Poucas pessoas conseguem ver a vida de fato. Poucas pessoas conseguem admirar as pequenas grandes coisas do dia a dia.
Uma pessoa comum passa por uma rosa, mas um pequeno enxerga uma história, contendo insetos, cores e sonhos de amor na mesma rosa.
Uma pessoa comum participa de uma conversa. Outras, ouvem uma história lindíssima digna de ser registrada.
Há, de fato, um grupo de pessoas atentas aos detalhes minuciosos que enfeitam o mundo, essas pessoas, quase sempre, amam fotografias, são poetas, escritoras, compositoras, artistas em geral. O mundo não é igual para esse grupo.
O que passa desapercebido aos olhos dos demais é para esses grupos uma história lindíssima. É algo grandioso e magnífico.
Veja a crônica de Rubem Braga “A borboleta amarela”. Nela, um homem observa o simples voo de uma borboleta e vê ali uma história inspiradora e linda, capaz de conquistar qualquer coração de um leitor.
É com esse olhar que vejo, encantada, as árvores coloridas enfeitando a primavera e o verão de Cachoeiro. Ipês amarelo, rosa, branco enfeitam a paisagem, colorindo a paisagem e formando tapetes pelo chão. Árvores de vários tons surgem entre a vegetação verde das nossas montanhas. A cada dia, uma mais bonita do que a outra. E, assim, adentramos o verão quente e vejo o colorido das árvores se despedirem, dando espaço aos inúmeros tons de verde.
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Mas, as cores não desaparecem. Aos poucos, vejo os flamboyants invadirem os espaços, vejo as cores vermelho e laranja cobrindo árvores gigantes, desaparecendo completamente com suas folhas verdes.
Com o olhar de uma cronista apaixonada, coloco a cabeça para fora da janela do ônibus para observar por mais tempo tanta beleza. Passo por uma, duas, três, dez…Não importa. Nunca me acostumo com tanta beleza e não posso deixar de pensar que outras pessoas, antes de mim, enxergavam com os mesmos olhos e se encantavam… e registravam em letra e em música a beleza da nossa vegetação.
Raul Sampaio compôs e Roberto Carlos cantou. E se tornou nosso hino. Não posso deixar de pensar que eles (Raul Sampaio e Roberto Carlos) me inspiram. E os flamboyants nos inspiram, a mim, a eles e a outros.
Fico a imaginar os olhares de admiração dos dois. Será que assim como eu eles paravam debaixo dessas lindas árvores admirados? Será que se sentavam na poltrona do lado que sabiam estar um flamboyant colorido?
Não sei. Mas não há como passar por um flamboyant colorindo os meses de setembro, outubro, novembro, dezembro e janeiro e não me encantar. E não ouvir dentro de mim a canção:
“Meu flamboyant na primavera
Que bonito que ele era Dando sombra no quintal.”