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O outro dia

luiz-damasceno-03-12-2023d
Luiz Antonio Damasceno

Sempre gostei muito de ler. Iniciei muito cedo na leitura, como já dissera em outro texto e as responsáveis por isso foram as excelentes mestras que tive: Neusa Paiva Abreu, Edla Miranda Lustosa, Lúcia Maria França Siano e Hirtes Xavier Lobo. Estudei em uma época em que, a título de incentivo, quem obtivesse a melhor média ao término do bimestre ganharia um prêmio, geralmente, o estudante era premiado com livros.

Desde o início de minha vida escolar, sempre me dediquei muito aos estudos. Imaginem que os colegas até me chamavam de cdf. Então, na Primeira Série, por um outro motivo, ganhei o livro “Meu grande amigo”. Na Segunda Série, “A Rabequinha Maravilhosa”, com vários Contos de Fadas. Na Terceira Série, “As viagens de Gulliver”. Na Quarta Série não havia mais a premiação, também já estava em outra Escola.

E eu era um leitor em construção em relação à leitura, já poderia dizer que a leitura estava impregnada em mim. Agora, Inês é morta. Fato consumado! A propósito, a leitura sempre nos favorece e nos permite entender algumas frases, às vezes ditas mecanicamente, como esta “Agora, Inês é morta”. Segundo a História, “o romance proibido de D. Pedro com a dama de companhia Inês de Castro deu o que falar no século XIV.

Ele era filho de D. Afonso IV, rei de Portugal. E ela era empregada da mulher dele.

Como os casamentos da corte eram arranjados, D. Pedro foi obrigado a se casar com Constança. Mas seu coração pertencia à dama de companhia da mulher, Inês de Castro.

Eles se tornaram amantes, um escândalo na corte. O rei, então, exilou Inês afastando-a de D. Pedro. Mas os apaixonados continuaram a se corresponder.

Após a morte de Catarina, D. Pedro ordenou a volta de Inês a Coimbra, para viver seu grande amor. O rei ficou furioso.

Certo dia, quando D. Pedro saiu para caçar, Inês foi degolada a mando do rei. Ao saber, D. Pedro ficou desolado.

Ele se vingou dos assassinos, arrancando-lhes o coração com as mãos.

Cinco anos depois da morta, D. Pedro mandou coroar Inês, pois jurava ter se casado escondido, o que fazia dela uma rainha.

Na ocasião, colocou o corpo de Inês no trono, pôs uma coroa em sua cabeça e obrigou toda a corte a beijar a mão do cadáver.”

Daí o ditado que agora não adianta mais nada, pois Inês é morta.

Por essa e outras razões a leitura ganha grande importância em nossa vida, mesmo nesse universo tecnológico sofisticado e digital.

 Pois, a frase se aplicava a mim como leitor que se formava, não adiantava mais buscar outras atividades para fazer, uma vez que nada mais prejudicaria a minha leitura.

 Leitor incorrigível, lia tudo que me caísse às mãos, desde os rótulos das embalagens, as propagandas, bulas de remédios, os clássicos, escritores nacionais e estrangeiros e jornais. Ah, antes que me esqueça, o meu saudoso pai senhor Alvinho Damasceno da Silva também me incentivou na leitura. Papai, todos os dias, comprava o Jornal dos Esportes, interessante era um jornal cor-de-rosa. O Globo e o Jornal do Brasil. Eta tempo bom! Valores agregados naquela época se perpetuaram em minha vida e, hoje, tranquilamente, me satisfazem.

 A trajetória desse leitor prosseguia! Segundo Grau, outros tipos de leitura foram acontecendo. Depois, Faculdade! Aí, tudo muda completamente, adentrando ao Curso de Letras. Leitura mais que obrigatória dos grandes romances e clássicos da Literatura Brasileira e Universal, além dos livros de Filosofia.

Pronto! Tornei-me professor de Literatura! Na verdade, o que sempre me fascinou mesmo foram as Crônicas, principalmente, àquelas surgidas no nosso cotidiano e que, imaginariamente, você consegue desenhar os personagens delas. Quando as leio, visualizo os personagens e suas características, além de aprender muito e reiniciar alguns contextos de minha vida. Cheguei a ler aqueles livros paradidáticos intitulados “Para Gostar de Ler”, os quais reuniam as crônicas e textos de autores diversos.

 Porém, o meu cronista favorito sempre foi o Rubem Braga, perdoem-me os outros! Uma de suas crônicas que já li diversas vezes e que também já foi objeto de estudo em minhas aulas foi A outra noite. Nela, o autor nos conta que “outro dia” tinha ido a São Paulo e voltou à noite, uma noite chuvosa e fria. Quando voltava para casa, encontrou um amigo e ambos voltaram de táxi. No diálogo no carro, conversavam e o autor conta ao amigo da outra noite que havia além das nuvens feias que cobriam a cidade, que elas eram enluaradas, colchões de sonhos, alvas, uma paisagem irreal.

 Depois que o amigo desceu carro, o chofer parou no sinal fechado e disse ao autor que ouvira sua conversa. Então, lhe perguntou sobre essa outra noite, enluarada e bonita.

O autor confirmou sim e lhe explicou que acima da noite escura, enlamaçada e torpe havia uma outra pura, perfeita e linda.

O chofer ficou boquiaberto, colocou a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado e tentar ver a outra noite.

Quando pagou a corrida e desceu do carro, o autor sentiu da parte do motorista tanta sinceridade no agradecimento como se ele tivesse lhe dado um presente de rei.

 Nossa! Há uma beleza, uma leveza e um lirismo extraordinários nessa Crônica. Rubem, com tamanha profundidade, exalta com otimismo um olhar diferente sobre aquele olhar negativista e derrotista de outras situações adversas da vida: A noite além das nuvens pura, perfeita e linda a qual se sobrepõe à noite escura, enlamaçada e torpe.

Assim é a nossa vida, num outro dia, podemos sempre lançar um novo olhar para aquilo que tanto nos entristece, magoa, preocupa tal qual uma noite escura, enlamaçada e torpe, pode-se dar lugar à pureza, a perfeição e a beleza. Basta que tenhamos Fé e acreditemos que os momentos ruins e difíceis de nossa vida podem ganhar novos rumos, é preciso apenas que mudemos nossa mente.

No outro dia tudo pode ser modificado, porque Deus também permite que pessoas cruzem o nosso caminho e nos tragam palavras de otimismo, de conforto, de alegria e plenas de gentileza, e de atenção valorizando o outro. Foi o caso do motorista, a sua gratidão foi imensa a ponto de ele ver a grande importância e atenção que lhe foi dada.

O cronista nos revela que cada pessoa tem seu ponto de vista, de acordo com sua visão de mundo.

Pois, nós podemos sempre fazer melhor o outro dia, se assim o quisermos. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” (Salmos 30:5)

E, assim o nosso outro dia será diferente.

Luiz Antonio Damasceno.
Professor de Língua Portuguesa e Literatura aposentado. Graduado em Letras e pós-graduado, especialização em Práticas e Dinâmicas do Ensino Superior. Cachoeirense, reside atualmente em Curitiba
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