O caso das crianças resgatadas no final de semana em Marataízes e Piúma após serem mantidas em cárcere privado e em situação análoga à escravidão, foi esclarecido pelo delegado titular de Itapemirim Djalma Pereira Lemos.
Djalma diz que as investigações localizaram um Boletim Unificado (BU) registrado na 7ª Delegacia Regional de Cachoeiro de Itapemirim em 17 de junho de 2021 em que Ana Kamily Siqueira Delaposte, tia do menino de 12 anos, era acusada do sequestro e cárcere privado por Carlos Henrique Vila de Assis, 54 anos, pai das crianças.
Na Delegacia Regional de Itapemirim, para onde foram levadas as crianças, o pai do menino, Carlos Henrique o reconheceu como sendo um de seus filhos desaparecidos.
Durante depoimento, o menino revelou que outros dois menores estariam em uma casa no município de Piúma, inclusive seu irmão, que também estava desaparecido.
Os policiais foram até o lugar indicado no sábado e encontraram os menores sendo mantidos no local por uma outra suspeita, que não teve o nome divulgado.
Anderson Gouveia, secretária de Segurança de Marataízes, conta que dentro da residência foram localizadas as outras duas crianças, que também que estavam sequestradas, no trabalho escravo, porque elas eram obrigadas a vender cocadas e pedir dinheiro nos bares e semáforos de Piúma e Marataízes.
O secretário diz que essa quadrilha foi desfeita e que a mãe da terceira criança também estava no lugar, mas que a outra já tinha fugido desde aquela manhã. As três crianças foram encaminhadas para as famílias pelo Conselho Tutelar de Marataízes.
SAIBA MAIS
Carlos Henrique, pai de dois dos três meninos resgatados, registrou no BU que foi impedido de vê-los, e de ter sido enganado pela ex-esposa, de quem se separou em 2016, que dizia ter se mudado para Pernambuco com os dois meninos.
Porém, a partir de informações de um concunhado, também separado, o pai teria descoberto que os dois filhos e a ex-esposa estariam morando na casa da irmã (a tia que foi identificada e levada à delegacia na sexta com o menino de 12 anos) no bairro Aeroporto, em Cachoeiro.
Segundo o concunhado, apesar da informação de que mãe e filhos estariam no local, ele nunca as via, já que só podia conversar com o próprio filho sem entrar na casa da ex-mulher, tia dos filhos de Carlos Henrique.
No boletim, o pai revelou que os filhos vinham sendo mantidos em cárcere privado. ”Segundo a proprietária da residência e sua filha, meus filhos não saiam da casa, apenas tinham raros contatos visuais por uma janela dos fundos”, relata textualmente o pai no BU.
E disse mais: “a proprietária disse que meus filhos estão muito brancos e com cabelo grande, demonstrando que estão em cárcere e sofrendo alienação parental, pois falo com eles por mensagens ou Whatsapp, mas tenho nítida sensação que estão sob supervisão da mãe para não falarem a localização nem passar outros detalhes do que se passa”.
Além disso, prossegue o homem no BU, segundo a proprietária da kitinete, a ex-esposa teria perguntado dias antes se trocaria um cheque de R$ 13 mil, possivelmente fruto do golpe aplicado pelas sobrinhas”.