A cidade de São José do Calçado perdeu esta semana uma de suas moradoras mais antigas. A aposentada Maria Aparecida de Almeida Cunha, a Dona Zizi, morreu aos 105 anos, dois dias após seu aniversário, deixando uma história de amor ao próximo.
Em 1970, quando a cidade sofreu uma das piores tragédias, Dona Zizi se comoveu com as famílias que foram vítimas da forte chuva que causou um rastro de destruição na localidade de Vila Pavão, na zona rural.
Ela, que sempre trabalhou como parteira, lavou e vestiu os corpos para serem velados e sepultados. Na ocasião, 11 pessoas morreram, sem contar diversos animais que foram vítimas de deslizamentos.
Segundo os familiares, Dona Zizi morreu de causas naturais. Não tinha qualquer outro problema de saúde.
O médico Samir Cunha Faria, 35 anos, neto de Dona Zizi, disse que a avó estava muito quieta de 10 dias para cá. “Parece que só esperou mesmo as visitas que adorava receber em seus 105 aniversários”, disse.
Na quarta-feira (14), após almoçar, junto de suas filhas Dolina e Ana, com o olhar fixo nas duas, fechou os olhos e descansou, descreveu o neto.
“Este momento dói muito, mas eu quero dizer que minha querida avozinha pode descansar. Ela cumpriu sua missão aqui, pois foi uma mãe exemplar e a melhor avó do mundo inteiro”, disse Samir.
Ele continuou: “Toda a família sentirá muito sua falta, mas sabemos que estará melhor ao lado de Deus. Vou guardar nossas lembranças para sempre e quando eu tiver os meus netos, contarei histórias sobre a minha amada avó. Mulher forte, guerreira, religiosa e feliz”.
História
Dona Zizi nasceu na localidade de Jaspe, em São José do Calçado, na fazenda de seu avô Sebastião José de Almeida, que também teve uma vida longa – viveu até os 115 anos. Foi a primeira neta dele.
Casou-se com Sebastião Marçal Cunha, que morreu aos 75 anos.
Dona Zizi esbanjou disposição por toda a vida. Católica, frequentou a missa na Igreja matriz, onde ia a pé até os 98 anos de idade.
Em 2015, aos 98 anos, Dona Zizi foi uma das personagens entrevistadas pelo Jornal A Tribuna, durante reportagem “São José do Calçado, Cidade dos Vovôs”, que retratava sobre a população de idosos do município.
Gostava de artesanato e até os 98 anos fazia brolha, um tipo de bordado. Gostava de presentear cada familiar que se casava com suas toalhas de rosto, de banho e panos de prato enfeitados.
Mãe de seis filhos, sendo quatro homens e duas mulheres, Dona Zizi deixou ainda 14 netos, 15 bisnetos e três tataranetos.