Se você gosta de música ou é músico, é curioso, habilidoso para os trabalhos artesanais, é paciente e gosta de manusear instrumentos musicais, quem sabe se dedicar à arte milenar da luthieria não seja o seu caminho profissional?
Em Cachoeiro, um dos luthiers, que é o profissional que trabalha com a construção e a manutenção de instrumentos musicais, é o músico Fábio da Silva Rozário, 39 anos, que vive exclusivamente do seu trabalho de restauração de instrumentos de corda desde 2016.
O luthier conta que desde jovem tocava em grupos de música católica, depois passou a tocar em bandas de bailes da região por mais de 16 anos. Mas Fábio diz que depois de aprender várias profissões ganhou muitas habilidades manuais que lhe permitiram chegar à luthieria.
Cita o último emprego, em que era mecânico industrial, o que deu o maior suporte para realizar os trabalhos de precisão na área de luthieria. “Entrar nessa área de manutenção e restauração de instrumentos foi algo que posso dizer do destino. Tenho que agradecer a última profissão que trabalhei”.
Fábio Rozário toca guitarra, violão e contrabaixo e diz que a maior satisfação do seu trabalho é recuperar e restaurar os instrumentos que muitas vezes foram desacreditados e abandonados pelas pessoas. “Eu recupero tudo para que tenha qualidade e tocabilidade. É um trabalho gratificante.”
Aos que querem trabalhar como luthier, ele dá um conselho: é preciso ter paciência e perseverança. A manutenção e restauração é um trabalho de aperfeiçoamento constantes das habilidades. Cada dia nessa área é um desafio, enfatiza.
O luthier conta que o instrumento que demorou mais tempo para restaurar foi um violão Takamine, cujo braço estava aparentemente irrecuperável.
“Já recuperei muitos instrumentos, mas o pior até hoje certamente foi o violão Takamine Signature, que tive que esculpir a peça para a reconstrução da junção do braço”.
Jamil Simões, o Jamil da Viola, que foi dos componentes do grupo musical os Pantaneiros, proprietário do Takamine, relata que o que Fábio fez no violão foi inacreditável. “O braço estava quebrado, não tinha como emendar, ele fez outro braço perfeito”, testemunha.
Ele, que é autodidata e toca violão desde os oito anos, além de viola, teclado, cavaquinho e guitarra, diz que qualquer instrumento seu que precise de recuperação será entregue aos cuidados de Fábio Rozário. “De todos que eu conheço, o Fábio sem dúvidas é o melhor”.
Apesar dos elogios do cliente, o luthier parece modesto. Diz que pretende se dedicar à fabricação de instrumentos, mas que ainda não está pronto. “Ainda estou engatinhando nessa área. Mas pretendo devagar ir comprando o maquinário necessário e partir para a fabricação”.
Fábio diz que a melhor parte do serviço de restauração é o antes e o depois, quando por alguns dias, semanas ou meses o instrumento se torna parte da sua vida.
“De uma maneira ou de outra, eu dou o melhor de tudo que aprendi para fazer o instrumento voltar a ser a alegria e felicidade das pessoas”.
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SAIBA MAIS
– Um dos luthiers mais célebres foi o italiano Antonio Giacomo Stradivari, um artesão profissional especializado na construção e reparação de instrumentos de cordas beliscadas com caixa de ressonância.
– Stradivari teria fabricado ao longo de sua vida cerca de 1200 instrumentos musicais que estão entre os melhores instrumentos de cordas já criados no mundo.
– Desse total, há informações de que 650 estão com músicos e colecionadores mundo afora.
– Um deles foi vendido em 2006 por U$ 3,5 milhões( cerca de R$ 18 milhões)