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Maria, José e o menino Jesus. Foto: Canva

Conto de Natal

luiz-damasceno-03-12-2023d
Luiz Antonio Damasceno

Desciam com cuidado a ladeira da Comunidade onde moravam o Ludovico e sua companheira Josefa. Faziam a descida com cuidado, porque Josefa estava no nono mês de gravidez. Aquela manhã, eles iam ao médico com o qual Josefa fazia o Pré-Natal.

De repente, pensamentos começam a povoar a mente de Josefa. “Ludovico desempregado, moravam em uma pequena casa de cinco cômodos cedida por um dos chefes de ações da Comunidade, até que arrumasse um emprego para pagar o aluguel. Geralmente, as Comunidades têm sido muito discriminadas pelas pessoas, infelizmente, mas seres humanos nelas habitam e também se pode encontrar pessoas de bem. Recebiam também Cesta Básica e ajuda de outros moradores.”
Fica ela se lembrando do enxoval completo que ganhara para o bebê. Apesar de que a Comunidade era muito mal vista pela sociedade. Era nela que Josefa e Ludovico foram muito bem acolhidos desde que chegaram do Nordeste à metrópole.

A mente de Josefa passeia por vários lugares naquele momento, parada no ponto de ônibus, Ludovico com o braço sobre seus ombros, nem imagina o que se passa pela cabeça da companheira. Ele, absorto, também estava viajando e se lembrando de sua família lá no árido Nordeste, longe de todos, já fazia cinco anos que eles não se viam. Quanta saudade e vontade de estar junto deles, principalmente, na data comemorativa que se aproximava, o Natal!

Josefa continua mergulhada em seus pensamentos. Dizem que toda grávida fica muito sensível e neste momento, ela se encontra assim. Seu primeiro filho está para chegar. Ela nutre esperança de que dias melhores virão. Ansiosa para que chegue o dia de ver o rostinho de seu filho, o qual ela já o ama. Alguém já disse que toda vez que nasce uma criança é a prova mais viva de que Deus nunca se esqueceu da humanidade. A esperança pode estar depositada naquele novo ser que está para nascer.

E, Josefa, pela sua fé acredita nisso. Agora, ela se lembra da Igreja que frequentava lá na sua terrinha. A época era essa também de final de ano, das comemorações natalinas e como num filme, ela se recorda de um dos dirigentes da Igreja naquela humilde localidade.

“Irmãos e amigos, Deus enviou seu Filho Jesus Cristo para ser o Redentor da Humanidade, amor imensurável. Então, aconteceu o grande nascimento, a Natividade, a novidade de vida veio com Jesus, a única esperança de salvação para o homem.”

O ônibus chegou, o casal adentrou naquele coletivo urbano. Há um assento vago e eles se sentam. Ludovico pergunta se está tudo bem e ela responde que sim. Embora, ele percebesse nela um olhar distante, longínquo dali.

Volta seus pensamentos para os ofícios religiosos da Igreja onde morava. Na sua mente, ficou impregnada a palavra esperança dita pelo dirigente naquela ocasião. Ela verbalizou as palavras dele que se materializam em sua mente. “O nascimento de uma criança traz sempre uma grande esperança para o cristão, porque se desconhece os Planos de Deus e não se sabe o que Ele tem reservado para a humanidade por meio desse nascimento, da chegada desse novo ser.”

Josefa se sente fortalecida nesse momento. Ludovico percebe um novo semblante nela, parece iluminada, seus olhos brilham, seu rosto, antes pálido, agora está corado. Ele olha para a companheira, com grande admiração e carinho.

Ludovico também tem seus momentos de evasão no tempo e no espaço, e agora acontece um deles: “está na sua terra Natal, cursando o 8º ano e com notas sofríveis em português. Aproximando o final do ano letivo e ele muito preocupado. Porém, a professora propusera uma atividade que consistia na escolha de um poema para ser memorizado e declamado para a turma. Como ele precisava de nota, resolveu participar e fez a escolha por um poema de Natal.”

