Depois de um início acelerado nas notificações de casos confirmados do novo coronavírus, Marataízes já começa a viver um quadro de estabilidade da doença no Litoral Sul do Estado. Dos 849 casos confirmados de Covid-19, 746 pacientes já se recuperaram da doença, o que representa 87,86% de recuperados.
Logo no começo da quarentena, Marataízes registrou uma explosão de casos do novo coronavírus. No dia 10 de maio, por exemplo, havia 22 pessoas internadas. Hoje, apenas 6 pacientes da cidade estão hospitalizados. Ao todo 40 pessoas morreram em decorrência da doença e os registros de novos óbitos ocorrem de forma mais lenta.
Em 17 de maio, o prefeito Tininho Batista chegou a fechar o comércio por 15 dias e a suspender obras públicas, para aumentar o isolamento social e brecar a curva de contaminação. No Mapa da Matriz de Risco do governo do Estado, a cidade chegou a integrar a zona vermelha, que é a de alto risco de contaminação pela doença. Nesta fase, o comércio só pôde operar em dias alternados.
A cidade implantou ainda barreiras sanitárias nos acessos ao município e proibiu atividades de comércio nas ruas, praias, lagoas e rios, praças ou outros locais de uso coletivo e que promovam a aglomeração de pessoas.
Desde o início da semana, Marataízes voltou para o risco moderado, o que permite à cidade abrir o comércio de segunda a sexta-feira.
Nesta entrevista, o secretário municipal de Saúde, Eraldo Duarte, fala sobre o que o município tem feito para reduzir as taxas de internação e melhorar o índice de cura, que beira os 90%.
O que Eraldo Duarte diz sobre
Covid-19 em Marataízes
Hoje no município temos 849 casos confirmados, tivemos 40 óbitos lamentáveis e 746 curados. Hoje, se a gente colocar o percentual, temos 63 pessoas infectadas no município. Dentro dessas 63, 6 estão internadas, 3 ocupam leitos de UTI e 3 ocupam leitos de enfermaria. Temos 57 pessoas sendo tratadas em casa, correspondendo aí a toda a parte epidemiológica que é acompanhada pelo município.
Profissionais capacitados
Desde quando começou a pandemia, antes dela se acentuar no nosso município, fizemos uma capacitação com nossos profissionais da saúde junto com a Secretaria de Estado da Saúde, preparamos nossas estratégias e também atenção secundária.
Mini hospital campanha
Fizemos um mini hospital campanha ao lado da UPA para tratar somente pacientes com sintomas gripais, que era o primeiro sintoma de entrada para a Covid-19. Hoje ainda permanece ali. Foi feito isso para evitar bactéria cruzada e contaminação dentro da UPA, para que outras pessoas que procurassem atendimento para outra patologia não se infectassem pela Covid-19. Graças a Deus deu certo. Nosso índice de contaminação de profissionais foi pequeno, reduzido. Tivemos a perda de um profissional de saúde.
Esse mini hospital campanha está sendo muito bom porque nós separamos as pessoas. Fizemos a UPA dividir uma enfermaria com seis leitos praticamente de UTI, porque são seis leitos de urgência e emergência, tudo isso com ventilador mecânico, com todo o monitoramento que uma UTI tem para manter esses pacientes em estado mais grave até sua transferência.
A outra parte da UPA ficou para tratar outras patologias, nos atendimentos que não podem parar para a nossa população.
Trabalho preventivo
Também fizemos um trabalho preventivo, que é o Inquérito Sorológico, acompanhado junto com o Estado, que testa uma população de acordo geograficamente pelo que é atribuído pela Sesa, pelo nosso município.
Fizemos essa testagem, testando aí também dentro da janela imunológica seus enquadramentos, fazendo também a busca ativa e o acompanhamento daquelas pessoas infectadas, aquelas pessoas que apresentavam sintomas através de relatos com os ACS (agentes comunitários de saúde) e ACE (agentes de combate de endemias), que ficaram no campo dando esse auxílio pra gente.
Esse trabalho preventivo tem funcionado muito, tanto que agora a gente está estendendo também a testagem maior para esses pacientes e também para profissionais que estão na linha de frente. Nós adquirimos testes rápidos agora, por conta municipal, para que a gente possa testar mais os nossos profissionais que estão na linha de frente de saúde, segurança pública e limpeza urbana, e aquele em si que está no dia a dia trabalhando com exposição ao risco. E também os pacientes que não têm o enquadramento dentro dos critérios do Estado.
O Estado hoje fala que é preciso ter acima de 45 anos, com algumas comorbidades e estar numa janela de oito dias de sintomas para que seja feito o teste. Isso aí a gente vai quebrar a idade e a comorbidade, vai entrar só pela janela, porque é a janela imunológica que identifica se o paciente está positivo ou negativo para evitar que dê resultado falso.
Avaliação clínica
A avaliação clínica é muito mais importante ainda que o teste, como eu sempre falo. Nela, o médico vê os sintomas que a pessoa tem, pede exame laboratorial, que é colhido na hora, que é o PCR, que vai detectar se tem um quadro infeccioso.
Caso seja detectado um quadro infeccioso, se a pessoa estiver com dificuldade respiratória, é feito um raio X para verificar se o pulmão está infiltrado ou não, se apresenta através de vidro fosco no pulmão, que é uma característica relacionada ao Covid-19. Ali entra no quadro clínico epidemiológico, considerado como caso Covid-19. Aí a testagem é só para confirmar aquela avaliação clínica que já foi feita. E isso tem mostrado um resultado muito positivo pra gente porque as pessoas têm um conceito de achar que teste resolve tudo. Não. O teste, se não tiver critério, ele vai mascarar o problema, e não vai tratar o problema.
Transparência
Graças a Deus, com esse trabalho, essa seriedade, com essa transparência e com esse profissionalismo de nossas equipes, não escondemos nenhum dado da população. Tanto que quando nós começamos a notificação, éramos o município do Estado com mais casos de infectados. Mas não era por conta do município não estar organizado, era por estar mostrando seu profissionalismo, sua transparência nos resultados. E muitos municípios não estavam mostrando. Quando falamos isso com o Estado, a Sesa apertou e os outros municípios começaram a notificar. E aí os municípios vizinhos começaram a ultrapassar os casos da gente.
Hoje estamos num cenário mais estável, as gravidades estão menores também, isso mostra que a gente está tendo um alto controle da Covid-19, mas isso não quer dizer que a doença acabou. Ela ainda permanece, mas nosso trabalho continua.