Ela procurava um remédio que curasse a sua ferida na alma. Estava cansada, um pouco angustiada e desanimada. Já era a décima quinta farmácia que entrava naquele dia e ainda não tinha encontrado o que procurava.
Não, não era amor. Ela já não acreditava no poder curativo do amor. Era a esperança que tinha de um futuro com ele que a tinha deixado doente. Se pudesse, ela mataria o amor com as próprias mãos. Ou os acessórios que vinham junto com ele…felicidade, companheirismo, fidelidade…
Sentia-se frustrada porque o santo dela e o santo do amor nunca bateram. Não havia simpatia. O amor virava a cara para ela antes mesmo deles se conhecerem. Lógico, ela só o conhecia através das séries de TV, das músicas e dos poemas apaixonados. Ela já sabia, a essa altura, os lugares preferidos e os autores de cabeceira dele. Tinha esperança de que ela e o amor iam se dar bem. Mas algo nela o espantou. Talvez fosse sua ansiedade.
Talvez fossem as expectativas. Talvez ele tivesse outras mulheres. E ela nunca seria prioridade. Então, a frustração aconteceu. Não foi pelo relacionamento. Mas sim pela ausência. Ela não teve nenhuma chance. Como toda mulher que supera as dificuldades, ela deu o primeiro passo para que isso acontecesse: chorou, bebeu, chorou mais, comeu chocolate, dormiu, acordou, chorou… por alguns dias.
Agora, de pé, ela ainda está em processo de cura. E, por coincidência, o atendente da farmácia, charmoso, chamava-se esperança. A troca dos números de telefone lhe aqueceu o coração. Talvez ainda tivesse cura para a sua alma…