A fantasia toma conta de sua mente. Está emocionado, pois, muito em breve, vai receber o título de pai e sabia que o seu menino estava chegando. Como seria daqui para frente? Imagina. Deu asas a sua imaginação: “Meu filho, Papai Noel vai trazer um presente de Natal. Então, coloque a sua sandália atrás de porta, na véspera e no outro dia, você encontrará o seu presente.” O menino ficou radiante e ansioso. Ah, é preciso deixar a criança viver um pouco a fantasia também. Com o tempo, ela entenderá o verdadeiro sentido do Natal.

Estava só pensando naqueles bons tempos que passaram. Mesmo sendo muito tímido, Ludovico declamou um poema de Manuel Bandeira com abordagem temática da data. E foi um sucesso, neste momento ele declama para si os:

Versos de Natal

Espelho, amigo verdadeiro
Tu refletes as minhas rugas,
Os meus cabelos brancos,
Os meus olhos míopes e cansado,
Espelho, amigo verdadeiro
Mestre do realismo, exato e minucioso
Obrigado, obrigado!

Mas se fosses mágico
Penetrarias até o fundo desse homem triste,
Descobririas o menino que sustenta esse homem,
Menino que não quer morrer,
Que não morrerá senão comigo,
O menino que todos os anos na véspera de Natal

Pensa ainda em pôr os seus chinelinhos atrás da porta.

E foi sucesso total, a professora gostou muito lhe deu nota nove e assim, ele recuperou a média.

Chegam ao hospital, onde Josefa fará a última consulta antes do parto. Passam pela recepção e aguardam ansiosos a vez de entrarem no consultório para a consulta e exames. Passados alguns minutos a funcionária da recepção chama Josefa. Ela e Ludovico entram na sala do médico e este lhe faz algumas perguntas como de praxe. Ela o responde e quase terminando a consulta, o médico lhe diz que está tudo bem e agora era só aguardar o grande dia: o nascimento de Matheus. A propósito, a Bíblia registra o significado do nome Matheus – presente de Deus.

Terminada a consulta, eles se dirigem ao ponto de ônibus para retornarem a casa onde moram. Depois de percorrem quarenta minutos dentro do ônibus. Finalmente, chegam. Descem e, novamente, enfrentam a ladeira. Agora, subindo. Bem vagarosamente sobem a ladeira, passam pelas milícias, seus chefes e comandados. Ali, parecem ser todos amigos e solidários entre si.

Josefa prepara a refeição deles e se sente leve e feliz, mesmo sendo marinheira de primeira viagem, está confiante, não há tanta preocupação em relação ao parto.

Passam alguns dias, no calendário pregado à parede, Josefa olha a data e vê dia 24 de dezembro, véspera do Natal. Saudade dos familiares, amigos e vizinhos de onde morava. Mas, de repente, volta o seu pensamento para o seu filho que vai nascer, a esperança depositada nele. Pensa no Ludovico e na Comunidade e, às vezes, ela se sente insegura ali. Chega a noite. Josefa começa a sentir as dores do parto, a bolsa estourou. Ludovico, nervoso, corre para arrumar um carro e levá-la ao hospital. De imediato, um dos chefes se prontifica a levá-los. Chegando ao hospital, em poucos minutos, o bebê nasce. O parto foi muito bem-sucedido.

O chefe da Comunidade que os levou ao hospital dissera que queria conversar particular com Ludovico. Eles trocaram ideias, após o Natal. Era para ele procurar o supermercado onde o chefe havia conseguido o emprego de embalador para ele. O chefe também ficou interessado e queria saber quem era esse Deus a quem eles serviam. Aqui estava se entrelaçando um dos elos que levaria a mudanças no coração dele.

Era o milagre de Deus acontecendo no Natal!

O presente de Deus sendo recebido naquele lar e a mudança de vida para aquele chefe.

Deus nunca se esqueceu da humanidade, mesmo num meio inóspito Deus supre a necessidade daquele que tem fé. Feliz Natal!

 

Luiz Antonio Damasceno. Professor de Língua Portuguesa e Literatura aposentado. Graduado em Letras e pós-graduado, especialização em Práticas e Dinâmicas do Ensino Superior. Cachoeirense, reside atualmente em Curitiba
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