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Victória e Valentina

Irmãos gêmeos, a vida olhada no espelho

redacao
Redação Dia a Dia

Christine Venturi e Christiane Venturi Gariolli são gêmeas. Na família paterna, a gravidez gemelar é comum. Tios-avós, primos, filhos de primos tiveram filhos gêmeos.

“Minha avó Maria teve dois partos de gêmeos: o primeiro, em que nasceram meus tios João e Judite, que completarão 80 anos no ano que vem, e o último, em que nasceram minhas tias Marli e Marlene”, detalha.

Victória e Valentina completaram seis anos no dia três de dezembro, são bivitelinas, e apesar disso, são muito parecidas, segundo a mãe, a empresária Joana Gariolli, de 26 anos, que tem prima na família que também tem filhos gêmeos.

“Elas são parecidas fisicamente, mas são de personalidades totalmente diferentes. Uma é mais calma e emotiva, a outra mais agitada e brincalhona”, conta.

Fabiano Ferreira Soares, metalúrgico de 43 anos, diz que até hoje até as pessoas da família o confundem com o irmão Fabrício.

Eles são gêmeos univitelinos e têm o mesmo grupo de amizades desde a infância. Ele tem parentes gêmeos pela família paterna.

Giselle e Joyce Silva dos Anjos têm 18 anos e estudam no Ifes de Cachoeiro, são gêmeas univitelinas, portanto, muito parecidas fisicamente.

“Mas o que temos de igual na aparência, temos de diferente na personalidade”, conta Giselle sorrindo.

E esse papo de um gêmeo percebe se algo estiver errado com o outro. Procede ou é fantasia? Quem responde é Christine Venturi. “A ligação é diferente, não dá para explicar em palavras, o corpo denuncia quando algo não vai bem com o outro”.

Fabiano não se lembra de nenhuma situação anormal, mais acredita que os pressentimentos ocorrem sim, e são um sentimento mútuo de irmäos próximos.

Mas quais são exatamente as vantagens e desvantagens de ter um irmão ou irmã gêmea? Christine Venturi diz que o bom é que na infância a irmã era a sua companhia nas brincadeiras e aventuras, parceira na hora dos estudos.

“Ser gêmeo é saber que tem sempre alguém muito próximo que te apoiará em todos os momentos, mesmo quando tem divergências. O lado ruim? São as comparações. E também a mania de nos vestirem iguais quando éramos crianças”, destaca sorrindo.

Fabiano Ferreira diz que ter um irmão com a mesma idade é sem dúvidas a maior vantagem de ser gêmeo. Principalmente na infância e adolescência, quando qualquer diferença mínima de idade faz os irmãos terem grupos de amizades distintos. E acho tão maravilhoso ter meu irmão gêmeo que se tiver alguma desvantagem, ela se torna um pormenor.

Se já foram confundidos ou trocaram de lugar? Claro que sim, segundo Fabiano, e principalmente na juventude, fase em que adoravam correr alguns riscos e viver novas aventuras.

“Lembro de trocarmos de sala incentivados por amigos para “testar” a professora e ela não percebeu. Usar a foto do outro na carteirinha de estudante também passava despercebido”.

Christine diz que é muito comum até hoje ser confundida com a irmã. “Deixo pensarem que sou minha irmã porque às vezes tentar explicar dá muito trabalho”, conta sorrindo.

Christine e Christiane

Quanto a trocar de lugar, só em brincadeiras nas reuniões de família. Ela destaca que apesar de serem bastante parecidas, têm as diferenças.

“A altura não é a mesma, são poucos centímetros de diferença, a textura e cor do cabelo (vale registrar que quando crianças era tudo igualzinho).

Fabiano lembra de uma situação bem engraçada quando o irmão Fabrício assumiu uma vaga como suplente de vereador na Câmara de Cachoeiro em substituição a um vereador afastado na época, fato que gerou muita repercussão.

Fabiano e Fabrício

Conta que a TV local foi fazer a cobertura da posse. Ele deduz que alguém tenha falado para os repórteres que o vereador que iria assumir estava subindo o elevador.

“Quando chegou ao andar do plenário e a porta abriu, foram vários flashes, fotos, câmera, microfone preparado para me entrevistar. Vi que o pessoal foi pego mesmo de surpresa, ameaçaram iniciar a entrevista e tudo, foi engraçado”.

Mas Fabiano conta mais. Diz que é comum levar bronca por ter ignorado algum conhecido do irmão.

“Já me acostumei  a ser confundido com o meu irmão pelo fato dele ser uma pessoa pública e bem conhecida na cidade. Logo, tem muitas pessoas que ficam sem entender quando são “ignoradas pelo Fabrício”. Eles não têm conhecimento da situação gemelar”, ressalta.

