é que a pandemia não poupou ninguém, ora você é o paciente, ora um expectador da dor do outro, e que muito frequentemente, se torna a sua dor também.
Ao longo do ano, fomos buscando estratégias para subsidiar nossa saúde mental em meio ao caos que se formou. Encontros virtuais se tornaram um ponto chave para nos manter conectados, vivos!
Através desses encontros, nos reunimos com amigos, fomos a aniversários, a escola, casamentos, igreja, formatura, trabalho…
Enfim, lançamos mão dos recursos que tínhamos e criamos tantos outros, nos adaptamos (ou não) a uma nova e urgente forma de nos relacionarmos.
E então, chegamos a dezembro. O fechamento de um ciclo, um ano. Um mês habitualmente cercado de reencontros, afetos, festejos. Em contraponto, para muitas pessoas, é um tempo de tristeza, depressão, surtos e uso abusivo de álcool e outras drogas.
A procura por acompanhamento psicológico nessa época costuma ser maior. Para muita gente, o fim do ano é marcado por frustrações e fracassos, e muitos se fragilizam e adoecem nessa época.
Somado a isso, temos a pandemia, a necessidade de manter novos rituais e protocolos: mais distanciamento, menos encontros. Alguns resistem, tantos persistem. E dá-lhe resiliência.
Bem, já ouvi gente pedindo para cancelar o ano, o Natal, o Réveillon, numa tentativa de fuga, de um tempo doloroso. Mas cancelar resolve?
Bem, buscando na essência, o natal é um momento separado para relembrar e celebrar o nascimento de Jesus. E vale lembrar, que Jesus não nasceu numa situação confortável, longe de ser uma situação ideal. Mas ele veio ao mundo pra cumprir um propósito. Tradicionalmente, as famílias se reúnem e celebram, é uma festa!
Para muitos, as festividades deste ano estão um tanto amargas, há luto em muitas casas, é tempo de recolhimento, lembranças saudosas, e por vezes dor.
Para além daqueles que se queixam dos poucos lugares à mesa, há àqueles em que um convidado de fato não vai chegar. A todos estes, a minha solidariedade e respeito.
Contudo, que não nos esqueçamos daquele sentimento de novidade, expectativa e mudança que surgem nas frestas do ano novo. Mais do que o sentimento, aquela vontade recheada por metas que nos enchem o peito com novas esperanças e ideias. Um renovo que restaura nosso cansaço, nos impulsiona a agir e ser parte da mudança que tanto desejamos.
Vislumbrar soluções e novas perspectivas de dentro do problema, não é fácil, e por vezes, é necessário ajuda profissional. Mas lembre-se: você já superou muitos dias maus, e sobreviveu a todos.
Vamos fechar mais esse ciclo, nos encher de coragem e ousadia, e abrir espaço para o novo ano, um novo tempo. Para além das adversidades; a paz, a esperança e o amor.