Ao ler o Diário de Anne Frank descubro curiosidades sobre o período da segunda grande guerra. Como o medo e a fome que assolava a população, todas formas de perseguição da Alemanha nazista aos judeus.
Mas outro fato que me chamou bastante atenção foi o de notar que a vida humana e seus medos e dúvidas mais comuns ainda persistiram. A própria Anne fez questão de deixar marcado em seu diário trechos a respeito de um rapaz pelo qual havia se apaixonado antes da perseguição aos judeus. Isso, enquanto se escondia dos nazistas em uma casa secreta. O medo da morte e da fome, a esperança de um fim da guerra e do holocausto, parace não ter consumido por completo outros sentimentos e desejos. Veja que mesmo sob vida e morte, correndo o risco de acordar e ser aquele seu último dia de vida, ainda sim sobrou tempo para questões comuns a todos nós.
Os livros mais famosos sobre a perseguição nazista não foi feito por historiadores, sociólogos ou filósofos, mas por pessoas que não buscavam explicar o acontecimento. Diziam apenas aquilo que viveram e como viveram, seus sentimentos e medos.
Dos livros mais populares durante a segunda grande guerra, nenhum foi diretamente a respeito da guerra. Apesar da importância do registro jornalístico, insensível e informativo, as pessoas ainda carregavam em si a herança humana e com ela, todas questões que há num mundo sem guerra.
Acredito que eu preferiria ler Hamlet ( Shakespeare) a um livro sobre a segunda guerra, se estivesse vivendo durante o período da segunda guerra. Isso porque os esses livros não tinham viés de direita, esquerda, judeus ou nazistas.
Eram humanos amedrontados com a vida, amando, dançando e lendo clichês. Não tinham a intenção de explicar a realidade, apenas exprimir as sensações do momento. Dizer o que viam e ouviam, o que comeram e beberam, por quem estavam apaixonados e os planos futuros para quando se desse o fim daquilo tudo que acontecia.
Vendo nessa perspectiva, acredito que podemos negar a realidade momentânea, mas nunca escaparemos da herança humana.