E outros, segundo ele, apesar de saberem que é gêmeo, esperam automaticamente a mesma proximidade e afeto que têm com o irmão. “Aí veem as comparações e cobranças que julgo injustas e desnecessárias”.

Christine acredita que é muito parecida com a irmã quanto à preocupação com o próximo, em estar pronta à ajudar o outro, cuidar do outro, valores que aprenderam com os pais.

Quanto às diferenças, diz que são muitas. “Acho que principalmente a maneira de encarar o mundo. Minha irmã é mais radical em alguns assuntos, eu sou mais aberta às mudanças”.

 

A surpresa

As gêmeas Victória e Valentina, o irmão João e os pais.

A empresária Joana Gariolli, mãe de Victória e Valentina, conta que descobriu que estava grávida de gêmeas de uma maneira inusitada. Segundo ela, o desejo dela e do marido sempre foi ter filhos com pouca diferença entre um e outro.

“Quando meu João estava com um ano e meio decidimos tentar. No mês seguinte já estava grávida. Notei algumas diferenças na barriga, afinal eu já tinha estado gestante. No primeiro ultrassom já descobrimos que estávamos à espera de gêmeos”, relata.

O fato engraçado, conta a empresária, foi que a secretaria do médico logo no início perguntou o por que do ultrassom ela disse que já tinha um resultado positivo em relação à gravidez.

Segundo Joana, tão logo entrou no consultório, o médico logo viu que estava grávida de gêmeos e perguntou à secretaria se ela já sabia, referindo-se à gravidez gemelar, e ela respondeu que sim, mas sobre o resultado positivo.

“Ele me parabenizou pelos bebês e eu fiquei em choque, demorei a entender, mais assim que a ficha caiu foi um misto de emoções, uma vontade de chorar e gargalhar ao mesmo tempo. Realmente uma sensação única”, relata.

A mãe conta que estava acompanhada da irmã, que vibrou e chorou com ela. “E depois acabamos rindo de toda a bagunça que foi a descoberta”.

A maior preocupação na gestação, destaca, era levar a gravidez até o fim para que as bebês pudessem se desenvolver ao máximo e nascerem saudáveis.

“Na graça de Deus tivemos sucesso, pois elas nasceram de 38 semanas completas, com um parto marcado e totalmente calmo”.

Joana Gariolli conta que apesar de toda a expectativa para o parto e preparo com o seio durante a gestação, seu período de amamentação não foi muito longo porque as gêmeas têm APLV (alergia a proteína do leite de vaca) e precisaram de fórmula e cuidados especiais com a amamentação. Com isso, a mamadeira foi introduzida com dois meses de vida.

 

Em busca da própria identidade

 

Joyce (esquerda) e Giselle

Giselle e Joyce Silva dos Anjos são gêmeas e têm 18 anos. Ao contrário de muitos gêmeos, não fazem as mesmas coisas e estão sempre juntas, no mesmo grupo de amigos.

Elas sempre foram confundidas quando eram menores exatamente porque faziam tudo juntas. Mas hoje essa situação mudou, conta Giselle.

Giselle

“Com o passar do tempo nos tornamos mais independentes. Temos diferentes interesses, diferentes hobbies e até diferentes grupos de amigos”, relata.

Ela conta que se interesso por teatro e também por genética, e que por isso pensa em estudar Artes Cênicas ou Biotecnologia. A irmã ainda está indecisa, mas acredita que quer fazer Mineração.

“Acho que depois de tanto tempo sendo confundidas e tratadas como se fôssemos uma só pessoa, estamos contando os minutos para vivermos separadas. E também acho que cada uma quer seu espaço, preferencialmente diferente”, enfatiza Giselle.

Segundo ela, já se acostumaram a serem confundidas, especialmente pelos parentes, e até pelos pais, já que os amigos geralmente não as confundem.

A estudante diz que os amigos as identificam porque têm mais facilidade em associar os rostos com as personalidades.

Joyce

“Tanto que eles até falam que no começo nós somos idênticas, mas com o passar do tempo dá para ver que somos completamente diferentes e que não tem como confundir”.

Giselle diz que é mais ansiosa, introvertida e reservada e a irmã já é o contrário: descontraída, desinibida e extrovertida. “O que temos de igual na aparência, temos de diferente na personalidade”, se diverte.

Quanto ao futuro e a possibilidade de ficarem distantes em função das escolhas pessoais, acadêmicas e profissionais, a estudante diz que não há preocupações.

“Muito pelo contrário, me alivia. Ser gêmea é uma experiência única, mas meio que virou uma questão de identidade: minha vida, minhas decisões, quem eu sou. Seguir rumos diferentes, para mim, parece que “fornecerá” um melhor autoconhecimento”, conclui.

 

 

 

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